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Ricardo Flaitt

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Desmonte do pensamento: a barbárie como projeto de nação

Pior que a retaliação nos investimentos e uma nova investida com matizes ideológicos (sem lastros com a realidade) para justificar possíveis privatizações no futuro é a demonização das atividades intelectuais, estabelecendo um novo grande sofisma de que educar se restringe a aprender uma profissão

Desmonte do pensamento: a barbárie como projeto de nação (Foto: Eduardo Matysiak)
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Os desmontes da Educação pública no Brasil começaram na década de 60, no entanto, o sucateamento físico, moral e intelectual verticalizou-se com força a partir dos anos 90, quando avançaram as políticas neoliberais, transformando a Educação em fardo econômico e não mais como um projeto de nação.

Nos últimos 30 anos o país foi submetido a políticas públicas que desvalorizaram a profissão, relegando os professores praticamente a párias sociais. Além de transformarem a profissão, base de toda sociedade civilizada e desenvolvida, em motivo de vergonha social, dentre outros pontos, complementaram o círculo de ruínas, implantando programas de progressão continuada, uma nomenclatura gourmet que, na prática, passou a despejar despejou milhões de cidadãos no mercado sem as menores condições de interpretar a vida.

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No sentido inverso, no mesmo período, a Coreia do Sul, então mais subdesenvolvida que o Brasil, iniciava uma profunda transformação por meio de uma revolução educacional, que fez emergir o país como um dos grandes centros tecnológicos do planeta, formando novas gerações de cidadãos, preparadas, que impactaram positivamente em todos os segmentos.

Na contramão da História, no Brasil, os governantes "investiram" no desmonte do pensamento, estereotipando a Educação como gasto e não como investimento.

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As atuais políticas de cortes na Educação afundam ainda mais o país para a formação de uma nação cada vez menos pensante. As retaliações orçamentárias na educação básica, no ensino universitário e nos programas de pesquisas, fruto de inimigos ideológicos imaginários, desmontam qualquer projeção para a formação de uma nação desenvolvida. Economia não é constituída apenas por números, mas também por pessoas.

Pior que a retaliação nos investimentos e uma nova investida com matizes ideológicos (sem lastros com a realidade) para justificar possíveis privatizações no futuro é a demonização das atividades intelectuais, estabelecendo um novo grande sofisma de que educar se restringe a aprender uma profissão, direcionando assim, a sociedade para o tecnicismo absoluto.

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Segundo estudo conduzido pelo IPM (Instituto Paulo Montenegro) e pela ONG Ação Educativa, em 2016, em que foram entrevistadas 2002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país, apenas 8% das pessoas em idade de trabalhar "capazes de entender e se expressar por meio de letras e números. Ou seja, oito a cada grupo de cem indivíduos da população plenamente capazes de entender e se expressar por meio de letras e números".

Como se constata a partir do estudo, o descaso das últimas décadas com a Educação já criou uma imensa massa ignara. Fato é que, com estes índices destacados na pesquisa, somos preponderantemente uma nação de analfabetos.

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O desdobramento desse vácuo de pensamento poderá ser ainda mais danoso. Em um país politicamente polarizado, a massa, com pouca instrumentação cognitiva por culpa dos governantes, sem conhecimentos históricos mínimos e com a pós-verdade sendo estabelecida via redes sociais, esse contingente revela-se incapaz de compreender a sociedade e, como consequência, começa a reescrever a História através distorções e achismos.

Educação não pode ser tratada como objeto de esquerda ou direita.

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Quando se renega o pensamento como elemento de desenvolvimento em sentido amplo de uma nação, estabelecido por meio de um sistema sólido de Educação, a única projeção para o futuro é da consolidação do tecnicismo simplista e superficial, formando uma sociedade com hordas destinadas à esteira da produção. Em plena Era da Tecnologia, considerada a quarta revolução, o Brasil adota medidas – e cortes - para a formação de "apertadores de parafusos".

Não há como projetar uma nação desenvolvida sem se considerar um projeto inclusivo de educação.

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É necessário um mínimo de bom senso e discernimento para compreender que um povo se desenvolve com pensamento crítico em todas as áreas do conhecimento. Sobretudo, que não se faz uma nação com armas, guerras ideológicas vazias e que transformações reais não se sustentam em redes sociais.

Por mais que pareça óbvio, é preciso compreender que o mundo mudou. Tentar retroagir a mentalidade das pessoas e as novas concepções sociais é como querer pegar uma canoa e tentar fazer com que ela volte a ser árvore.

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