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Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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Depoimento de Tony Garcia representa o enterro moral da breve carreira parlamentar de Moro

O testemunho surge em momento oportuno, em virtude do inquérito do Conselho Nacional de Justiça, que visa investigar os excessos e ilegalidades da Lava Jato

(Foto: Divulgação)
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Por Miguel do Rosário, no Cafezinho – O empresário Tony Garcia deu uma entrevista à TV 247, nesta sexta 2 de junho, que significa o enterro moral da breve carreira parlamentar de Sergio Moro.

Depois desse depoimento, prestado com uma incrível carga de emoção, coragem, franqueza, o ex-ministro de Bolsonaro e ex-juiz da 13a Vara Federal de Curitiba, pode até sobreviver politicamente, ancorado no papel de liderança de extrema-direita, mas é um fantasma moral, um dos mais repugnantes e sórdidos vilões da história do nosso judiciário.

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Se ainda houver algum senso de decência nas altas instâncias judiciais do país, Sergio Moro será cassado, e rápido.

A entrevista de Garcia oferece um retrato inquietante, sinistro, maligno, de Sergio Moro, bem mais do que as percepções anteriores poderiam sugerir.

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Segundo Garcia, antes de se tornar a figura central da “Operação Lava Jato”, o ex-magistrado da 13ª Vara de Curitiba exercia o comando de uma organização criminosa especializada em tortura psicológica, coação de réus, manipulação de provas e testemunhos, e chantagem a instâncias judiciais superiores.

Garcia não é um informante qualquer. Oriundo de uma família rica do estado, ele frequentava círculos de poder desde os vinte anos de idade, como revela, referindo-se a sua convivência com políticos e empresários de alto escalão.

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O empresário declara que Moro o converteu, mediante ameaças de detenção e multas pesadas, um agente a serviço de seus intentos mais abjetos.

Dez anos antes do início da Lava Jato, Moro já tinha descoberto a forma de controlar as instâncias judiciais superiores, encarregadas da revisão e eventual anulação de suas decisões.

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A tática utilizada por Moro pode ser resumida em uma palavra: chantagem.

Com o auxílio de Tony Garcia, o juiz obteve informações comprometedoras sobre desembargadores do TRF4 e do STJ. Ao invés de denunciar tais indivíduos ao Conselho Nacional de Justiça, utilizou os dados coletados para pressioná-los a agir em conformidade com seus interesses.

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“Eu sou o criminoso aqui?”, indaga o empresário várias vezes durante a entrevista ao canal 247, respondendo a agressões recentes feitas por Moro, após entrevista de Garcia a um órgão de imprensa. Ele reitera que, embora ciente do universo sombrio das altas esferas da política, nada se compara às práticas repugnantes, violentas, imundas de Sergio Moro e procuradores de Curitiba.

Garcia relata que a conivência entre Moro e os procuradores da Lava Jato iniciou-se nos anos de 2000, ou mesmo antes. Membros do Poder Judiciário e do Ministério Público se uniram em Curitiba para tornar suas chantagens mais eficazes.

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Segundo Garcia, em duas ocasiões ele foi “recrutado” por Sergio Moro. Nesse aspecto, sua história se assemelha um pouco à de Alberto Yousseff, que também se tornou, duas ou mais vezes, um “agente” do juiz da Lava Jato.

O relato de Garcia apresenta um lado humano profundamente angustiante, envolvendo tortura psicológica e uma perseguição covarde, que durou décadas. O empresário admite, com emoção, que durante mais de vinte anos foi um “prisioneiro” de Sergio Moro.

Garcia era submetido a detenções indeterminadas, por semanas ou meses, além de ser alvo de multas elevadas, que ameaçavam o patrimônio de sua família.

O empresário narra que, uma década antes da Lava Jato, seus testemunhos a Moro eram continuamente manipulados pelo próprio juiz. Moro só aceitava revelações que se ajustassem à versão dos fatos que interessava à acusação, um procedimento que foi replicado na operação iniciada em 2014.

“Quando eu dizia algo que não estava de acordo com o que ele queria ouvir, conta Garcia, ele desligava o gravador, apagava o trecho e sugería que eu conversasse um pouco com meus advogados para reformular a história.”

Moro continuamente ameaçava Garcia com novos castigos, caso não o obedecesse, e o coagia a não revelar nada para seus próprios advogados.

Garcia logo compreendeu o jogo e, sentindo-se extremamente vulnerável, decidiu se tornar parte da trama nefasta de Moro.

Ele decidiu agora trazer à tona todas essas revelações devido às reviravoltas recentes em Curitiba, com a remoção do juiz Eduardo Appio e o retorno de Gabriela Hardt, “pau mandado de Moro”, nas suas palavras, à 13ª Vara.

O empresário explica que, em 2021, ele decidiu prestar um depoimento completo e honesto à Hardt, relatando tudo o que sabia sobre as irregularidades e abusos de Moro e seus comparsas no Ministério Público. Entretanto, a juíza não apenas arquivou suas denúncias, como também demonstrou ser aliada daqueles que Garcia tinha denunciado, decidindo romper o “acordo” feito, anos antes, entre Garcia e a justiça.

Garcia percebeu que, mesmo após vinte anos de submissão aos abusos de Moro, continuaria sendo prisioneiro, e que sua única chance de se emancipar seria expor tudo à imprensa.

“O Brasil precisa saber o que aconteceu”, Garcia reiterou durante a entrevista, acrescentando que esses fatos permitiriam revisar a história recente do Brasil.

Garcia admite que os reveses da Lava Jato, iniciados pelas revelações de conversas no Telegram entre procuradores, seguido pela liberdade de Lula, e consumados pela vitória eleitoral de 2022, lhe deram coragem para se libertar do medo.

Uma das histórias perturbadoras relatadas por Garcia diz respeito a uma “festa da cueca”, que contou com a participação de desembargadores e profissionais do sexo, em uma suíte presidencial de um renomado hotel em Curitiba. Um amigo advogado de Garcia teria gravado a presença das autoridades nessa festa. Moro soube dessa festa, através de um de seus “agentes”, e com a ajuda de Garcia, conseguiu localizar os vídeos no apartamento do advogado em São Paulo. Garcia relata que Moro confirmou ter encontrado o material. No entanto, os vídeos nunca foram anexados a qualquer processo, e Garcia suspeita que podem ter sido utilizados para chantagear desembargadores do TRF4. ”

Outra revelação surpreendente de Garcia, em seu depoimento ao 247, trata de uma entrevista à Veja feita em 2006, cujo conteúdo foi combinado e forjado da maneira mais ignóbil. O repórter da Veja o abordou, lembra Garcia, com ameaças veladas e menções às autoridades de Curitiba. Garcia então liga para Sergio Moro, que o instrui a seguir as orientações do jornalista, respondendo o que ele precisava ouvir. Eram tempos de mensalão, e Garcia inventou um monte de histórias cabeludas contra José Dirceu, Lula e o Partido dos Trabalhadores. Essa entrevista até hoje consta no Wikipédia como “prova” do escândalo do mensalão.

O testemunho surge em um momento oportuno, em virtude da recente instauração de um inquérito pelo Conselho Nacional de Justiça, que visa investigar os excessos e ilegalidades da Lava Jato de Curitiba.

Garcia também trouxe detalhes obscenos de negociatas envolvendo a articulação do impeachment de Dilma Rousseff. O empresário pediu desculpas publicamente à ex-presidenta Dilma Rousseff por ter participado dessas tramas.

A entrevista pode ser vista a partir do minuto 3:12:00. O vídeo abaixo já está no ponto:

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