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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Democracia ou barbárie

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | ABr)
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O Lula de 2022 não é o de 2002, aproximando-se mais de um híbrido entre FHC e o Lula de 1994. Os esperançosos progressistas viam nas eleições vindouras uma possibilidade de guinada à esquerda, mas a eleição de Lula, se acontecer e esperamos que aconteça, trará o país de volta aos princípios da social-democracia daqueles anos 1990, com uma tênue ênfase no social sobre o capital, mas muito mais tênue do que foram os governos petistas nas décadas seguintes.

Será ingenuidade acreditar que deveríamos aproveitar o descontentamento com o desgoverno atual para tal guinada, enquanto as pesquisas mostram que há um núcleo duro de direita retrógrada, misógena, racista, preconceituosa, crente em teorias da conspiração, contrária à democracia e suas instituições que não permite uma alavancagem democrática de tal envergadura sem distensão ou mesmo ruptura. Não estávamos preparados para isso nos anos 1960 e muito menos agora. Alguns dos parceiros desse retrocesso tentar pular fora. Até a CNN Brasil veio a público para se afirmar como veículo de “jornalismo profissional, plural e imparcial”, mas, notadamente agiu como um braço do bolsonarismo, dando ressonância às teorias da conspiração e fake news propaladas pelo despresidente. A emissora pode estar em processo de revisão, mas não é o que aparece em sua programação. Hoje, combater a mentira começa por não assistir a essa emissora de tv. Mas é ação individual, insuficiente na complexidade política do momento.

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Sabemos que a tragédia maior que manteve Bolsonaro no poder foi ter sido eleito um parlamento do mesmo naipe do despresidente. O cinismo foi elaborado ao longo da última década, iniciado com as ruas de 2013, aprimorado com o golpe travestido de impeachment em 2016, culminando no “moralismo redentor” de 2018. A manutenção cínica não se deu pela política, mas pela boa e velha compra de apoio.

Há outro fato que exemplifica a situação. Com os recentes áudios e escutas telefônicas e falas de pastores revelados, a milícia e a corrupção estão oficialmente dentro do Palácio do Planalto. Na verdade, sempre lá estiveram neste desgoverno, faltava alguma materialidade que comprovasse o fato. No entanto, 30% dos eleitores revelam que querem reeleger o despresidente. O antipetismo cega tanto assim, ou o terço dos brasileiros é criminoso e de má-índole?

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Porém, quando parte da esquerda que não concorda com tal conciliação política - não é a imaginária conciliação de classes levada a cabo nos anos 2000 - faz dura oposição à chapa Lula-Alckmin, joga-se pelas regras da direita reacionária, que pode ainda sair-se vencedora nas eleições. Alguns analistas mostram que o retrocesso nos últimos quatro anos foi tão grande que a escolha eleitoral também deve baixar de patamar. Escolher Lula com Alckmin hoje é, portanto, recalibrar o jogo político para os primórdios dos anos 1990, torcendo para o PSOL ocupar o lugar que já foi do PT, e o PDT se transformar na solução social-democrata de intelectuais, ex-governadores e ex-prefeitos executores da boa política. Aos que acham ser possível um salto maior do que isso em face da desconstrução das instituições, esquecem-se de que isso não deu certo nos anos 1960, repito.

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