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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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Dez anos da ascensão fascista

"Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala", escreve Marcia Tiburi

(Foto: Isac Nóbrega/PR | Oruê Brasileiro/Mídia NINJA)
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Esses 10 anos da ascensão fascista, marcada pelo avanço do discurso de ódio e de práticas de ódio, foi a década da violência física e simbólica contra instituições e pessoas. A violência parece ter saído do controle. Toda violência é disruptiva, mas, nesse momento, parece haver algo mais em jogo. 

Bolsonaro governou usando a violência e a ameaça, ela mesma uma forma de violência. E deixou um legado de violência. O massacre de crianças na creche de Blumenau é efeito disso. Os ataques às escolas fazem parte da propagação da cultura do ódio que serve aos interesses de grupos políticos que assaltam as democracias do mundo. 

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O golpe de 2016 foi uma complexa violência contra a democracia e, portanto, contra o povo que dela depende para ter direitos assegurados, e até hoje esse trauma não foi elaborado. Atualmente, segue o trabalho do ódio, que teve um pico simbólico quando Bolsonaro elogiou seu ídolo torturador e, dois anos depois se tornou presidente, não apesar disso, mas justamente por isso. 

O ódio é uma energia psíquica compensatória e funciona como combustível inflamável. Aquele que odeia se sente realizado. Manipulado por grupos que visam o poder, o ódio é o ópio do escravo na internet. O ódio é o novo capital. Por trás de odiadores voluntários, que ganham a sensação de existir e uma estranha cidadania digital através do ódio, há um agitador profissional ganhando dinheiro para atiçar otários. 

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O MBL, Bolsonaro e assemelhados, implantaram o ódio no Brasil de modo sorrateiro. Steve Bannon, incensado pela Folha de São Paulo há pouco dias, é o mentor intelectual e publicitário da extrema-direita pelo mundo afora. A estratégia de implementação do ódio foi publicitária e continua ecoando. O consumo do ódio no contexto do consumismo da linguagem nas redes (a repetição de clichês por seres humano e robôs) é o método para avançar no poder econômico e político há anos. 

Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala e de expressão como se o fascismo fosse algo normal e aceitável. A imprensa que hoje diz para não dar espaço ao assassino de Blumenau, deu um dia espaço a Bolsonaro e ajudou a criar tudo isso. Essa imprensa dá espaço a Steve Bannon. Importante estancar o processo, mas não sem que a responsabilidade seja assumida. E precisamos saber que onde há hipocrisia não pode haver responsabilidade. 

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Ataques a escolas, crianças e professores vêm sendo cada vez mais habituais desde o governo da incitação ao ódio que foi o de Bolsonaro. Em estado de choque, nos perguntamos sobre a natureza do ódio que leva alguém a matar crianças pequenas em uma creche. A resposta é mais que difícil, ela é insuportável e exige responsabilidade: estamos diante da violência pura, sem freios, terrorista. 

O objetivo é o pânico social. A hora é de recolher as armas e investir na educação, na cultura e na comunicação para além do capital. Não haverá paz enquanto o discurso de ódio não for estancado e para isso, os meios de comunicação, que são também meios de produção da linguagem de ódio precisam assumir uma postura ética que até agora parece não estar em pauta.

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