Desaprovação "aprovada"
Pesquisa mostra que Lula reforça apoio entre os mais pobres, mas segue enfrentando resistência da elite e da classe média alta
A recente divulgação da pesquisa Quaest, de avaliação do governo do presidente Lula, não traz nenhuma novidade no recorte por escolaridade e renda. Até a desaprovação é aprovada, historicamente, pelo contexto socioeconômico.
Na análise por escolaridade, o governo melhorou sua avaliação entre pessoas com ensino fundamental completo ou menos, alcançando 56% de aprovação. Por outro lado, a rejeição avançou entre os que possuem ensino superior, chegando a 56%.
No recorte por renda, os mais pobres (até dois salários) ampliaram a aprovação de 46% para 55%, enquanto a desaprovação caiu de 49% para 40%. Já entre os mais ricos (acima de cinco salários), 60% seguem desaprovando a gestão.
A polarização entre classes fica evidente quando se observa que, enquanto os mais pobres enxergam no governo um aliado na redução das desigualdades, os mais ricos percebem uma gestão que não atende às suas expectativas de eficiência e liberalização econômica.
Essa divisão reflete um Brasil profundamente marcado por cisões sociais. O governo Lula tem obtido êxito em reconquistar a confiança das classes mais baixas, que historicamente formam sua base de apoio, mas enfrenta dificuldades para dialogar com setores da elite econômica e da classe média alta.
A pesquisa sugere que a desigualdade não é apenas um desafio econômico, mas também político, exigindo do governo estratégias que conciliem o fortalecimento das políticas redistributivas com ações que suavizem a desconfiança das classes mais abastadas.
Longe de ser consenso nacional, Lula consegue ser forte dentro de sua fala orgânica, mantendo os pés no chão da fábrica e o coração nas memórias e nos conselhos de Dona Lindu, sensibilizando camadas socioeconomicamente vulneráveis.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

