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Ben Norton

Jornalista independente e editor do Geopolitical Economy Report

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Criminosos são bem-vindos: EUA recrutam mercenários para conduzirem 'guerras irregulares' contra adversários

As forças militares dos EUA treinam e armam combatentes estrangeiros para guerras por procuração e o Pentágono não os verifica para ver se cometeram atrocidades

(Foto: Reprodução)
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Originalmente publicado no Geopolitical Economy Report em 18/5/23. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

As forças militares dos EUA recrutam combatentes estrangeiros para servirem como “procuradores” a fim de conduzirem “guerras irregulares” contra os adversários de Washington, e o Pentágono não os examina para ver se eles têm um histórico de cometimento de atrocidades, segundo os documentos desclassificados obtidos pelo New York Times.

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Estes combatentes “substitutos” são armados e treinados pelo Comando de Operações Especiais do Pentágono.

Eles são atores-chave num crescente número de “guerras nas sombras” secretas que Washington opera em todo o planeta.

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Os comandos de operações especiais dos EUA foram alocados a 154 países, ou cerca de 80% das nações da Terra, até 2020.

“Não é exigido que as forças de Operações Especiais dos EUA examinem por suas violações de direitos humanos no passado as tropas estrangeiras que eles armam e treinam como substitutos”, reportou o New York Times em 14 de maio último.

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“Os comandos estadunidenses pagam, treinam e equipam forças parceiras estrangeiras e depois os despacham para operações de matar-ou-capturar”, assinalou o jornal.

O Times revelou dois programas do Pentágono nos quais são usadas forças “substitutas”: a Seção 127e, conhecida como “127 Eco”, que recebe US$ 100 milhões por ano para treinar substitutos em “contra-terrorismo”; e a Seção 1202, a qual é alocada com US$ 15 milhões por ano para recrutar substitutos para operar “guerras irregulares”.

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Estas guerras não-convencionais “visam atrapalhar nações-estados rivais mediante operações que se aproximam muito de conflitos totalmente armados – incluindo sabotagens, hacking e campanhas de informação como propaganda”, escreveu o jornal.

Os substitutos recrutados pelas forças militares dos EUA são examinados, mas apenas para “detectar riscos de contra-inteligência e potenciais ameaças às forças estadunidenses”, e não para quaisquer “violações de direitos humanos – como estupros, tortura e assassinatos extrajudiciais”, o Times esclarece.

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O jornal explica:

As forças substitutas são uma parte crescentemente importante da política exterior dos EUA. Na última década, os EUA têm se fiado crescentemente em apoiar ou deputar forças parceiras locais em lugares como o Níger e a Somália, afastando-se da alocação de grandes contingentes de tropas estadunidenses no campo, como o fez no Iraque e no Afeganistão.Ainda que esta mudança estratégica vise reduzir o risco de baixas estadunidenses e de sofrerem contragolpes por serem vistos como ocupantes, o treinamento e armamento de forças locais cria outros perigos.

O Pentágono se recusou a revelar ao Times em quais países estes programas estão ativos. No entanto, reportagens anteriores assinalaram que as forças militares estadunidenses executaram as suas operações de guerras irregulares na Ucrânia, onde elas treinaram forças para uma possível guerra por procuração contra a Rússia, anos antes da invasão por Moscou em 2020.

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Dada a sua própria natureza, o Comando de operações Especiais dos EUA (SOCOM) tem sido notório por manter em segredo as suas atividades em todo o mundo.

O jornalista investigativo Nick Turse reportou que as forças de operações especiais dos EUA estavam ativas em 154 países em 2020, cobrindo aproximadamente 80% do planeta.

Numa estória de 2021 no The Intercept, Turse escreveu:

O Comando de Operações Especiais dos EUA cresceu exponencialmente nos últimos 20 anos. O “financiamento específico para operações especiais” atingiu um total de US$ 3,1 bilhões em 2001, comparados com os US$ 13,1 bilhões de agora. Antes de 11 de setembro de 2001 [ataques às torres-gêmeas de NY], havia cerca de 43.000 soldados nas forças de operações especiais. Atualmente, há 74.000 militares e civis no comando. Há duas décadas, foram alocados em média 2.900 comandos no exterior a cada semana. Este número agora chega a 4.500, segundo o porta-voz do SOCOM, Ken McGraw.À medida que o alcance do comando crescia, o mesmo ocorria com as baixas nos comandos estadunidenses. Porquanto as forças de operações especiais perfazem apenas 3% do pessoal militar estadunidense, eles absorveram mais de 40% das baixas – especialmente em conflitos no Grande Oriente Médio.

As campanhas de guerras irregulares do SOCOM foram previamente reconhecidas em reportagens do Yahoo News.

“No último mês da sua presidência, Donald Trump assinou partes-chave de uma extensiva campanha secreta do Pentágono para conduzir operações de sabotagem, propaganda e outras outras ações psicológicas e de informação no Irã”, escreveu o correspondente de mídias de segurança nacional Zach Dorfman, num artigo de 2021 sobre as “guerras nas sombras” de Washington.

Antigos altos funcionários estadunidenses descreveram a operação como uma “guerra irregular”, a qual incluía “um pacote de 200 páginas de opções, envolvendo 'coisas que fariam com que os iranianos duvidassem do seu controle do país"'.

Dorfman é muito amigo das agências de espionagem dos EUA. No Yahoo News, ele também revelou operações similares de guerra irregular visando a Rússia, mas estas foram executadas pela CIA.

“A CIA está supervisionando um intensivo programa secreto de treinamento nos EUA para as forças de elite de operações especiais ucranianas e outros efetivos de inteligência”, ele revelou numa reportagem publicada em janeiro de 2022 – um mês antes da Rússia invadir a Ucrânia.

Este programa da CIA de treinamento de paramilitares ucranianos no sul dos EUA foi iniciado em 2015, Dorfman revelou.

Em março de 2022, um mês depois que Moscou invadiu a Ucrânia, o Yahoo News revelou que a CIA tinha outro programa de treinamento de forças de elite ucranianas dentro do seu país. Aquela iniciativa da CIA foi iniciada em 2014.

No entanto, estas operações foram supervisionadas pela CIA. O que é singular sobre a reportagem de maio de 2023 do New York Times é que esta lança luz sobre programas similares nos quais as forças militares dos EUA arma e treina forças de procuração no estrangeiro.

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