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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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De todos, Ronaldo Caiado foi o mais humilhado – por Bolsonaro

Caiado foi para a Avenida Paulista para ser humilhado por Bolsonaro e seus comparsas. Ficou ali, o tempo inteiro no palaque, tratado como um “nada”

Gracinha e Ronaldo Caiado (Foto: Reprodução/X/@egoias)
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De todos, Ronaldo Caiado foi o mais humilhado – por Bolsonaro

O dia 25 de fevereiro de 2024, sem dúvidas, já entrou para a história. Um ex-presidente fascista da República mostra em definitivo sua face covarde: “cão que ladra, não morde!”. Este mesmo “molenga” tem tanto “pecado nos coro” (como dizem os antigos), que os crimes brotam dos atos falhos do “mito”: confessou que ele participou da elaboração da minuta do “Decreto do Golpe”, mas nem por isso, segundo suas palavras, isso tipifica um golpe. Só esqueceu de ler a lei brasileira que Golpe de Estado não é crime apenas sua materialização, contudo, a mera tentativa de romper o mais genuíno regime de vida ativa de um povo: a democracia – que sequer pode ser atentada.

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Contudo, para o além-nada desta manifestação “gadista” dos discípulos de Messias falsificado, o melhor da festa fica para os bastidores – da história. Ronaldo Caiado é um destes personagens, neste caso, no curioso decidir por ele mesmo “se jogar para dentro da lata do lixo”. Caiado foi para a Avenida Paulista para ser humilhado por Bolsonaro e seus comparsas. Caiado ficou ali, o tempo inteiro no palaque, igual a papagaio de pirata; tratado como um “nada”, como uma “xepa” estragada que nem aos porcos serve para comida. Não deixaram o Caiado falar no palanque da Paulista, nem para babar a bolsa de colostomia do ex-presidente.

A questão aqui é que Caiado não é um nada (quer ser, mas não é!). Romeu Zema, esse sim é um nada. Um outsider que foi comer pão de queijo do Palácio da Liberdade quase “sem querer”. Na onda de ódio perpetrado contra Dilma Rousseff, contra Lula e contra o PT, vários desses “trem” brotaram dos esgotos do Brasil e ocuparam cargos importantes na República. Esse aí virou governador da linda Minas Gerais, mas nem de longe tem a estirpe dos políticos clássicos daquelas Gerais.

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Jorginho Melo… quem mesmo? Ah, sim! É o governador de Santa Catarina. Mas vamos seguir em frente que para esse inútil, até a vírgula que uso é indigna dele.

Falemos de Nikolas Ferreira: deputado moleque-homem que nos tempos ultra-pós-modernos da geração “Y” divide o tempo de sua vida entre o vídeo game, as selfies e vídeos-lacração e falar baboseira no microfone da Câmara pagando de Robin, o menino prodígio. Mas mesmo esse moço teve direito de falar na Avenida Paulista, e Caiado não. Aliás, Gustavo Gayer, político novato de Goiás teve mais moral que Ronaldo Caiado, a velha raposa.

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Mas afinal, falamos de quem mesmo? Ronaldo Caiado era ali na Paulista dia 25, de longe, o político mais forte (se considerarmos o sentido clássico da política brasileira). Nem Jair Bolsonaro tem tanta história na política quanto Caiado. Muito embora, o segundo conseguiu, com auxílio de forças “malditas” (as das fake news, da “mística” dos algorítimos e das tumbas do fascismo), sem dúvidas, ascender ao cargo mais importante e que Caiado jamais conseguirá chegar: a Presidência da República.

A história da família Caiado não se confunde com a história de Goiás, porém, do próprio País. É a história da família de todo bandeirante, de todo colonizador, de todo grande latifundiário. Conta-se que membros da família Caiado chantageavam e destruíam adversários e mesmo vizinhos para ter poder e terras (mais terras).

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Ronaldo Caiado, é tataraneto de José Antônio Caiado, que foi presidente da Província de Goiás no século XIX. São 150 anos mandando e desmandando no centro-oeste, entretanto, influenciando toda a política (autoritária e colonizante) do Brasil. Além de seu tataravô, outros assumiram cargos importantes em Goiás, como seu avô, Totó Caiado (que foi várias vezes eleito deputado e senador); seu tio, Brasil Caiado, e seu primo, Leonino Caiado (que além de outros cargos, foram governadores do estado). Mas o legado dos “Caiado” não para por aí. O próprio Ronaldo foi candidato à Presidência da República na primeira eleição direta pós-Ditadura Militar, em 1989, pleito este vencido por Fernando Collor, que teve no segundo turno, ninguém menos que Luiz Inácio Lula da Silva como concorrente. E mesmo com nomes poderosos da política disputando este cargo como Leonel Brizola, Mário Covas e tantos outros, Caiado ainda chegou a quase 500 mil votos.

Em 1990 será eleito deputado federal, ficando na Câmara por 20 anos, sendo reeleito sucessivamente (menos em 94, quando tenta pela primeira vez ser governador). É eleito senador em 2014. Nestas quase três décadas no Congresso Nacional, simbolizou uma das principais vozes em defesa do regime colonial de terras, isto é, a voz do latifúndio. Além de ter sido o principal opositor da presidenta Dilma e dos mais rigorosos adversários de Lula em seus mandatos. Em 2018 vence a eleição para o Governo de Goiás e se reelege em primeiro turno em 2022.

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Com essa história de cacique velho e poderoso da política, homem tarimbado, Caiado aceitou ser HUMILHADO na Avenida Paulista, servindo como fantoche em cima de um palanque para bajular, entre outros sujeitos, o fanfarrão hipócrita do Silas Malafaia. Aceitou ser representado por Tarcísio de Freitas (outro que só passou a existir para a política por conta dos ventos fascistas que trouxeram tantas ignóbeis ao poder), e ser obrigado a ouvir do governador de São Paulo essa fala: “Minha gente, quem eu era? Não era ninguém! E o presidente apostou em pessoas como eu; como tantos outros que surgiram (…)”.

Em tantos anos de vida pública o atual governador goiano na Paulista se reduziu a aplaudir um ex-deputado do baixo clero, que não tem vergonha de dizer que sempre “falou às paredes” no Congresso Nacional. Foi patético, mas interessante ver o principal nome da alta cúpula do latifúndio brasileiro se render aos interesses próprios de um miliciano, que usou uma turba de fanáticos e fariseus, para pedir anistia, pedir arrego, após confessar crimes contra o Estado Democrático de Direito.

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O discurso de Tarcísio realmente resume toda aquela gente em cima do palanque (e uma maioria em baixo do parlatório móvel), menos o Caiado, pois este sujeito já era “alguém” muito antes de todos ali. Entretanto, aceitou ser reduzido a NADA, ao “ninguém” que a semiologia de Tarcísio tanto sintetizou. Ou seja: Caiado se entregou à sarjeta da política; desonrou o nome de seu avô e seu tataravô, mas fez um favor à memória de todos que lutam contra a oligarquia do latifúndio há séculos: afundou-se – ao menos simbolicamente – como representação do velho colonialismo.

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