Cruzeiro da Penha
Poesia
Não é um, é muito, é de porção
[ - tudo morto espalhado pelo chão!
É na Vacaria, na praça, descoberto,
[ tudo estendido pelo chão!
Um monte de parça boquiaberto,
É procissão de motoboy na escuridão,
É procissão de motoboy na mata,
[ - catando corpos no valão!
É procissão de motoboy tudo de jaqueta,
[ Blusão!
Marcando passo,
Com Renan no som!
Facada no pescoço,
Lama de sangue,
Rolando pela vala,
[ É balaço,E a procissão de motoboy
Catando corpos pelo chão!
Os homens chegaram no esculacho,
[Para dar a geral!
Lá no alto a Santa só olhando a chacina,
[Rotina geral!
Já não tem choro nem carpina,
É vida, é a vida!
Hoje a entrega de fritas atrasou,
A pizza esfriou!
A gorjeta falhou,
Chacina,
Matança,
Massacre,
“Limpeza”,
“Operação”,
“Dispositivo”!
Hoje a garotada de blusão,
Empina a moto para a trilha da mata,
E aê cara! São os tios e os parças,
Mortos, largados, na mata,
[ no fundo do valão!
Lá no alto a Santa só olhando a chacina,
[Rotina geral!
Cara sinistro, misturado com sangue bom!
Ninguém está nem aí,
Um monte sete meiota, a metralha dá o tom!
Penha/Cruzeiro/Alemão/Esperança/o Adeus/Via Crucis/Vida Crucis/Vila Crucis
[Vida curta!
[ AK-47
AR-10
M-16
Valia milhão, os homem tudo passou a mão!
Os mortos lá na mata largados todos tortos,
[ não tem cena não,
É procissão de motoboy na mata,
[ que cata corpo do irmão,
[ - Foi a polícia que matou!
Na rotina de quem sabe dos caminhos,
As mulheres vão na frente, batendo nos peitos,
[Arrancando os cabelos,
Carpina antevendo nas noites os vazios,
[Os vazios,
De filho, de pai, de amante, de valentão!
Furando os olhos com o pó da terra,
Os mortos chacinados largados fuzilados furados,
[Homens filhos irmãos
Os mortos lá na mata largados todos tortos:
Via Crucis
Vila Crucis
Cruzeiro
Penha
É Pedra
É Pau
É Pica!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

