Defesa de Bolsonaro seria cômica se não fosse trágica
O fiasco bolsonarista revela-se um poderoso argumento contra possíveis pesadelos golpistas do futuro
Num país com lamentável tradição golpista, iniciada pela espada de Deodoro no 15 de novembro de 1889, numa nação marcada pelo ressentimento dos senhores de escravos pela Abolição anunciada um ano antes, a argumentação de Jair Bolsonaro para fugir de suas responsabilidades pelo 8 de janeiro de 2023 é um caso típico de piada pronta.
Já que não era possível negar sua presença -- em papel de liderança -- ao projeto golpista, a defesa escondeu-se atrás do malabarismo improvisado que Fux havia exibido em seu voto para tentar sensibilizar o STF.
Num país exausto por uma lamentável tradição de impunidade assegurada aos adversários da democracia ao longo de nossa História republicana, o julgamento terminou numa derrota escancarada dos golpistas.
Foram 4 votos contra 1 para condenar Bolsonaro, placar que impede os embargos infringentes, um recurso extremo do nosso Direito de Defesa, mas que não são permitidos após uma decisão com números tão enfáticos.
Com a decisão, Jair Bolsonaro entrou para a História como o primeiro líder golpista preso e condenado. Num país que, pela primeira vez, demonstrou uma maturidade democrática jamais vista em sua história, o fiasco bolsonarista revela-se um poderoso argumento contra possíveis pesadelos golpistas do futuro.
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