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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Desemprego sobe, mas FHC segue na frente

"Crescimento do desemprego preocupa os brasileiros e cobra respostas do governo Dilma mas não deve servir para alimentar ilusões sobre a política econômica da oposição", diz Paulo Moreira Leite, colunista do 247;  "Nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, o índice de desemprego sempre foi superior aos 7,9% atingidos em outubro de 2015. O menor índice foi de 8,4% e o maior chegou a 12,1%. A média anual foi 20% superior ao desempenho dos anos Lula-Dilma, enquanto os juros da taxa Selic tiveram uma média de 26,6% ao ano, com picos de 41,2% e 39,9% – recorde jamais igualado pelos governos que vieram depois"

"Crescimento do desemprego preocupa os brasileiros e cobra respostas do governo Dilma mas não deve servir para alimentar ilusões sobre a política econômica da oposição", diz Paulo Moreira Leite, colunista do 247;  "Nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, o índice de desemprego sempre foi superior aos 7,9% atingidos em outubro de 2015. O menor índice foi de 8,4% e o maior chegou a 12,1%. A média anual foi 20% superior ao desempenho dos anos Lula-Dilma, enquanto os juros da taxa Selic tiveram uma média de 26,6% ao ano, com picos de 41,2% e 39,9% – recorde jamais igualado pelos governos que vieram depois" (Foto: Paulo Moreira Leite)
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A operação ideológica da oposição para  destruir as conquistas  dos últimos 12 anos, durante governos Lula-Dilma, inclui um ataque contra a memória dos brasileiros.

O que se quer é apresentar um período histórico de vitórias e benefícios para a maioria da população como uma sequencia de manobras demagógicas que só poderiam ter dado errado e arruinar o Brasil. 

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Isso explica tratamento dado a um problema real, que dia após dias preocupa um número maior de brasileiros – a alta do desemprego. Num país que estava com 5% de desemprego no final de 2014, e hoje se encontra no índice de 7,9%, num salto de 50% em dez meses, a situação é de fato preocupante e necessita de respostas urgentes, que diminuam o sofrimento da população atingida e permitam ao governo recuperar sua base de apoio.

O problema é que, por interesses políticos, tenta-se  apresentar a situação pior do que já é. Para começar, o país saiu de uma situação próxima do pleno emprego para um patamar que, mesmo mais alto, continua inferior aos melhores números obtidos nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

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A luta é ideológica.

As mesmas forças que sempre fizeram uma pressão gigantesca pela aplicação das medidas de ajuste econômico que produziram uma recessão de 3,1 pontos negativos em 2015 – alta de juros, redução no crédito e corte de estímulos e investimentos – agora fingem que nada tem a ver com isso. Tentam explicar a perda de empregos como consequência direta de uma política econômica de anos, que teria produzido distorções graves, gerando uma situação impossível de sustentar.    

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A realidade é que, apesar do crescimento de 2015, o desemprego durante o governo Dilma – e também sob o governo  Lula – continua abaixo do que os números registrados durante os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, quando o país estaria, teoricamente, sendo conduzido por uma política econômica coerente com o pensamento  sábios e justos.

Entre 1995 e 2002, o desemprego nunca foi igual ou menor do 7,9%, o pior de Dilma até aqui. Sempre foi maior. Era de 8,4% em 1995, o primeiro ano de FHC no Planalto, que antes da presidência dirigia a economia através do Ministério da Fazenda. Chegou a 12,1% em 1999 e estava em 11,7% em 2002. (1)

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Com diversas oscilações, sempre pelo alto, ficou em 10,6% ao ano, em média. Imagine 8 anos com o desemprego em dois dígitos.

Não por acaso,  no governo de Fernando Henrique a desesperança e um conformismo pouco disfarçado em relação a criação de novos empregos ajudaram a criar a expressão "baixa empregabilidade" – para culpar os próprios desempregados pela dificuldade em encontrar postos no mercado de trabalho.

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A média de 10,6% mostra o absurdo de um raciocínio conservador muito em voga nos dia de hoje. O número é 20% maior do que nos 12 anos Lula-Dilma, que foi de 8,1%( No primeiro mandato de Dilma, a média do desemprego foi de 5,4%).

Um ponto importante diz respeito aos empregos na indústria, termômetro de melhorias do mercado de trabalho. Ocorreu uma queda constante entre 1995 e 2002. Num cálculo que toma o ano de 1994 como base 100, a redução chegou a 78 no último ano do governo do PSDB. A partir de então, ocorre uma recuperação importante. Subiu-se para 97,2 em 2014.

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Outro aspecto é que, no último ano de FHC, apenas 28,7% dos assalariados tinham empregos formais, que asseguram um grau mínimo de civilização aos trabalhadores. Dez anos depois da posse de Lula no Planalto, esse número havia subido para 47,5%. Um dado essencial envolve o poder de compra do salário mínimo. Em 2002, 70% do salário mínimo era consumido na aquisição da cesta básica. Em 2014, bastava 27% para comprar as mesmas mercadorias.

O raciocínio dos sábios e dos justos, nós sabemos, consiste em tentar construir uma relação de causa e efeito entre medidas de estímulo ao crescimento e distribuição de renda – marcas do governo Lula-Dilma – como principal fator para o descontrole de gastos, alta de inflação e, por fim, queda no nível de emprego. Pretende-se sustentar que naquele período a economia era melhor dirigida, nos tempos tucanos. Depende do ponto de vista. Para os assalariados, os números mostram o contrário.

Se essa visão fosse verdadeira, o desemprego sob FHC deveria ser mais baixo. O setor industrial teria sido melhor protegido. Na prática, o grande beneficiário foi o setor financeiro, o mesmo que a partir de 2015 tenta sua revanche.

Numa atitude coerente com uma visão que prioriza a atuação do próprio mercado e seus interesses, a taxa média de juros fixada pela Celic foi de 26,6% nos oito anos – um índice gigantesco, que nunca seria atingido, uma vez sequer, nos 12 anos Lula-Dilma. Nem em 2015, com juros reconhecidamente altos, os maiores desde 2003, chegou-se a esse patamar.

(1) Dados extraídos de "Vinte anos de Economia Brasileira," de Gerson Gomes e Carlos Antonio da Cruz, a partir do IBGE, IPEADATA, Banco Central

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