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Luiz Antônio Carvalho

Jornalista, formado em Filosofia pela Universidade ParisX, Nanterre

7 artigos

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Decência

Como pedir humanidade, se o próprio presidente eleito pede, indecentemente, mais circulação e que todos continuem em sua vida “normal”, isolando para morrer apenas os velhos, os doentes e os mais fracos?

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Após ter declarado que 30 ou 40 mil respiradores não fariam diferença, e, ao que parece,  após um recuo da GM de só começar a produzir respiradores depois de firmar contrato com o governo federal, o histriônico Donald Trump decidiu “obrigar” a GM a fabricar respiradores, reativando fábricas abandonadas e para isso ameaçando até com o uso de uma legislação dos tempos da guerra da Coréia.

A GM local parece que também tem lado. Após forte apelo publicitário para que ninguém gastasse dinheiro na compra das SUVs existentes no mercado...lançou, em plena pandemia _ talvez de olho na grana de parte do povo do topo da pirâmide, que decidiu sair em carreata para manter o Brasil circulando nas ruas _ ...uma nova SUV. Isso mesmo, em plena pandemia, que tal sair para comprar a nova Tracker da Chevrolet?

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Senso de oportunidade impecável. Será que a máquina da Chevrolet, rastreia infectados pelo Coronavirus, e possa substituir formas mais tradicionais de “tracking”? Pouco provável. 

Em artigo publicado no New York Times, traduzido pela Folha, Alain de Botton, em resenha do livro A Peste, de Albert Camus, ao tratar de Rieux, o médico que faz de tudo para reduzir o sofrimento das vítimas da epidemia, lembra: Ele não é herói. “Isto tudo não diz respeito a heroísmo”, fala Rieux. “Pode parecer uma ideia ridícula, mas a única maneira de combater a peste é com decência.” Outro personagem pergunta o que é decência. “Fazer meu trabalho”, responde o médico.

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Decência que no Brasil não falta apenas à GM. Como pedir decência, solidariedade ou empatia de uma empresa que não o tem nem mesmo em seu país, junto ao povo que salvou-a da falência na crise de 2008? Como pedir humanidade, se o próprio presidente eleito pede, indecentemente,  mais circulação e que todos continuem em sua vida “ normal”, isolando para morrer apenas os velhos, os doentes e os mais fracos?

Mas além de decente, o dr.Rieux, tinga competência e conhecimento para fazer o seu trabalho. Não é simples lançar-se ao esforço de reconverter a indústria nacional para o esforço de guerra contra o Coronavirus. De limpar e tornar mais salubres de uma hora para outra milhões de moradias indecentes. Reaparelhar e potencializar um sistema único de saúde sucateado há anos. Decretar a inviabilidade de planos de saúde privados escorchantes, subsidiados pelo poder público e onde já faltam leitos de UTI nos tempos normais. Não é simples colocar de pé um sistema de apoio emergencial a trabalhadores formais, informais e sujeitos de direitos assistenciais nas favelas ou esparramados pelas ruas das grandes cidades do país, quando se é incapaz de zerar uma simples a fila do INSS ou do bolsa família.

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A frente ampla contra o miliciano-bolsonarismo, forte nas janelas de todo o país e pronta para jogar lixo nas SUVs das carreatas pela morte dos mais fracos _ que vai do Psol ao governador Caiado, ultradireitista, mas, descobrimos, um médico decente que quer fazer seu trabalho, tem uma nova palavra da ordem: além do fora bolsonaro, somos todos por um governo decente! Agora, já. Capaz de unir a esquerda, o centro e a direita na guerra em favor do Brasil e contra uma pandemia que apenas se aproxima. 

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