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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Dallagnol foi a primeira vítima de Sergio Moro

O ex-procurador e ex-deputado deve fazer o que ensinava aos réus da Lava-Jato: aceitar que Moro era seu chefe e dizer o que ele fazia em Curitiba

Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)
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Deltan Dallagnol, sem mandato e sem suporte político, está apenas na porta do inferno. Sabe que não chegou nem à sala de espera. Sabe que Sergio Moro foi quem o levou a cometer delitos graves em Curitiba e a perder o mandato de deputado.

Sem Sergio Moro e sem o lavajatismo, é provável que Dallagnol fosse apenas um procurador da República interessado e prestativo. E talvez não tivesse cometido nenhum dos desmandos dos quais é acusado, entre esses o de registar uma candidatura para escapar de investigações.

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Dallagnol tinha 34 anos em 2014, quando a força-tarefa da Lava-Jato foi criada para caçar Lula. Encarregaram um calouro para cercar, acusar, ajudar a condenar, encarcerar e tirar da eleição o favorito para vencê-la.

Sem idade para ter uma história no MP, mas apto para o trabalho que a ele foi confiado, deveria ajudar a tirar do jogo da política a maior figura pública do país pós-ditadura. Um procurador jovem e impetuoso dedica-se à caçada a Lula e, paralelamente, ao projeto de ficar rico fazendo palestras.

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Vira herói de um filme, é aplaudido pela direita nas ruas e em palestras, planeja criar uma fundação com R$ 2,5 bilhões da Petrobras. E acaba envolvido em todo tipo de arbitrariedade que talvez não tivesse cometido se não estivesse sob a liderança incondicional de Sergio Moro.

Dallagnol é uma invenção de Sergio Moro, que o transforma em seu subalterno por pelo menos cinco anos, como mostram suas atitudes e as conversas da Vaza Jato. O juiz mandava no procurador. MP e Judiciário se misturaram com promiscuidade, com o argumento de que sempre foi assim.

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Dallagnol relacionava-se com Moro com obediência, reverência e idolatria. Na hierarquia que eles inventaram em Curitiba, o juiz era o chefe de todos. Não são indícios de conluio, são provas de que passaram dos limites do que seria razoável numa relação entre quem investiga e acusa e quem vai depois julgar. E assim Dallagnol se transformou na maior atrofia funcional do poder do MP, conquistado a partir da operação Banestado, que marca a estreia de Moro.

Esses dias, ao ser informado de que deveria depor na Polícia Federal (o depoimento foi adiado para segunda-feira), o ex-deputado disse que não sabia qual era o caso sob investigação e por isso não podia antecipar o que diria aos policiais. Era o mesmo sentimento dos investigados, encarcerados e submetidos a prisões preventivas intermináveis em Curitiba. Muitos não sabiam direito qual era a acusação.

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O advogado Tacla Duran, o empreiteiro Emílio Odebrecht e agora o empresário Tony Garcia denunciaram os horrores da masmorra de Curitiba, onde tudo era possível.

A imprensa aplaudia os métodos de Dallagnol e Moro, em nome da caçada aos corruptos, porque a Guantánamo da Lava-Jato, assim definida por Garcia, dependia de Globo, Folha e Estadão para existir. Dallagnol esteve a serviço dessa estrutura, com participação ativa dos americanos, sempre sob o comando de Moro. O procurador foi escolhido por ser impulsivo e competitivo. Era o perfil adequado para a tutela de Moro. E o juiz explorou sua imaturidade para orientar as ações do MP.

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Na tentativa de escapar do cerco que agora se inverte e se fecha em torno dele, Dallagnol não pode fugir da verdade. Ele tinha um chefe em Curitiba. Deve seguir a linha de toda a investigação, que no lavajatismo se transformou em prática arbitrária. Dallagnol precisa saber que a busca pela reparação passa pela identificação dos chefes. Seu chefe era Sergio Moro, de forma torta, enviesada, ilícita, mas era. Dallagnol precisa fazer o que ensinou aos réus da Lava-Jato.

Sergio Moro não tinha apenas o domínio do fato, ele criava o fato, o fato só existia por intervenção direta do ex-juiz. E Dallagnol era o seu ajudante. Ativo, prestativo, interativo, impulsivo, assertivo, mas um ajudante. O projeto justiceiro de Moro em Curitiba destruiu Dallagnol.

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