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Wang Yi

Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China

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Desenvolvimento e futuro compartilhado: China e América Latina planejam revitalização conjunta

Está bem claro quem é o amigo confiável e parceiro para cooperação de longo prazo dos países da América Latina e Caribe

Xi Jinping recebeu os líderes e representantes dos países da América Latina e do Caribe (Foto: Xinhua)

A 4ª Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC (FCC) ocorreu em Pequim nesta terça-feira (13). Foi uma reunião importante para celebrar o 10º aniversário do funcionamento oficial do FCC. A China, como anfitriã, expressou as calorosas boas-vindas aos amigos da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e das organizações regionais da América Latina e Caribe (ALC). A expectativa é planejarmos juntos o desenvolvimento e a revitalização e formarmos juntos uma comunidade com futuro compartilhado China-ALC.

I

Em julho de 2014, o Presidente Xi Jinping participou, em Brasília, da Cúpula de Líderes da China e de Países da ALC, ocasião na qual apresentou a grande iniciativa de formar uma comunidade com futuro compartilhado China-ALC e decidiu, junto com líderes dos países da ALC, o estabelecimento do FCC, demonstrando o consenso político de promover a cooperação integral entre a China e a ALC. Em janeiro de 2015, realizou-se com sucesso a Primeira Reunião Ministerial do FCC em Beijing, marcando a concretização da ideia de uma plataforma de cooperação integral que abrange a China e todos os 33 países independentes da ALC.

Ao longo dos últimos dez anos, sob a orientação estratégica da diplomacia de chefe de Estado, a China e a ALC persistiram em ter o tratamento em pé de igualdade como princípio de cooperação, benefícios mútuos e ganhos compartilhados como objetivo de cooperação, flexibilidade e pragmatismo que caracterizam a modalidade de cooperação, e abertura e inclusão como espírito de cooperação. Promovemos o desenvolvimento vigoroso do FCC, impulsionamos tanto a cooperação integral como a cooperação bilateral, conseguindo avanço acelerado das relações China-ALC.

Contamos com confiança mútua ainda mais sólida. Os dois lados acomodam firmemente os interesses fundamentais e as grandes preocupações de cada um, e apoiam-se firmemente na salvaguarda de soberania e integridade territorial. O Panamá, a República Dominicana, El Salvador, a Nicarágua e Honduras estabeleceram ou restabeleceram sucessivamente relações diplomáticas com a China. O princípio de uma só China torna-se um consenso entre cada vez mais países da região. Até o momento, a China já estabeleceu parcerias de diferentes tipos com 16 países da ALC, entre as quais, há a comunidade de futuro compartilhado com Cuba, e a Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável com o Brasil. Tudo isso evidencia uma qualidade cada vez melhor das relações China-ALC.

Contamos com uma cooperação ainda mais frutífera. Os países da região geralmente apoiam a Iniciativa para o Desenvolvimento Global. Mais de 20 países reforçaram sinergias entre suas estratégias de desenvolvimento e as da China no âmbito da cooperação Cinturão e Rota. O fluxo comercial entre os dois lados atingiu um recorde histórico de US$ 518,4 bilhões em 2024, o dobro do volume de dez anos atrás. A China já é o segundo maior parceiro comercial da ALC por anos consecutivos. A China já implementou mais de 200 projetos de infraestrutura na região, concretizou múltiplos projetos de cooperação em capacidade produtiva, e forneceu mais de 1 milhão de postos de emprego. A China tem projetos de assistência ao bem-estar do povo em todos os países da região que têm relações diplomáticas com a China, enquanto as empresas chinesas no local assumem ativamente as suas responsabilidades sociais, contribuindo efetivamente à industrialização e desenvolvimento econômico e social locais e forjando um exemplo China-ALC de benefícios mútuos e ganhos compartilhados.

Contamos com aprendizagem mútua entre civilizações ainda mais profunda. A Iniciativa para a Civilização Global é amplamente reconhecida entre os países da ALC. Já tiveram lugar com sucesso sete edições do Fórum sobre o Diálogo entre as Civilizações da China e ALC. Em total, a China ofereceu à região 17 mil bolsas de estudo governamentais e 13 mil vagas de formação na China, assinou 26 atos de cooperação em educação com 19 países, e estabeleceu 68 Institutos Confúcio ou Salas de Aula Confúcio em 26 países. Vários países da ALC, por sua vez, adotaram o Festival da Primavera como feriado oficial. Mais ainda, a China adotou a política de isenção de visto de trânsito por 240 horas a diversos países da região. A China e a ALC contam com um intercâmbio cultural cada vez mais estreito, enquanto o entendimento e a amizade entre os povos são constantemente aprofundados.

Contamos com colaboração em foros multilaterais ainda mais estreita. Ambos os lados defendem firmemente o sistema internacional centrado nas Nações Unidas, persistem no multilateralismo que tem coordenação e cooperação como pedra angular, e rejeitam resolutamente a interferência nos assuntos internos, o hegemonismo e a política de poder. A China e a ALC têm mantido comunicação estreita nas plataformas como Nações Unidas, G20, APEC e BRICS, promovendo a reforma da governança global e salvaguardando os interesses comuns dos países em desenvolvimento. A China e o Brasil emitiram os Seis Entendimentos Comuns sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia, e criaram nas Nações Unidas um grupo de Amigos da Paz, recebendo amplo apoio da comunidade internacional.

Contamos com cooperação integral ainda mais multidimensional. O FCC tem mecanismos como a Reunião Ministerial, o Diálogo de Ministros dos Negócios Estrangeiros da China e do “Quarteto” da CELAC, e a Reunião de Coordenadores Nacionais, e realizou com sucesso mais de cem eventos, incluindo três Reuniões Ministeriais e subfóruns em 31 setores, estabelecendo o canal principal para a cooperação integral China-ALC. A Assembleia Popular Nacional da China passou a ser observadora permanente do Parlamento Centro-Americano (Parlacen). A China tornou-se Estado observador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), e mantém contato estreito com organizações sub-regionais como o Parlamento Latino-Americano (Parlatino), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Aliança do Pacífico (AP), a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), e a Comunidade do Caribe (CARICOM), fornecendo apoio mais amplo e forças múltiplas para o desenvolvimento das relações China-ALC.

II

Os chineses costumam dizer que “tomar o passado como referência ajuda a prever o futuro”, enquanto se diz na ALC “a história é um profeta com o olhar voltado para trás”. Analisar o desenvolvimento do FCC e das relações China-ALC dos últimos dez anos com uma perspectiva mais ampla e uma visão de mais longo prazo, nos ajuda a conhecer melhor a tendência geral, fortalecer a confiança e avançar juntos para o futuro. Os resultados frutíferos que as relações China-ALC alcançaram na última década revelam o seguinte:

A cooperação China-ALC é uma escolha natural para se adaptar à tendência predominante do desenvolvimento do mundo. A ascensão coletiva do Sul Global é uma característica distintiva da grande transformação do mundo. A China e a ALC, sendo importantes membros do Sul Global, reforçaram cooperação e emitiram a voz alta da nossa era - união e autofortalecimento do Sul Global, atuaram em consonância com a tendência predominante da multipolarização. Isso não apenas substanciou o desenvolvimento das relações China-ALC, como também fez novas contribuições para tornar a ordem internacional mais equitativa e justa.

A cooperação China-ALC é uma escolha natural para realizar a modernização do mundo. Com um quinto da superfície terrestre do planeta, um quarto da população mundial e um quarto do PIB mundial, a China e a ALC estão entre os países e as regiões com os maiores potenciais de crescimento e vigores de desenvolvimento. A solidariedade e a cooperação entre os dois lados, e a formação de um megamercado transpacífico de 2 bilhões de pessoas fornecerão uma força motriz inesgotável ao desenvolvimento e à revitalização da China e da região, e blindarão a confiança e a fé para não temermos qualquer chantagem e repressão.

A cooperação China-ALC é uma escolha natural para salvaguardar a equidade e a justiça da humanidade. É flagrante o contraste entre o apelo da China para consulta extensiva, contribuição conjunta para benefícios compartilhados e as ações abusivas e intimidação sistêmica praticadas. O investimento chinês na ALC não tem condições políticas, atende às necessidades e empodera o desenvolvimento da região. Pelo contrário, o que certo grande país tem feito na região só serve para “desempoderar” a região. Está bem claro quem é o amigo confiável e parceiro para cooperação de longo prazo dos países da ALC.

A cooperação China-ALC é uma escolha natural para construir futuro compartilhado. A China e a ALC apoiaram-se na luta contra o imperialismo e o colonialismo e pela libertação nacional, e têm se apoiado na exploração de caminhos de desenvolvimento correspondentes às realidades nacionais de cada um, oferecendo entre si a força motriz de desenvolvimento por meio de aprofundamento de cooperação. Durante a pandemia da Covid-19, os dois lados envidaram os maiores esforços possíveis para se ajudar. A história e a realidade têm provado por repetidas vezes que a formação de uma comunidade com futuro compartilhado China-ALC é o que ambos os lados querem com vontade real e algo que se traduz em ações concretas.

III

Atualmente, a situação internacional registra mudanças e turbulências entrelaçadas, a causa da paz e desenvolvimento enfrenta desafios, os conceitos fundamentais da cooperação internacional estão sendo corroídos, e a incerteza e a instabilidade aumentam no ambiente internacional. Sobretudo, um certo grande país prioriza o próprio e tenta se apropriar dos frutos de desenvolvimento dos países do Sul Global, com a China e os países da ALC incluídos, retardando ou até mesmo interrompendo o nosso processo de modernização. A modernização é direito legítimo dos povos de todos os países, em vez de privilégio reservado para poucos. Ir na contramão da história é contra a vontade dos povos, e intimidação sistêmica e abuso de poder não têm futuro. Perante os riscos e desafios, a China e a ALC devem estar no lado correto da história e da equidade e justiça, proteger os resultados de desenvolvimento de cada um, avançar de mãos dadas na jornada à modernização e promover a formação de uma comunidade com futuro compartilhado China-ALC.

Devemos defender a independência e a autodecisão. Sem autodecisão, não há como falar sobre o desenvolvimento, nem serão sustentáveis os resultados de desenvolvimento. Os países da ALC apelam não apenas para uma verdadeira independência que não se restringe à independência política e soberana, como também para a independência econômica e cultural. A China concorda profundamente com isso e está disposta a trabalhar com a ALC para dar continuidade aos apoios mútuos na exploração de caminhos de desenvolvimento que correspondam às realidades nacionais, para rejeitar juntos as ações de interferência nos assuntos internos em todas as suas formas, bem como para promover a democratização das relações internacionais.

Devemos salvaguardar a paz e a segurança. A China é o único grande país que consagra na sua Constituição o compromisso com o caminho de desenvolvimento pacífico. Nas Cúpulas da CELAC, foi reiterada por várias vezes a proclamação da ALC como Zona de Paz. A China e a ALC, ambas forças pela paz internacional, devem colocar em prática a visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, apoiar a resolução pacífica de disputas. Devemos nos opor à busca da própria segurança à custa da segurança de outros, ao uso ou à ameaça do uso da força, e à generalização do conceito de segurança.

Devemos concretizar o desenvolvimento e a revitalização. Modernização é um sonho e uma busca comum dos povos chineses e latino-americanos e caribenhos. Vamos fortalecer sinergias entre estratégias de desenvolvimento, reforçar o planejamento desde o nível mais alto, e fornecer um ao outro ímpeto de desenvolvimento. Vamos densificar a rede de interconectividade, elevar o nível de facilitação de comércio e investimento, e fomentar o megamercado China-ALC. Vamos aprofundar a cooperação em capacidade produtiva, defender juntos a estabilidade das cadeias produtivas e de suprimentos, fomentar a cooperação em áreas de ponta e a formação de talentos, com vistas a dar um salto no desenvolvimento. A China também implementará mais projetos de bem-estar “pequenos e bonitos” para aumentar a sensação de satisfação dos povos.

Devemos persistir no multilateralismo. O multilateralismo é uma pedra angular importante na ordem internacional do pós-guerra. A China e a ALC devem praticar o verdadeiro multilateralismo, defender o sistema internacional centrado nas Nações Unidas e a ordem internacional alicerçada no direito internacional e preservar os direitos e interesses legítimos dos países em desenvolvimento. Devemos rejeitar juntos o unilateralismo, defender o sistema comercial multilateral centrado na Organização Mundial do Comércio, além de promover juntos um mundo multipolar equitativo e ordenado e uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva, a fim de trazer ao mundo mais estabilidade e energia positiva.

Devemos aprofundar a solidariedade e a cooperação. A CELAC está comprometida a tornar em realidade a visão da grande união dos povos latino-americanos e caribenhos. Na Cúpula da CELAC em Havana, foi aprovada a Declaração Especial sobre o Estabelecimento do FCC. O Fórum carrega consigo a afinidade entre os dois lados. Vamos impulsionar um desenvolvimento melhor do Fórum e injetar mais força motriz ao desenvolvimento das relações China-ALC e à integração regional da ALC.

Diz um provérbio na ALC, “Juntos, somos invencíveis”, enquanto os chineses costumam dizer que “O grande barco avança se todos remamos juntos”. Que a 4ª Reunião Ministerial do FCC tenha reunido ainda melhor a nossa aspiração pelo desenvolvimento, vontade pela cooperação e afinidade entre grandes amigos, para promover mais e novos avanços na formação de uma comunidade com futuro compartilhado China-ALC!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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