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Reimont Otoni

Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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De que segurança o Rio precisa?

'É urgente o estado entrar com vigor em políticas de justiça social, inclusão, saneamento, saúde, educação, trabalho e renda e lazer', afirma Reimont Otoni

(Foto: Reprodução/TV Globo)
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Com o discurso de garantir segurança, a milícia entrou na zona Oeste e entrou na zona Norte e, com certeza e infelizmente, abre caminho para entrar na zona Sul.

“A crise no estado do Rio de Janeiro não é de segurança pública, é institucional. A segurança pública é um dos seus desdobramentos” – a frase do professor Mauro Osório, coordenador do Grupo de Pesquisa Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro, vinculado ao Programa de Pós-Graduação da FND/UFRJ, e membro fundador do Instituto de Estudos do Rio de Janeiro-IERJ, ilustra bem a situação caótica implantada no estado que represento na Câmara Federal.

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O Rio de Janeiro convive, há décadas, com crises repetidas e anualmente agravadas; crises na saúde, na educação, no emprego e renda, no meio ambiente, na moradia... e a segurança pública não foge a essa lamentável regra, fruto de um projeto de estado excludente, desumanizado, elitista.

Assim, entramos em mais uma turbulência, desta vez em um quadro institucional de extrema gravidade. Após os episódios de violência registrados principalmente no último final de semana e especialmente no trecho do Arpoador a Copacabana, a barbárie parece pronta a se instalar na capital.

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De um lado, estão grupos de jovens de comunidades pobres, que se organizam para praticar crimes e violência contra a população, especialmente contra as pessoas mais vulneráveis, como adolescentes, mulheres e idosos. Do outro, estão grupos de moradores (alguns também de comunidades pobres, mas a maioria de classe média) que se autointitulam “justiceiros” e se dizem prontos a cometer também crimes; alegam que, agindo assim, protegem as pessoas e garantem a segurança que o estado não consegue prover. Convocam os cúmplices para blitzes contra “suspeitos”, escolhidos aleatoriamente, por avaliações de momento, por ódios seculares, sempre com “sangue nos olhos”, como dizem.

Em um estado onde prevalece a criminalização da pobreza e o racismo, podemos facilmente prever quais serão os suspeitos e alvos – os jovens pretos e pobres.

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Nessa guerra já declarada e que se espalha em boatos, grupos de zapp, mensagens de ódio e imprensa, todos perdemos. Nessa guerra, só há crimes, violência, insegurança.

Nos grupos de zapp e no noticiário, os tais “justiceiros” compartilham fotos de mãos adornadas com soco-inglês e cobertas de sangue, como troféus de uma “operação” de “caça ladrões”, operação que, segundo a imprensa, já fez a primeira vítima: um vendedor de balas – preto e pobre – foi espancado, após ser confundido com um ladrão, de um roubo que nem existiu.

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O estado não pode permitir o avanço do terror, o estado tem o dever constitucional de assumir as suas responsabilidades perante a barbárie.

Com o mesmíssimo discurso de garantir a segurança, a milícia entrou na zona Oeste e entrou na zona Norte do Rio e, com certeza e infelizmente, abre caminho para entrar na zona Sul. Hoje, esses grupos paramilitares comandam o crime no estado. Segundo o pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Violência da USP (NEV) e autor do livro “República das Milícias”, as milícias controlam 60% dos territórios dominados pelo crime organizado no Rio de Janeiro. Praticam extorsão contra os moradores e o comércio, dominam a venda de ilícitos, incluindo drogas, negociam imóveis que desmancham no ar, humilham, violentam e submetem as pessoas.

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Entendo a indignação daqueles que sofrem violências, de seus familiares e amigos, entendo o desalento com que olham o estado. Mas não se deixem seduzir por falsas soluções e falsos discursos. A segurança baseada na cultura da Morte gera vítimas de todos os lados.

Cobramos do governador Cláudio Castro um pronunciamento firme, direto e imediato sobre o que acontece no Rio de Janeiro. Cobramos planejamento e estratégia de segurança pública, especialmente em períodos críticos – há décadas até as pedras do calçadão sabem que roubos, furtos e ataques a pessoas aumentam no verão, às vésperas de datas comemorativas, em grandes eventos e nas proximidades de eleições; por que tiraram o policiamento ostensivo da cidade nas vésperas desse Natal e nesse calor colossal?  

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É urgente pensar a segurança pública de modo inteligente, com forte investimento em investigação, prevenção e também em policiamento ostensivo e humanizado, com respeito às pessoas e às diferenças, sem qualquer preconceito.

É urgente o estado entrar com toda a força e vigor em políticas públicas de justiça social, inclusão, saneamento, saúde, educação, trabalho e renda e lazer.

Precisamos transpor o estado de barbárie para o da civilização.

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