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Fernando Horta

Fernando Horta é historiador

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Democracia sitiada

"Não se enganem, estamos mais próximos de um golpe e uma ditadura bolsonarista agora do que estávamos há 24 horas", escreve Fernando Horta

Bolsonaro e estrada bloqueada (Foto: Bruna Prado/Pool via REUTERS | REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Não se enganem, estamos mais próximos de um golpe e uma ditadura bolsonarista agora do que estávamos há 24 horas. E se esse processo não for interrompido, tenho dúvidas se nossas instituições resistirão.

A fala de Jair Bolsonaro no dia 01/11 foi completamente inócua. Aliás, é possível dizer que atiçou ainda mais seus apoiadores e nos deixou mais próximos da ditadura bolsonarista. O motivo? São dois: em primeiro lugar ninguém notou o que efetivamente estava acontecendo e, em segundo lugar, os apoiadores de Bolsonaro vivem num mundo paralelo e para este mundo existir o nosso precisa ser destruído. Jair Bolsonaro fala com os olhos, com os gestos e com toda a estética teatral que sempre foi apontada como parte da estratégia de comunicação fascista desde Walter Benjamin.

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Há dois padrões claros na forma de comunicar e de agir de Bolsonaro: 1) suas palavras não servem para coisa alguma e 2) seus objetivos sempre estiveram (e estão) muito claros. Bolsonaro não recuou e não aceitou coisa alguma. Em verdade, seu pronunciamento teve uma estética de resistência, como se estivesse sitiado pela ditadura que seus apoiadores têm certeza existir. A chegada apressada, cercado de políticos hostis e um discurso escrito, vago e cheio de sentidos abertos foram a senha para que se intensificassem os protestos e a resistência contra a democracia que seus apoiadores hoje fazem.

A conta é simples, foram 60 milhões de votos para Lula e 58 para Bolsonaro. Na cabeça deles esses 58 milhões estão armados e mobilizados. Valem mais, no mundo regido pela violência, do que os 60 de Lula. Falta-lhes apenas tempo para que o fermento da retórica e da estética fascista façam efeito. Tendo uma polícia política que descumpre TODAS as ordens do STF, como faz a PRF, o bolsonarismo hoje ameaça mais a ordem democrática do que jamais fez. E encontra das instituições tolerância e o tempo de que precisa.

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 Bolsonaro falou que os protestos eram legítimos e que ele não iria desistir. A conclusão da sua fala foi “estou sendo acossado e preciso da ajuda de vocês”. Nada é mais mobilizador para a base bolsonarista do que o sentido de “mártires do mundo”. Gente limítrofe e que sempre se sentiu desprezada, de repente, tem a chance de “fazer a mudança” e ser reconhecida por isso. É um sentimento poderoso. Junto a isso, o Bolsonarismo oferece a cada um dos seus apoiadores a partilha do monopólio da violência que antes pertencia ao Estado. Tornam-se todos parte de um grande exército, exultante e dispostos a acabar com qualquer coisa.

O STF está claudicante, as Forças Armadas aguardando apenas a oportunidade para desobedecer e a grande imprensa, completamente perdida, sem acreditar que não é dona mais dos símbolos e sentidos da comunicação. Enquanto isso, Lira finge que já está politicamente trabalhando na transição ao novo governo, Alexandre de Moraes vê seus esforços erodirem a cada minuto e o diretor da Polícia Rodoviária Federal – o símbolo da resistência à democracia plantado por Bolsonaro – segue livre, desobedecendo e sendo “multado”.

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Talvez o TSE e o STF pudessem fazer uma “nota de repúdio” a isso tudo. Tenho certeza que seria mais tão efetivo quanto as multas impostas por Alexandre de Moraes.

Ao contrário do que o nosso mundo acredita, não é o tempo de Bolsonaro que está se esgotando. Os ministros e ministras do STF tem menos de sessenta dias para usufruírem da inutilidade crescente de seus cargos. Findo esse período (se não antes) Bolsonaro terá destroçado a institucionalidade brasileira. Sem que sequer essa institucionalidade mesmo entenda o que está acontecendo.

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No 7 de setembro do ano passado, o STF demoliu a tentativa de golpe de Bolsonaro forçando as lideranças a tomarem decisões políticas cruciais (de apoio ou combate a Bolsonaro) antes que a legitimidade do STF fosse atacada. Agora, ele cai na armadilha bolsonarista (fascista) de primeiro perder recursos com desimportantes como o tal Silvinei. Quando chegarem aos atores que realmente tomam as decisões, estarão esvaziados de qualquer poder.

Sugiro que comecem as prisões imediatamente. E que comecem por cima, já nos grandes nomes. Ou então é bom que nós já escolhamos novos nomes e nos preparemos para a guerra na clandestinidade. Bolsonaro está ganhando e não está longe da vitória total.

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