Dos cravos de abril aos passos de Niterói: 51 anos de flores e resistência
Assim como em Portugal, os cravos de Niterói não são apenas flores — são símbolos
Há 51 anos, Portugal acordava com o som de uma revolução sem tiros — mas cheia de voz. Era 25 de abril de 1974 quando tanques avançaram pelas ruas de Lisboa não para calar, mas para libertar. E sobre o cano frio das armas, brotaram cravos vermelhos. Vermelhos como a coragem, vivos como a esperança. O povo e os soldados rebeldes caminharam juntos, abrindo as portas de um novo tempo: o tempo da democracia, da liberdade, da palavra desamordaçada. Foi a queda da ditadura de Salazar.
Essa flor que nasceu em Portugal cruzou oceanos e décadas, fincou raízes do outro lado do Atlântico e floresceu, também, em Niterói. Relembramos a Revolução dos Cravos pelo nosso compromisso internacionalista.
Aqui, há 15 anos, a Caminhada dos Cravos ocupa as ruas com os mesmos ideais que movem a luta popular. Diante da desesperança e do cansaço, a luta surge como marcha de resistência, um gesto coletivo que defende a solidariedade, a justiça, a gentileza e a equidade entre todas as pessoas. É mais do que uma caminhada: é um posicionamento político que carrega o orgulho da história de Niterói — terra onde nasceu o Partido Comunista, palco de greves que mudaram o rumo do país, berço de lutas sociais forjadas na consciência do povo trabalhador. Nós realizamos essa atividade comemorativa há 15 anos em Niterói.
É também luta firme contra o fascismo, contra o obscurantismo que insiste em assombrar a vida e a democracia. Um lembrete vivo de que a liberdade não é um ponto de chegada, mas um caminho de vigília constante, feito de passos coletivos e flores insurgentes.
Assim como em Portugal, os cravos de Niterói não são apenas flores — são símbolos. De memória e de futuro. De um povo que não aceita o silêncio, que transforma a dor em poesia e a indignação em passo firme. Um povo que sabe que a liberdade não é conquista que se guarda na estante: é flor que precisa ser regada com luta, todos os dias.
Ao celebrar os 51 anos da Revolução dos Cravos, celebramos também esse fio invisível que une os povos — de diferentes terras, mas de mesma chama. Niterói quer um futuro com flores. Nossa cidade segue caminhando com elas na mão.
E neste domingo, 27 de abril, às 9h, no Campo de São Bento, Niterói volta às ruas com cravos nas mãos e esperança nos passos. Porque os cravos ainda florescem — e a liberdade continua a caminhar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

