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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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Da tragédia de 1954 ao golpe de 1961

Juscelino legou a Jânio Quadros um país com problemas econômicos graves

Juscelino Kubistchek (Foto: Memorial JK)
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Introdução - Já escrevi aqui que quando eu nasci o Presidente era João Goulart (PTB), eleito e reeleito vice-presidente do Brasil, com mais votos que Juscelino Kubitschek (PSD) e Jânio Quadros (UDN).

Jango assumiu a presidência após a renúncia de Jânio e sofreu dois golpes, o primeiro em 1961, de natureza militar-parlamentar, pois, sem consultar o povo, implantou-se no país um sistema parlamentarista e o segundo golpe, em 1º de abril de 1964, que o apeou da presidência e o condenou ao exílio.

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Jango foi também vítima de campanha incansável do IBAD e do IPES; campanhas que convenceram a opinião pública que Jango era comunista e que o Brasil “ia virar uma Cuba”.

No artigo anterior pude compartilhar com o leitor a busca vã de Jango por apoio no meio militar nos dias 1º e 2 de abril de 1964.

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A ESG - Os conspiradores e golpistas de 1961 e de 1964 sustentavam ideias anticomunistas desenvolvidas na ESG (Escola Superior de Guerra), segundo o modelo do National War College dos EUA. A ESG era um centro influente de estudos políticos, oferecia cursos que eram frequentados por civis e militares.

A doutrina difundida na ESG instrumentalizava como verdade e certeza a “teoria da guerra interna”, introduzida no Brasil por influência da revolução cubana; por essa teoria a ameaça ao país não era externa, mas dos sindicatos “dominados pelos comunistas”, dos intelectuais, das organizações dos trabalhadores rurais, de parte do clero, dos estudantes e dos professores universitários (a ESG afirmava que cada uma dessas categorias e organizações deveria ser “neutralizada ou extirpada através de ações decisivas”, pois, “representavam séria ameaça para o país”, como escreveu Thomas Skidmore, famoso brasilianista, no seu “Brasil, de Castelo a Tancredo”).

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Essa forma de pensar, radicalmente anticomunista, já havia vitimado Getúlio Vargas (PTB) em 1954, que suicidou-se em razão de conspiração civil militar semelhante a de 1964 e de campanha de destruição de reputações.

A tragédia de 1954 - Os fatos de 1954, que levaram ao suicídio de Vargas e os de 1964, que levaram ao golpe e em seguida à ditadura militar, merecem muito estudo, pois o método, o conteúdo substantivo, as narrativas, o apelo emocional são muito parecidos entre si e com o golpe tentado em 2022.

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Vejamos.

A presidência de Getúlio, de 1951 a 1954, foi marcada por enorme polarização política.

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Quando voltou à presidência Getúlio tentou retomar o desenvolvimento através de um plano de investimentos públicos, o que não foi possível em razão da queda do preço da nossa principal commodity na época, pela inflação e, dentre outras tantas dificuldades, ainda enfrentou uma conspiração militar e oposição daqueles que se opunham ao aumento do salário-mínimo e ao monopólio do Petróleo; ao lado de Getúlio estava o trabalhismo do PTB - que nunca foi comunista, mas inspirava-se nos partidos social-democratas europeus – e o sindicalismo.

Além dos problemas econômicos, a figura carismática de Getúlio, o seu excessivo e indesejado personalismo e a fluidez ideológica, não o ajudavam, sendo terra fértil para a oposição.

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Os fatos são mais complexos do que descrevo acima.

A era JK - Depois da morte de Getúlio, ocorreu uma confusão, o país teve três presidentes até a eleição e posse de Juscelino em 31 de janeiro de 1956, eleito pelo partido centrista PSD (uma posse que também correu riscos de ser vetada pelos militares).

Seu governo é lembrado pelo rápido crescimento econômico; pela construção de Brasília; pela criação a SUDENE; pela ausência de debate ideológico; pelo apoio à industrialização; pela chegada do capital estrangeiro, através da indústria automobilística; pelo rompimento com o FMI (o que encheu de razão a UDN, sempre entreguista).

A vassoura anticorrupção venceu em 1960 - Juscelino legou a Jânio Quadros um país campeão do mundo no futebol, mas com problemas econômicos graves.

Jânio foi eleito com o apoio da direitista e entreguista UDN e sem nenhum projeto sério; a bandeira do combate à corrupção e sua vassourinha não bastaram para governar um país com tantas necessidades e complexidades.

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