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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Democradura consolidada

O sociólogo Emir Sader traz uma expressão para contrapor a que foi criada pela Folha de S.Paulo ao se referir ao período da ditadura militar: "ditabranda"; para o colunista, vivemos agora um período de "democradura, um regime de exceção, que não respeita o resultado das eleições, que viola a Constituição, que persegue e condena sem provas a opositores, que permite que os políticos mais corruptos do Brasil dirijam impunemente o governo e sejam absolvidos pelo Judiciário"

O sociólogo Emir Sader traz uma expressão para contrapor a que foi criada pela Folha de S.Paulo ao se referir ao período da ditadura militar: "ditabranda"; para o colunista, vivemos agora um período de "democradura, um regime de exceção, que não respeita o resultado das eleições, que viola a Constituição, que persegue e condena sem provas a opositores, que permite que os políticos mais corruptos do Brasil dirijam impunemente o governo e sejam absolvidos pelo Judiciário" (Foto: Emir Sader)
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A Folha tentou passar a ideia de que o Brasil não teria vivido uma ditadura, mas um regime mais suave, uma espécie de "ditabranda", segundo a infeliz expressão que devem ter encontrado genial. A reação foi imediata, até que um novo editorial teve que retirar a expressão e fazer autocrítica, uma vez a operação fracassada.

Agora, buscando novos argumentos para evitar aceitar que houve um golpe no Brasil que feriu profundamente a democracia existente, arriscam uma historia. Ao contrario de 1964, a democracia no Brasil estaria consolidada, a ponto que não valeriam as analogias entre o momento que vivemos agora e o do golpe militar.

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Desde então a democracia teria se consolidado entre nós. Como todo pensamento liberal, acreditam que basta haver eleições a cada tanto tempo, pluralidade de partidos, separação entre executivo, legislativo e judiciário e imprensa "livre" – em que "livre" quer dizer privada –, para se caracterizar o regime como democrático.

Não importa que o capital financeiro controle a economia do país, mediante alguns poucos bancos privados e pela direção da economia por executivos desses bancos. Não importa que algumas poucas famílias monopolizem a formação da opinião pública, por meio do controle dos meios de comunicação. Não importa que estejamos voltando a ser o país mais desigual do continente, mais desigual do mundo. Não importa que os órgãos repressivos do Estado atuem sistematicamente contra os mais pobres da população, de forma violenta e impiedosa.

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Não importa tudo isso e muitas mazelas mais da sociedade brasileira. Importa que os cânones liberais estariam existindo. Não importa que o Congresso exorbitou das suas funções e desrespeitou o voto popular, depondo uma presidenta democraticamente eleita. Não importa que o Judiciário assiste a tudo passivamente e, pior, atua de forma unilateral contra a esquerda e seus dirigentes. Não importa que a Polícia Federal atue como instrumento da ação política de partidos de direita. Não importa se uma trama diabólica trata de condenar ao principal líder político brasileiro sem crimes e sem provas. Não importa se o Judiciário tenta tirar do povo brasileiro o direito de decidir, pelo voto, quem deve ser o presidente do Brasil. Não importa se o Estado brasileiro foi assaltado pela gangue mais corrupta que o país já conheceu.

Não importa nada disso, porque a democracia estaria consolidada, segundo é vista desde a Alameda Barão de Limeira. O Congresso está aberto. O Judiciário é independente. A mídia privada funciona a todo vapor. Deve haver eleições de novo este ano.

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Essa é a concepção da família Frias da democracia. Na verdade, uma democradura, um regime de exceção, que não respeita o resultado das eleições, que viola a Constituição, que persegue e condena sem provas a opositores, que permite que os políticos mais corruptos do Brasil dirijam impunemente o governo e sejam absolvidos pelo Judiciário.

Essa é a democracia consolidada para a Folha. Na verdade, uma democradura, assim como ela tentou dizer que a ditadura era uma ditabranda.

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