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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Crítica a Mourão mostra que elite confia na Lava Jato para barrar Lula

"Ao tomar distância do general Mourão e do  comandante do Exército Villas Bôas o patamar de cima da sociedade brasileira mostrou que ainda confia na Justiça da Lava Jato para resolver seu problema político real, que é barrar o retorno de Lula em 2018", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "É isso e apenas isso. Depois de assegurar um imenso pacote de contra-reformas no bolso, os donos do golpismo de coalizão jogam na defensiva, de quem espera o tempo passar. Tudo estaria bem se não fosse o calendário eleitoral, que pode mudar a relação de forças em benefício da resistência popular"

"Ao tomar distância do general Mourão e do  comandante do Exército Villas Bôas o patamar de cima da sociedade brasileira mostrou que ainda confia na Justiça da Lava Jato para resolver seu problema político real, que é barrar o retorno de Lula em 2018", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "É isso e apenas isso. Depois de assegurar um imenso pacote de contra-reformas no bolso, os donos do golpismo de coalizão jogam na defensiva, de quem espera o tempo passar. Tudo estaria bem se não fosse o calendário eleitoral, que pode mudar a relação de forças em benefício da resistência popular" (Foto: Paulo Moreira Leite)
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          A impunidade garantida ao logaritmo golpista do general Mourão confirmou uma verdade que  pode ser resumida a uma imagem antiga mas adequada:  a democracia brasileira encontra-se reduzida a uma camada de gelo sobre um oceano revolto habitado por tubarões, baleias assassinas e outras famílias de monstros marinhos.

           O tratamento benigno que a palestra de Mourão – na prática, a confissão de um crime – recebeu por parte do Comandante-em-Chefe das Forças Armadas (Michel Temer),  do ministro da Defesa (Raul Jungman) e de seu superior imediato (General Villas Boas) deixa claro que a opção por uma ditadura escancarada já faz parte dos planos de trabalho de quem organizou o golpe de maio-agosto de 2016. Não é uma simples receita de bolo, como esclareceu Mourão. Mas é um processo. Por essa razão, seu porta-voz não deve ser punido nem sacrificado.      

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           Sempre de modo suave, Mourão foi criticado pelo que fez. O general Villas Boas, teria responsabilidade ainda maior no caso, pelo que deixou de fazer. Pouco se falou sobre os demais responsáveis. Com a popularidade em 5%, em luta permanente pela sobrevivência diante de denúncias de corrupção, não se espera que  Temer ou Jungmann tenham alguma capacidade de reação num caso como este depois que passaram a utilizar tropas do Exército em coreografias destinadas a exibir uma autoridade que diminui dia após dia. 

          A crítica aos dois oficiais foi a reação típica de quem – neste momento – quer ficar distante de uma intervenção militar direta mas não chega ao ponto de romper relações. Serviu para mostrar que o patamar de cima da pirâmide social brasileira ainda confia na Justiça de Sergio Moro e da Lava Jato para resolver seus problemas políticos reais, que dizem respeito às urnas de 2018.

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         Confia no TRF-4 para tirar Lula da disputa sem sujar as mãos mais uma vez, como em 64. Acredita que, empregada como arma política, a Justiça irá fazer o serviço indispensável para garantir uma eleição sob encomenda, com a exclusão do adversário que, de seu ponto de vista, não deve concorrer – embora seja o mais votado em todas as pesquisas de opinião. 

         Confia na atuação cruel e implacável da mídia grande para ajudar no cerco a qualquer resistência.

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      É isso e apenas isso. Mostrou-se tolerância com um a ruptura democrática em profundidade, que não pode ser tolerada em nenhuma hipótese pois golpe militar não é alternativa a nada nem a ninguém. Nem a Temer nem a Rodrigo Maia. Nem a Carmen Lúcia. É o mergulho no abismo.  

      Em posição de mando em cada instância do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário – sem oposição nem contrapeso em nenhuma instância significativa, o único receio dos patrões do golpe é que o eleitorado tenha capacidade de modificar a relação de forças em 2018 e utilize Lula como instrumento de mudança.

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      Depois de receber um imenso pacote de contrarreformas no bolso, inimaginável em qualquer época da história brasileira, os donos do golpismo de coalizão compreenderam que é preciso jogar na  defensiva. Conseguiram uma vitória histórica, impensável. Mesmo que tenham que esquecer a reforma da Previdência, cada vez mais comprometida pela imensa resistência popular, o ganho está muito melhor do que a encomenda.

     Na prática, os vencedores de maio-agosto de 2016 têm até dificuldade para compreender e administrar a selvageria excessiva do capitalismo que está sendo criado no país. O risco de uma economia disfuncional está à vista de todos.

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     A posição é a do time que está ganhando e só precisa esperar o tempo passar. Tudo estaria bem se não fosse a incerteza inerente à democracia e seu calendário eleitoral.  

        “Amas a incerteza e serás um democrata”, ensina Adam Prezworsky, pensador polonês que aprendeu as lições necessárias do nazismo e do stalinismo.

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       Incerteza, aqui, envolve riscos de permitir que o povo faça sua escolha – e essa ameaça não faz parte do cálculo de quem decidiu explorar a 8ª. Economia do mundo.     

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