Cúpula do BRICS 2025: Pioneirismo em uma nova era para promover uma comunidade global de saúde para todos
Expansão do bloco eleva peso político e cria novas oportunidades para parcerias em pesquisa, produção e acesso a medicamentos
A próxima cúpula do BRICS de 2025, no Rio de Janeiro, marca um ponto de virada histórico para o bloco, com a entrada do Vietnã no âmbito ampliado da parceria “11+10”. Essa coalizão mais ampla — que agora representa quase metade da população mundial, um terço da produção econômica global e mais de 50% do crescimento econômico — detém um potencial sem precedentes para redefinir a governança global, em especial na área da saúde.
Lacunas sistêmicas exigem soluções sistêmicas
A cooperação em saúde global figura entre as seis principais prioridades da cúpula, evidenciando a necessidade urgente de enfrentar desigualdades estruturais expostas pela COVID-19. A pandemia revelou falhas gritantes, principalmente na distribuição de vacinas.
Um documento das Nações Unidas mostra que, até meados de 2022, a taxa de vacinação na África havia estagnado em apenas 4,1%, enquanto países de alta renda acumulavam doses por meio de compras premium. Hoje, em meio a tensões geopolíticas — desde o conflito Rússia-Ucrânia até crises no Oriente Médio — o mundo já não pode mais tolerar respostas tardias.
Da visão à ação: o BRICS impulsiona a inovação
Na Terceira Reunião dos Sherpas do BRICS, em 30 de junho, os membros propuseram medidas transformadoras, incluindo uma “parceria para eliminação de doenças socialmente determinadas” como forma de combater desigualdades em saúde vinculadas à pobreza.
Lacunas regulatórias na saúde mediada por inteligência artificial também foram identificadas como uma área prioritária para o estabelecimento conjunto de padrões, ressaltando o compromisso do BRICS com uma colaboração orientada para o futuro.
O papel da China: além da ajuda, a cooperação sistêmica
Como a maior economia do BRICS, a China passou de uma política de auxílio unilateral em vacinas para a construção de parcerias sistêmicas — uma mudança ilustrada por sua cooperação com o Brasil.
Desde 2018, o Instituto Fiocruz do Brasil tem trabalhado de forma estreita com parceiros chineses na promoção de um Centro de Pesquisa e Prevenção de Doenças Infecciosas, além do avanço de pesquisas conjuntas, transferências de tecnologia e intercâmbios acadêmicos.
Em 2019, a Fiocruz integrou tecnologia de ponta em sequenciamento genômico, fornecida pela gigante chinesa BGI Genomics, treinando especialistas brasileiros para fortalecer a capacidade local de resposta a pandemias.
Uma iniciativa paralela com o Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac, lançada em junho de 2020, mostrou-se igualmente transformadora. Essa cooperação, que envolveu etapas críticas como ensaios clínicos de Fase III de vacinas contra a COVID-19, licenciamento de tecnologia, autorização de mercado e comercialização — representa uma ruptura com a monopolização tecnológica praticada por algumas farmacêuticas ocidentais.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a transferência de tecnologia da Sinovac teve início em 2021. Essa decisão não apenas permitiu a produção doméstica de vacinas, mas também ofereceu um modelo replicável para capacitar outros países em desenvolvimento.
Essas iniciativas materializam o apelo do presidente Xi Jinping por uma “comunidade global de saúde para todos”.
Um novo paradigma para a saúde global
O BRICS está redefinindo a governança em saúde ao promover inclusão, equidade tecnológica e cooperação Sul-Sul. Essa coalizão acelera uma mudança transformadora, demonstrando que soluções sustentáveis não surgem da divisão, mas sim da ação coletiva que preenche lacunas e alinha prioridades.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

