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Carlos Castelo

Jornalista, sócio-fundador do grupo Língua de Trapo, um estilo sem escritor

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Diário de um camping em Brasília

(Foto: Reuters/Adriano Machado)
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5 de janeiro

Saímos de Zurique para Brasília. Conseguimos acomodar bem as mochilas e a barraca no avião. Papai Hans, mama Lily excitadíssimos. Primeira vez que fazemos turismo fora da Europa. Aqui vamos nós, Brasil!

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6 de janeiro

Ótimo voo. Chegamos junto com o nascer do sol. Do Uber, já deu para notar que a cidade é moderníssima, prédios bem diferentes. Papai Hans fotografa tudo. Começamos a pensar onde poderia ser um bom local para armarmos nossa barraca. O motorista do Uber quase não falava inglês, mas apontou para um lugar onde estavam centenas de pessoas acampadas. Mama Lily falou que era um quartel. Ficamos na dúvida se dava para ficar ali. O voto de Minerva foi de Papa Hans. “Quer lugar mais seguro do que na porta do Exército?”. Descemos do Uber e fomos montar o equipamento. O curioso é que os acampados, quando nos viram chegando, nos aplaudiram, animados. Foi a mais calorosa recepção que tivemos ao entrar num camping. Preparada a tenda, nossos novos amigos, e alguns simpáticos soldados, nos levaram a uma espécie de pátio, cheio de bandeiras do país. Ali, depois de cantarem o hino nacional, nos pediram para provar uma deliciosa comida local chamada churrasco. Wunderbar!  De barriga cheia de tanta picanha (corte bovino feito na brasa), e cansados pela longa viagem, fomos repousar. Na barraca, a surpresa: os novos amigos tinham erigido uma bandeira do Brasil em cima dela. Gentileza, teu nome é Brasília.

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7 de janeiro

A fadiga, a picanha e a caipirinha (drinque de destilado de cana com limão e açúcar) foi tanta que acordamos só no dia seguinte. E aos animados berros dos brasucas. É um povo singular. Quando não estão comendo churrasco, e bebendo caipirinhas, ficam no celular conversando em grupos de WhatsApp. Em nosso camping, imagino que sejam de alguma religião que adora um Deus chamado Mito. Passam o dia invocando o nome Dele. E, ao mesmo tempo, pisando em fotos de um demônio cujo nome é Xamam ou Xandan. Mama Lily, que adora livros sobre mitologia, está encantada com a cosmogonia brasileira. No final da tarde, eles nos convidaram para, pelo que compreendemos, o ritual mais importante de sua fé. Chama-se “Festa da Selma”. Acontecerá amanhã, domingo, na praça dos Três Poderes. Todos os adoradores do Mito irão para lá mostra seu amor a Ele. E seu ódio a Xandan. Papai Hans segue registrando tudo no I-Phone.

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8 de janeiro

O camping inteiro, mais outros acantonados do Brasil todo, vieram para a “Festa da Selma”. No início, não entendemos bem se seríamos apenas espectadores, mas um militar nos explicou que deveríamos repetir o que os outros faziam. Então fomos quebrando tudo o que aparecia pela frente. Quadros, tapeçarias, peças de arte antigas, estátuas. Antes de eu arrancar o portal do reino de Xandan, Papai Hans e Mama Lily pediram para tirar uma selfie a meu lado segurando a porta. Cada um de nós levou uma toga dos demônios como recuerdo. O pessoal de Zurique vai morrer de inveja da nossa aventura latino-americana.

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