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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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D. Pedro I, ladrão-geral do Império

Um jornal do Rio de Janeiro chamado “A Luzitania Triunfante”, cuja epígrafe é uma estrofe de Ovídio - “avante cidadãos; saibam soberanos que a resistência a liberdade alcança; que o povo pode destronar tiranos" - publicou a 6/12/1833 um perfil de D. Pedro I que em nada lembra o herói que proclamara a independência a 7/9/1822 e, em vários aspectos, remete a Temer, também acusado de ser traidor da pátria, déspota e usurpador dos cofres públicos; leia o artigo de Alex Solnik

Um jornal do Rio de Janeiro chamado “A Luzitania Triunfante”, cuja epígrafe é uma estrofe de Ovídio - “avante cidadãos; saibam soberanos que a resistência a liberdade alcança; que o povo pode destronar tiranos" - publicou a 6/12/1833 um perfil de D. Pedro I que em nada lembra o herói que proclamara a independência a 7/9/1822 e, em vários aspectos, remete a Temer, também acusado de ser traidor da pátria, déspota e usurpador dos cofres públicos; leia o artigo de Alex Solnik (Foto: Alex Solnik)
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Um jornal do Rio de Janeiro chamado “A Luzitania Triunfante”, cuja epígrafe é uma estrofe de Ovídio - “avante cidadãos; saibam soberanos que a resistência a liberdade alcança; que o povo pode destronar tiranos" - publicou a 6/12/1833 um perfil de D. Pedro I que em nada lembra o herói que proclamara a independência a 7/9/1822 e, em vários aspectos, remete a Temer, também acusado de ser traidor da pátria, déspota e usurpador dos cofres públicos - 56 anos antes da proclamação da República e há  exatamente 184 anos.

   Assinado apenas pelo “Redator da L. Triunfante”, o texto detona o movimento que se organizava na época pela sua volta ao trono brasileiro depois da abdicação a 7/4/1831.

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    “D. Pedro tão malvado desde a sua maior infância, em nada desmentiu a raça dos autores de seus dias e da sua educação. Educado entre os brasileiros, qual foi o amor, qual o testemunho de gratidão que esse monstro nos deu ainda depois de ter sido aclamado nosso imperador?! Título que ele almejava e que contentíssimo aceitou porque era seu fito rechear-se de riquezas à custa dos bens da nação e depois desempenhar o plano que havia combinado com seu pai. E que plano era esse? O de destruir a liberdade dos povos de ambos os mundos; mas como D. Pedro visse depois que não poderia levar suas intenções a efeito sem o sacrifício da desmembração do Brasil, que ele sempre reputou fictícia; e como receasse a possibilidade de perder a coroa portuguesa, esta bela porção de sua possessão e já então seu espírito estivesse de todo possuído da ideia de governar, insinuou seus desejos e sobretudo se decidiu a partilhar a sorte deste povo; quando as cortes lusitanas, mais previdentes que as brasileiras quiseram que esse moço fosse viajar à Europa. D. Pedro, pois decidido a ficar-se com o Brasil em desempenho do conselho de seu pai ergueu o grito de Independência e pretende sustenta-la causando dum modo bárbaro e repreensível a um príncipe português, a perseguição a seus patrícios, açulando-lhes a canalha a quem ele mesmo inspirava sentimentos de vingança. Todavia, a perseguição que esse déspota fazia aos liberais, especialmente brasileiros, era mais sistemática e cruel, porque depois de os prender e deportar, fazia processá-los e sentenciá-los em sua ausência por magistrados de sua escolha, lusitanos sempre, porque a maior parte deles era desses ricos morgados que têm vindo de Portugal ao Brasil para aprenderem a conhecer sobras de suas despesas e a terem que entesourar. E ainda há brasileiros tão indignos que se compadeçam de D.Pedro 1º.? E que para seu maior desprezo o querem para reger nossos destinos? Querem a D. Pedro, cuja vida tem sido um tecido de traições e todos os mais crimes? Traidor a seus amigos quando abusava da fraqueza de suas famílias; traidor aos amigos que o aclamaram imperador, como irmãos, quando os deportou sem ao menos dar-lhes tempo de refazerem-se do necessário para a vida em longínquos e desconhecidos climas; traidor à sua pátria nativa, a quem difamou, arrenegou para sempre e fez guerra cruel; traidor enfim do Brasil por ter querido reinar nele despótica e absolutamente e por tê-lo enchido de forças estrangeiras que dissipavam uma boa parte da riqueza nacional. Além de ter muito acintemente empregados em todas as repartições públicas a quanto miserável esfomeado português se lhe apresentava como se o Brasil ainda fosse colônia de Portugal! E há também brasileiros que na vida particular de D. Pedro não acham crimes horríveis? Vejamos se também as notícias que os fâmulos de D. Pedro já desde há muito transmitiam provam a melhor conduta, algum princípio e mora nesse príncipe! D. Pedro (dizem os velhos cortesãos, e os criados antigos do Paço) possuído de paixão criminosa por uma irmã, que não consentia em ser-lhe favorável teve o arrojo de cobrir de injúrias a essa irmã e de apresentar-lhe uma pistolana Quinta do Macaco, com que a assassinaria se ela não tivesse o desembaraço de tomar também a sua espingarda de caça e ameaça-lo com ela! D. Pedro, por gênio e por conselho de sua mãe, associados com Breyner tentou contra a vida de seu pai! D. Pedro servido por uma corja de assassinos e cheio de paixão por uma mulher casada, com quem vivia publicamente concubinado assassinou a sua esposa, a virtuosa Imperatriz Leopoldina! D. Pedro... e para que mais fatos se estes acusam de sobejo o monstro de fratricídio, parricídio, conjuguicídio e adultério! Se se quiser descrever um ladrão, quem deixaria de servir-se das notícias que há a respeito de D. Pedro? Ah! D. Pedro é um composto só de crimes; e há quem o abone ainda? No momento em que D. Pedro for corrido de Portugal ele não hesitará em apresentar-se-vos! Se contar com a influência que por mofina ainda consentia a seus escravos, entre vós, sustentando por maior desgraça vossa, à custa do tesouro público a uma grande parte deles o aventureiro demandar-vos-há armado; mas se fordes previdentes em descartar-vos como é mister a vosso bem ser e urgente à segurança de vossa liberdade independência essa corja infame de parasitas, de envolta com “negociantes de côvado” e quartilho, o traidor, o fementido, esfaimado lobo vos procurará coberto com peles de cordeiro! D. Pedro, esse Quixote Duque de Bragança ainda é o mesmo homem a quem nem a idade nem a experiência no mundo, nem as próprias desgraças têm pódio corrigir! Perjuro, insano, ingrato, ambicioso, pérfido e traidor sempre será destituído de todo o verniz da probidade e por isso será sempre mais indigno de crédito e de reputação do que o poderá ser o mais vilão dos seus sequazes! Faltam aos aventureiros e aos velhacos motivos para intentarem questões e sustentarem o seu direito à posse do alheio? Não! Eis o caso em que está o duque de Bragança. Já deu começo à questão exigindo dotação para sua esposa ; e logo exigirá o reconhecimento de sua filha e conseguido ele, uma dotação inerente à categoria de princesa do Brasil? Os militares patifes, os chumbos, o Senado? Os desembargadores? Quem se lhe oporá? Ah! Brasil desgraçada é a condição de teus filhos!

O redator da L. Triunfante 

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