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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

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Dilma, Aécio, simpatia, inteligência, oratória, TV e urnas – quem ganhará?

A sociedade ficará eleitoralmente mais madura quando um debate de TV importar menos, porque o eleitor já tenha sua ideia de governo corretamente atrelada à sua ideologia

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Grande parte da sociedade não está se dando conta de que se tenta induzi-la a não pensar, não ter ideologia própria e lado político definido. Mas apenas ver TV e assistir debate para escolher pelo método 'quem venceu e quem perdeu no debate'.

Com a massificação de megalucrativos debates para as emissoras, essa grande parte da sociedade-BBB espera para 'votar' no final. Tudo muito parecido com BBB, só falta Pedro Bial e paredão.

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O problema é que eleição não deve ser medida por quem fala melhor, é mais bonito, mais simpático, mais 'gente como a gente', mais humilde, menos arrogante, ataca menos, chora e faz carinha de vítima. Estes seriam os 'profundos' critérios de eleições-BBB. Mas para governar um país a coisa é completamente diferente.

Parece não haver dúvida que Aécio Neves tem uma oratória, ou como se fala na advocacia – sustentação oral – visivelmente melhor que Dilma. Mas falar com fluidez é elegância léxica e rapidez verbal, mental. Que seja traço de inteligência, neste quesito. E aí, qual a importância que a oratória tem para a gestão, para decisões estratégicas de comandar um país? Parece que pouca.

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Sobre inteligência, os cientistas franceses Jean Pierre Changeux e Albert Jacquard ensinam que 'Nenhuma definição é satisfatória, e jamais será, porque o termo cobre um conjunto de faculdades interdependentes, ainda difíceis de serem percebidas no plano experimental'. Concluem 'é uma qualidade polivalente: diz respeito à imaginação, à capacidade de responder depressa' (Entrevistas do Le Monde, O indivíduo, p. 59).

O que se vê no debate e 'impressiona', favorável a um ou a outro, qualquer que seja, essa busca sôfrega e primária de 'quem venceu', é algo bastante discutível. Principalmente em encontros com forte carga acusativa, nunca comparativas diretas e sem um mediador de verdade.

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Outro fator que influencia, apenas neste mundo cênico televisivo, é o quesito 'simpatia'. De novo Aécio Neves não parece estar ali forçado e de saco cheio, como se percebe ser o caso de uma exaurida Dilma Rousseff. Aqui é importante frisar que não apenas à população em geral há essa percepção, mas a alguns jornalistas, chegando a existir um aproveitamento doloso em suas críticas. Simpatia não pode ser confundido com melhor governança e plano de governo, itens que precisam ser avaliados independente da roupa ou da cara de cada um.

Estes dois pontos são idiossincráticos e podem não dizer absolutamente nada para o cargo. Só para se ter ideia, no mundo do crime há um tipo de bandido que é invariavelmente simpático, e tem que ser. É o estelionatário, o golpista. Nem criminosos gostam de golpistas nas prisões. Veem-no como um enganador e um falso, um que não tem palavra. E o sujeito é o rei da simpatia e da boa lábia.

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Falar bem e ser simpático impressiona, mas neste caso serve somente para observadores primários. Podem ser, efetivamente, os fatores, traços de segurança e tranquilidade, mas podem ser um sinal de cinismo profissional cênico de quem se treinou para isso. Ou está acostumado a falar em tribunas e congressos.

Um primeiro aspecto que deveria organizar tudo nos eleitores indecisos sai do autoconhecimento, ferrenho, verdadeiro, declarado e assumido. Como sua verdade interna. Quem ele é, sem medo, em termos de direita e esquerda. Isso mesmo. Estas expressões antitéticas servem há mais de dois séculos para designar o contraste entre as ideologias (Bobbio, Direita e esquerda, p. 49).

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Tolinhos ou canalhas de plantão dizem que a divisão não existe mais. Os primeiros certamente não estudam muito. Os segundos pertencem àquela ala do muro que quer dançar, cinicamente, conforme a música. Coisa do tipo PMDB. Ou são direitões inveterados conscientemente envergonhados.

As diferenças entre Aécio e Dilma são viscerais. Interesses da direita estão mais tutelados e comprometidos em Aécio e seu baronato do PSDB e aliados. Basta ver que praticamente todos os candidatos que perderam, ultraconservadores, além de gente como Malafaia e Bolsonaro apoiam Aécio. Isto é um fato. Pode ser, legitimamente, do agrado de quem achar que Aécio merece ser presidente.

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Já os interesses da esquerda se veem mais chegados a Dilma, inclusive com a questão da revolução social iniciada por Lula.

Corrupção e roubalheira são fatores históricos no Brasil. Ministério Público, Receita Federal e polícias continuam a não querer investigar 'evolução patrimonial' de nenhuma 'autoridade'. Querer que corrupção pertença autoralmente ao PT é infantil. Ou idiotice mesmo. Ambos os lados têm mazelas, mentiras e problemas.

A sociedade ficará eleitoralmente mais madura quando um debate de TV importar menos, porque o eleitor já tenha sua ideia de governo corretamente atrelada à sua ideologia.

O debate de 19.10.14 melhorou o 'nível'. Ou terá sido mais mentiroso? O certo é que aquele projeto patético de futricas cênicas foi posto de lado. Ficaram a surpresa e o espanto. A cada início de fala ambos se diziam espantados como se tivessem visto disco voador.

Talvez quem mais precise melhorar seja a imprensa que, em grande parte, se esqueceu efetivamente de fazer seu duplo papel jornalístico, minimamente isento em notícias e relatos, e seriamente opinador por meio de seus intelectuais.

As barbas foram postas no molho. Dilma ou Aécio. Se não aparecer um filho espúrio de alguém para impactar a sociedade conservadora ou alguma grande revelação de última hora, não há prognóstico possível.

Do blog Observatório Geral

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