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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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De como o impedimento do roubo de R$ 1 bilhão foi um azar para a economia

Compare-se isso aos bilhões que a turma do Meirelles ganha com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública por ano, cerca de 550 bilhões de reais. Ou com os R$ 179 bilhões de déficit financeiro previsto para o orçamento deste ano. Esse dinheiro é entesourado, mandado para o exterior ou simplesmente acumulado

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante conferência em Brasília, Brasil 23/8/2017 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Jose Carlos de Assis)
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Para a economia brasileira, mergulhada numa depressão de três anos, foi um grande azar o insucesso da quadrilha que tentou roubar um bilhão de reais do Banco do Brasil em São Paulo. Diferentemente do dinheiro seqüestrado pela quadrilha de Temer, e da milionária bolsa-banqueiro de Henrique Meirelles junto à JBS, os assaltantes, em lugar de entesourarem o dinheiro, provavelmente iriam gastá-lo. Isso estimularia a demanda por bens e serviços e, na sequência, os investimentos produtivos e a ampliação do emprego.

Infelizmente, para o povo brasileiro e sobretudo para os trabalhadores desempregados, os assaltantes não tiveram sorte. Em termos de teoria macroeconômica, teriam produzido efeitos multiplicadores e aceleradores do PIB, de uma forma que Meirelles, com sua obstinação neoliberal, jamais conseguirá  fazer. É que a religião dele é contracionista. Sua pregação é que temos que acabar com o investimento público e, por essa via, estrangular também o investimento privado para equilibrar a economia de baixo para cima.

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A idéia de que o produto e gasto de um roubo é virtuosa para a economia não é  absurda – embora poderia ser moralmente condenável. O gasto de dinheiro roubado equivale ao investimento autônomo da teoria keynesiana. Enquanto a economia estiver em recessão ou depressão, como é o nosso caso, não resulta em nenhum malefício. Em linguagem técnica, equivale a financiamento mediante investimento deficitário. É que se a economia está em depressão, não há risco de aquecimento da demanda e, portanto, de inflação – o que aliás se verifica com a redução da inflação no Brasil.

Além de Keynes, outro grande teórico, Abba Lerner, tratou dessa questão. Lerner argumentava, em “Finanças Funcionais”, que o governo deveria cobrir todos os seus gastos com emissão e usar a dívida pública apenas para equilibrar a política fiscal. Traduzi para o português um livro de Randall Wray, “Trabalho e Moeda Hoje”, que me deixou fascinado pela simplicidade. Entretanto, a financeirização mundial é comandada pelos ordoxos da política fiscal-monetária, e não dão passagem à política rigorosamente lógica de Lerner.

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Compare-se isso aos bilhões que a turma do Meirelles ganha com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública por ano, cerca de 550 bilhões de reais. Ou com os R$ 179 bilhões de déficit financeiro previsto para o orçamento deste ano. Esse dinheiro é entesourado, mandado para o exterior ou simplesmente acumulado. Não dá nenhuma contribuição à economia real. Não gera empregos. Não estimula o crescimento do PIB. Nâo aumenta a renda da sociedade. Diante disso, preferia entregar a economia a ladrões explícitos que submetê-la aos bandidos do neoliberalismo!

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