Doces batatas de Gaza
"As doces batatas de Gaza foram destruídas, sem que pudessem oferecer seu sabor aos Israelenses"
As batatas surgiram ao sul da cordilheira dos Andes, há aproximadamente 15 mil anos. Ha vestígios de cultivo pelos Maias de 8 mil a.c. Chegaram a Europa em 1570 e de lá tomaram o mundo.
Gaza é uma cidade que remonta ao séc. 15 a.c. Hoje está localizada e empresta o nome a Faixa de Gaza. É um quadrilátero entre Israel, Egito e o Mar mediterrâneo.
Gaza é habitada por 2,5 milhões de palestinos. Essa população gerava um PIB de US$ 3 bi. É um dos lugares mais miseráveis do mundo.
Seria bem razoável supor que a Faixa de Gaza acabasse desenvolvendo relações econômicas com Israel. E isso vinha lentamente ocorrendo. Perto de 20 mil residentes em Gaza tendo autorização para trabalhar em Israel. E pelo comercio, com as importações de produtos agrícolas de Gaza por Israel.
O relacionamento econômico entre os dois povos poderia colaborar para, somado a outras iniciativas, o estabelecimento de um processo de negociação que resultasse no cessar dos conflitos. É claro que por si só o comercio não seria capaz de sustentar essa inversão nos rumos do conflito.
Embora o Governo Israelense tenha retirado suas tropas e colonos (9.000) de Gaza em 2005, na certeza que região seria controlada pela Autoridade Nacional Palestina, a eleição do Hamas em 2007, com a política de confronto com Israel, acabou por levar ao embargo comercial da região.
Uma crise no abastecimento agrícola, em 2012, revelou a complexidade das relações entre os dois povos.
O rabino e ex - parlamentar Yaakov Litzman, líder do partido ultraconservador “judaísmo Unido do Torah” solicitou por carta ao Ministro da Agricultura de Israel, Oded Forer, a importação de batata-doce da Faixa de Gaza, para sanar a escassez do produto.
“A política que empreguei desde o início de meu mandato … é não importar bens em geral – bens agrários, em particular – da Faixa de Gaza, além das importações existentes, aprovadas antes de minha posse”, declarou Forer em carta encaminhada a Litzman.
Mais adiante Forer diz que faz isso pelos ”irmãos” (soldados) detidos em Gaza. E que um pedido semelhante da Comunidade Européia para a liberação de Morangos, também foi negado.
As áreas agrícolas em Gaza passaram por descontaminação de explosivos, que poderiam contaminar a produção, além do nivelamento do solo bombardeado.
Essa produção não vendida a Israel ou apodrece nas lavouras ou é distribuída aos moradores. Os prejuízos aos agricultores são imensos, o que inviabiliza qualquer aumento da produção.
O massacre 07/10/2023 levou a radicalização dos embargos de Israel a Gaza. O resultado disso: as doces batatas de Gaza foram destruídas, sem que pudessem oferecer seu sabor aos Israelenses.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

