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Leopoldo Vieira

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Dilma Rousseff pode mesmo ser presa?

José Dirceu faz um alerta político baseado na ideia de que o PT estaria subestimando, portanto, uma reação política a uma ofensiva também política da operação. Nestes termos (e não pensando no processo jurídico), a prisão de Dilma Rousseff poderia ser o test drive ideal para prender o ex-presidente Lula com condenação ou não

dilma   (Foto: Leopoldo Vieira)
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Segundo a imprensa, em conversas com interlocutores a partir da prisão, o presidente do PT que coordenou a vitoriosa campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 alertou para os riscos reais de prisão do ex-presidente e sua sucessora, Dilma Rousseff.

Motivo: a delação do maior consultor político da América Latina, que dirigiu o marketing das campanhas petistas de 2006, 2010 e 2014, João Santana, e de sua esposa-sócia Mônica Moura.

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Na verdade, a delação de Marcelo Odebrecht, que aponta que a ex-presidenta supostamente conhecia os pagamentos em caixa 02 a Santana, ou o processo por obstrução de justiça em virtude de suposto desvio de finalidade ao nomear Lula chefe da Casa Civil, no auge da crise política, em 2016, já contém elementos que justificariam uma prisão. Ainda mais se considerar a tradição da Lava Jato. Esta delação de Santana e Moura pode ser apenas o grand finale.

Contudo, José Dirceu faz um alerta político baseado na ideia de que o PT estaria subestimando, portanto, uma reação política a uma ofensiva também política da operação.

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Nestes termos (e não pensando no processo jurídico), a prisão de Dilma Rousseff poderia ser o test drive ideal para prender o ex-presidente Lula com condenação ou não.

Teste de reação:
- Os 30% da sociedade que se manifestaram nas ruas ou em pesquisas contrários ao Impeachment o fizeram não por Rousseff, mas pelo discurso do golpe de estado, defesa da Constituição e oposição a retrocessos sociais do "projeto neoliberal". Estes são os mesmos que seguem mobilizados agora no pólo de esquerda contra Michel Temer, independentemente da popularidade deste e insatisfação com seu governo.
- Classes C, D e E, embora rejeitem Temer, seguem desmobilizadas, tal como estavam ante a deposição de Dilma, quando rejeitaram defendê-la e tão pouco parecem se arrepender disso atualmente.
- Parte considerável da imprensa internacional comprou que havia ruptura institucional no Brasil, levando parte da opinião pública da Europa e EUA a, pelo menos, desconfiar de que isso seria verdadeiro. Neste momento, Rousseff dá prosseguimento a um tour de denúncia de sua cassação, acimentando aquela primeira perspectiva.

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Este parece, então, ser um teto alto até demais para sair em defesa de Rousseff.

Presa, poderia ser medido o tamanho e o alcance da insatisfação com a medida nas ruas e redes sociais. O tamanho e o alcance da aprovação em ambas. Se haveria conflitos mais sérios do que chorumelas no twitter e Facebook, e 5, 10 mil manifestantes em capitais (com exceção da Paulista, claro, que contra ou a favor sempre põe mais) e, melhor, por quanto tempo e com qual fôlego. Idem, para os que aplaudiriam a prisão.

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O tempo de uma prisão temporária poderia ser suficiente e, confirmado que a adesão dos favoráveis à ex-presidenta não sairia muito dos padrões atuais ou da época do Impeachment, comparada só à popularidade bruta da Lava Jato, isto é, sem sequer considerar eventual superação dos favoráveis à prisão aos desfavoráveis, a medida poderia se prorrogar até condenações.

A opinião pública internacional iria reagir com tão expressiva efetividade diante de acusações judiciais, distintas de processos políticos? Dificilmente. Talvez num primeiro momento, o que seria pior, porque poderia ir se vendo cair gradualmente esta abordagem. Jornais internacionais não gostam de correr riscos reais de serem desmoralizados, sobretudo, quando se trata de casos judiciais.

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Sem contar o peso que é, pela primeira vez, prender um ex-presidenta da República (Dilma, no caso). E não há um mais frágil, pois Collor está investigado no STF, Sarney idem, FHC nem na investigação está e Lula tem o fator político contrabalanceando desde 2016.

Daria um prestígio enorme para a Lava Jato que, a depender, justamente da repercussão, poderia ser um ponto de inflexão honrosa ou de persuasão ao infinito.

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Lula preso teria reação maior? Provavelmente sim. Mas dentro da "margem de erro", caso fosse mantido o padrão atual de mobilizações, repito.

Condições criadas para fazer o que a operação não pode adiar para 2018, com um consistente quadro de amostragem para não apenas prever o nível da reação, mas antecipar respostas.

Lula, uma, duas semanas preso, sem reações realmente grandiosas, poderia virar mais uma situação em que o país se acostuma, ainda mais aqueles que seriam seu pilar de apoio: as classes C, D e E, que o defendem pelas boas lembranças de prosperidade, por ter "feito pelos pobres" vindo de "lá", mas não exatamente pelo argumento ético. Do contrário: é conhecido um argumento entre os mais pobres de o ex-presidente seria uma espécie de "rouba mas faz" do povo.

Tudo o que vai para as redes é fugaz. Nas ruas, quanto mais dias se passando, em casos assim, mais gente é exigido, mas parece que a tendência poderia ser, exatamente, o oposto. Dezenas de milhares nos primeiros dias, com queda de adesão nos seguintes.

Por isso, a precária fala da ex-presidenta em Harvard, com medo de que tirassem Lula "da parada", foi ruim. Ainda está presa ao seu discurso de queda, como se a obstrução à Lula fosse uma maquinação do PMDB e do PSDB.

Enquanto isso, Sergio Moro, num país avesso à corrupção e num ambiente acadêmico e juvenil ainda mais avesso, apresentou a Lava Jato na fase correspondente em que precisa de mais apoio mundial e, principalmente, da sociedade americana: a hora de justificar a implosão do sistema político por meio da condenação radical ao caixa dois.

Ele, um magistrado de primeira instância. Ela, a que foi presidenta da República. Logo se vê que há inversões graves na "meritocracia" de capacidades políticas. Seria um sintoma do que vem no pós-Nova República?

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