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      Luiz Alberto Gómez de Souza

      Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, pós-graduado em Ciência Política, doutor em Sociologia. Autor de mais de cem artigos em revistas brasileiras e internacionais e colaborador e organizador de vários livros

      70 artigos

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      Duas reações complementares sobre o clima político

      Estou impressionado com a agressividade raivosa no espectro das posições políticas. No mundo da direita é até normal e esperado. Na nossa área é um despropósito. Há um racha profundo na sociedade, alimentado também por um fogo amigo

      Duas reações complementares sobre o clima político (Foto: LUIS MACEDO)

      28 de agosto. Saí do hospital e volto para minha casa. Bom retomar o teclado grande e procurar inspiração. A grande corrente de amizade e carinho de tantos de vocês são um estímulo para voltar à atividade na grande ciranda da vida.

      Estou impressionado com a agressividade raivosa no espectro das posições políticas. No mundo da direita é até normal e esperado. Na nossa área é um despropósito. Há um racha profundo na sociedade, alimentado também por um fogo amigo. Lembram dos aloprados, que desajeitados punham água no moinho da outra banda? Confesso que vou deletando um certo sebastianismo azedo.

      Mais que nunca minha bandeira é uma ampla frente dos setores progressistas. Meus candidatos aos vários cargos têm diferentes origens. Os espaços partidários vão murchando e, se ficarem isolados, levarão a uma necrose cívica. Aliás, como já dizia Betinho em 1994, a vida não acaba numa eleição e menos nesta, com uma campanha abestada.

      Nossas lideranças têm de ter grandeza e sentido de pátria, olhando longe, com desprendimento. Aprendamos com Mujica e, num outro nível, com Francisco. E na linha da reflexão libertária de Gustavo Gutiérrez, proclamando a força histórica dos pobres.

      São desabafos e provocações de quem quer voltar aos reais embates da sociedade, onde o coletivo supera caciquismos . E la nave va, contra ventos e tempestade. 

      29 de agosto. Como é difícil manter uma posição dinâmica em tensão! Quando faço crítica aos meus próprios companheiros - e a mim mesmo em momento de crispação -, vejo alguns, do alto de sua neutralidade olímpica, dizerem, elogiosos: "ele tem razão, como é lúcido, são todos iguais". E vejo que posso, mal interpretado, alimentar um certo tucanato, explícito ou enrustido, com "la bonne conscience des bien pensants", que Bernanos tanto repelia. O centro pode ser um refúgio cômodo para aninhar quem quer ficar "au dessus de la melée". Só aceitaria, com certas ressalvas, aquele extremo centro que indicava Alceu Amoroso Lima, nosso querido dr. Alceu.

      Que fique claro, minha crítica a companheiros é feita com amor e impaciência, pois estamos juntos do mesmo lado e precisamos deles. Se tivesse que escolher. ficaria com eles sem lugar a dúvidas. Aliás, foi com eles que desci para a avenida numa enorme cumplicidade.

      Nada pior do que "o homem que via o trem passar", debruçado em sua janela asséptica. Gosto daquela frase da Bíblia sobre os nem frios nem quentes: "Aos mornos, eu os vomitarei da minhas boca".

      E chega o chamado que cantam as pastorais populares e as CEBs:

      Por isso vem,

      entra na roda com a gente também, 
      você é muito importante, vem".

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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