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Adamo Antonioni Insfran

Jornalista, professor de Filosofia e mestre em Comunicação

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Desempregado do meu Brasil: você não é um fracassado

O liberalismo econômico quer te fazer acreditar que, se você estádesempregado, a culpa é sua. São mais de 13 milhões de pessoas na fila do desemprego.

Agência do Trabalhador no Setor Comercial Sul (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasí­lia)
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O liberalismo econômico quer te fazer acreditar que, se você estádesempregado, a culpa é sua. São mais de 13 milhões de pessoas na fila do desemprego. E 4,7 milhões de pessoas desalentadas, ou seja, sem esperança de conseguir um trabalho. Ainda tem quem diga que a culpa é de cada uma dessas pessoas, não conseguem enxergar que o problema não é individual, mas coletivo, porque se refere aos rumos que o atual governo pró-liberalismo tem tomado através de suas más decisões políticas.

O liberalismo econômico é a degradação da política. Aliás, da políticavoltada aos direitos sociais e proteção dos grupos mais vulneráveis da nossa sociedade, como mulheres, negros e pobres. O liberalismo esconde nossos problemas estruturais como desigualdade social, racismo e pobreza, no lugar, fala em meritocracia, ou seja, se um sujeito está desempregado, o único culpado é ele mesmo, e não os problemas sociais que são anteriores a este sujeito.

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Quem se posiciona contra o liberalismo é taxado de “comunista”,“socialista”, etc. O nível de ignorância e de analfabetismo político está tão alto que parece que se tornou “crime” defender justiça social, políticas de ação afirmativa e de distribuição de renda.

Vejamos um exemplo: Kely é uma mulher de classe média, na cabeçadela, a culpa do desemprego é das cotas raciais. O curioso é que Kely não se indignou quando um pai de família, negro, foi assassinado com 80 tiros por militares, ela também não se preocupa que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Kely é branca.

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Outro exemplo: Roberto, também classe média e profissional liberal,acha que basta “acordar cedo” para conseguir emprego. Ele repete isso sempre, mas fica calado quando vê, no noticiário, as enormes filas de emprego se formando nas madrugadas frias de inverno desse mês de julho. Roberto também costuma repetir: “não espere pelo governo para conseguir trabalho”. Entretanto, o mesmo governo não espera para pagar a dívida pública, que ultrapassa os R$ 4 trilhões.

A dívida pública é uma forma de roubo moderno requintado e comrequintes de crueldade. Roubo moderno, pois se trata de tirar as riquezas produzidas pela classe trabalhadora para dar aos banqueiros e especuladores. Esse pequeno grupo pressiona o governo para atender aos seus próprios interesses. Requintado porque ajuda a aumentar a fortuna dos milionários, requintes de crueldade porque aumenta o abismo entre ricos e pobres.

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Essa classe média conservadora e reacionária não se importa que 78%do PIB vai para a mão de multimilionários, para ela, o problema é o 0,5% do  PIB destinado ao Bolsa Família. Kely e Roberto, nossos representantes dessa classe média, podem pagar escola particular para seus filhos. Que vão crescer, ter boa formação e passar numa universidade pública, as melhores do país. Mas o analfabetismo político de Kely e Roberto os leva a crer que o problema do Brasil é os R$ 41 de Bolsa Família que a dona Maria recebe lá no interior do Mato Grosso do Sul, para manter seu filho longe do trabalho infantil, estudando numa escola pública precária, com professores mal remunerados e tomada pela violência. Kely e Roberto acham que seus filhos e o filho de dona Maria estarão em pé de igualdade quando forem prestar o mesmo vestibular.

Não vivemos numa sociedade de fracassados, mas numa fracassadasociedade, marcada pela desigualdade, pela miséria crescente, pelo desmonte dos direitos sociais, e por um governo que não se preocupa com os mais pobres. Pela milionésima vez é preciso lembrar o poema de Bertolt Brecht:

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“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nemparticipa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas”.

Você que está desempregado, que sai de madrugada apenas com odinheiro da passagem do ônibus, passa o dia inteiro fora de casa com fome, espalhando currículos, você não é um fracassado. Sua luta diária revela que o problema não está em você, mas nas reformas injustas do atual governo, incapaz de gerar novos empregos.

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