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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Dallagnol e Moro estão acima da lei?

"Dallagnol e Moro, na verdade, se julgavam deuses, acima da lei, acreditando-se com autoridade maior do que a da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal Federal, do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público", afirma o colunista Ribamar Fonseca. "Agora só falta afastá-los dos cargos que ocupam e prendê-los. Por que tanta demora para que eles sejam punidos?"

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O procurador Deltan Dallagnol, que promoveu o vergonhoso espetáculo do power point para incriminar Lula, é muito mais perigoso do que todos pensavam. Além de louco por dinheiro, faceta da sua estranha personalidade que ficou conhecida após a divulgação dos diálogos secretos, o The Intercept revelou também que ele é conspirador, controlador, perseguidor, manipulador e ativista, o par perfeito para Sergio Moro, com quem comandava a Lava-Jato como deuses. Na verdade, segundo o The Intercept, eles montaram uma verdadeira quadrilha, com a participação inclusive do hoje presidente do Coaf, Roberto Leonel, quebrando sigilos fiscais ilegal e informalmente, sem autorização judicial, sobretudo de pessoas ligadas ao ex-presidente Lula, um crime pelo qual já deveriam ter sido presos.   Batman e Robin do mal, a dupla dinâmica que enganou todo mundo como combatentes da corrupção, ao contrário dos super-heróis do cinema eles tramavam para prejudicar quem caísse em suas garras, conspirando até contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Mostraram-se alpinistas do poder, atropelando em sua escalada, além da própria Constituição, quem atravessasse o seu caminho, usando a Lava-Jato para a conquista de vantagens pessoais: Moro queria uma cadeira na Suprema Corte e Dallagnol a Procuradoria Geral da República. Sua ambição política, porém, incluía a Presidência da República, que se tornou um sonho impossível após a revelação de suas tramoias, sobretudo para tirar o ex-presidente Lula das eleições e garantir a vitória do capitão Bolsonaro. A máscara de ambos foi arrancada pelo jornalista Glenn Greenwald.

As mais recentes divulgações do The Intercept revelaram que Dallagnol mobilizou seus colegas procuradores, a mídia, movimentos sociais e até ministros do Supremo para influenciar na escolha do substituto do ministro Teori Zavasck, morto em acidente aéreo não muito bem esclarecido, na relatoria da Lava-Jato naquela Corte. O procurador queria o ministro Roberto Barroso, da sua total confiança, com quem mantinha laços estreitos, mas o escolhido foi o ministro Edson Fachin, também do agrado deles. Lembram-se quando ele comemorou o resultado de uma conversa com o ministro dizendo que “o Fachin é nosso?” Na verdade, Dallagnol se revelou envolvente, cooptando para o sucesso dos seus objetivos, além de Fachin e Barroso, também o ministro Luiz Fux, que impediu Lula de dar entrevistas, curvando-se às pressões dos lavajateiros. Eles temiam que uma entrevista do ex-presidente pudesse influenciar o eleitorado e impedir a eleição de Bolsonaro. A participação deles no processo eleitoral ficou bastante clara quando Sergio Moro abandonou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça do capitão-presidente, como recompensa por sua decisiva contribuição para a sua eleição. Hoje, sem máscara, o ex-juiz virou papagaio de pirata de Bolsonaro, dividindo o lugar com o general Heleno, mas isso não garante a sua permanência no governo, pois o seu desgaste ameaça comprometer mais ainda o já desgastado Presidente, cuja verborragia e ações de ódio estão destruindo o país.  

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Dallagnol e Moro, na verdade, se julgavam deuses, acima da lei, acreditando-se com autoridade maior do que a da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal Federal, do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, os quais, por alguma razão intimidados, nunca tiveram coragem para puni-los, arquivando todas as ações contra eles. Fortalecidos pela excepcional cobertura da mídia, cometeram todo tipo de abusos, numa dobradinha do mal que quebrou grandes empresas, desempregou milhares de trabalhadores e destruiu muitas vidas. Viraram super-heróis, aplaudidos por onde passavam e ganharam muito dinheiro fazendo palestras como paladinos da Justiça. Chegaram, inclusive, a planejar a criação de uma organização para administrar 2 bilhões e meio de reais, produto de uma multa aplicada à Petrobrás, supostamente destinada a combater a corrupção. O Supremo, num momento de lucidez, colocou areia no negócio. E a dupla dinâmica, desmascarada pelo The Intercept, começa a colher o que plantou ao longo desses anos, graças à revelação de suas ações criminosas. Os “paladinos do combate à corrupção”, entre outras coisas, deixaram de investigar o ministro chefe da Casa Civil da Presidência, Onyx Lorenzony, mesmo sabendo do seu envolvimento com a corrupção. “Achei melhor fingir que não sabia”, disse Dallagnol, certamente para evitar problemas com o novo Presidente. E Moro aconselhou o parceiro a não apreender os celulares de Eduardo Cunha, preso por inservível após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, provavelmente para impedir que o país tomasse conhecimento dos verdadeiros autores do golpe de 2016. 

A Vaza-Jato, que mantém todos em suspense com novas revelações todos os dias, divulgou mais recentemente que Dallagnol sabia das ligações de Moro com Bolsonaro antes mesmo do segundo turno das eleições, tendo mobilizado muita gente, até ministros do Supremo e senadores, para emplacar o procurador Aras, seu amigo, na Procuradoria Geral da República, em substituição a Raquel Dodge. Dallagnol, além de hábil caçador de dinheiro com suas palestras, se revelou um perigoso articulador e manipulador, buscando interferir no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Além dos ministros Edson Fachin e Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, também manipulou alguns senadores, entre eles Randolfe Rodrigues, da Rede, para atingir seus objetivos. Sem escrúpulos, ele mobilizava movimentos sociais, como o Vem pra Rua, e a mídia, com vazamentos seletivos destinados a produzir os efeitos que desejava. Junto com Moro, formou um poder paralelo que, não há dúvida, interferiu em vários acontecimentos ao longo do funcionamento da Lava-Jato. Não respeitavam ninguém, com poderes que intimidavam até os tribunais superiores. Foi preciso que o The Intercept revelasse seus diálogos secretos para que o país tomasse conhecimento da verdadeira cara dos seus heróis. Desmascarados, eles começam a colher os frutos do que plantaram, mas ainda não sofreram a punição que merecem pelos crimes cometidos e pelos males que causaram ao Brasil. Na realidade, ninguém sabe porque até agora não foram punidos. Para condenar e prender Lula bastaram notícias de jornais e delações forçadas, mas apesar de tudo o que foi revelado sobre Moro e Dallagnol eles continuam intocados. Será que estão acima da lei?  

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De qualquer modo, essa situação não deverá perdurar por muito tempo, pois a Câmara acaba de aprovar a lei contra o abuso de autoridade, que vai por um freio nos espetáculos promovidos por magistrados e procuradores que buscam a mesma fama de Moro e Dallagnol. Se essa lei já tivesse sido aprovada há mais tempo, certamente a Lava-Jato não teria feito tanto estrago na economia, com a quebra de grandes empresas, e o desemprego de milhares de trabalhadores. Após a aprovação da lei, os dois começaram a se mobilizar, não apenas distribuindo notas, mas estimulando entidades de classe de magistrados e procuradores, contra a sua vigência, alegando, entre outras coisas, que ela vai inibir a ação da Justiça. Disseram, ainda, que já existe leis e mecanismos para punir possíveis abusos de autoridade, não havendo necessidade de nova lei. Na verdade, existem, mas não funcionam ou funcionam corporativamente, pois sempre arquivam as ações contra eles. Ainda recentemente a ministra Carmen Lucia, atendendo pedido da PGR Raquel Dodge, arquivou uma ação contra Moro. Para entrar em vigor a nova lei, evidentemente, precisa ainda da sanção do Presidente da República, mas se houver vetos o próprio Congresso, se quiser, pode derrubá-los. Já foi um grande passo, porém, para inibir a ação de quem usa o poder para perseguir, como foi o caso de Moro e Dallagnol. Agora só falta afastá-los dos cargos que ocupam e prendê-los. Por que tanta demora para que eles sejam punidos?

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