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Raimundo Bonfim

Coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP)

53 artigos

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É com povo na rua que deteremos Bolsonaro

"Não vamos sair das ruas, não vamos sair das redes sociais enquanto não derrubarmos o governo Bolsonaro e abrir caminhos para derrotar o bolsonarismo e colocar em marcha um projeto popular", escreve o coordenador da CMP Raimundo Bonfim

(Foto: Midia Ninja)
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Por Raimundo Bonfim 

Desde o início do governo que resultou de um golpe e da fraude eleitoral, o presidente Jari Bolsonaro avança com sua política de desmantelamento do Estado brasileiro e da já precária estrutura de garantia de direitos e bem-estar social. Nesta semana, não foi diferente: ao mesmo tempo em que ataca a democracia e as instituições, Bolsonaro e a maioria dos deputados seguem com a entrega do patrimônio brasileiro pelas privatizações (Eletrobrás e, agora, Correios), destruição das políticas sociais, ambientais e culturais, além da retirada de direitos da classe trabalhadora. A precarização das relações trabalhistas está em pleno andamento, penalizando os trabalhadores e trabalhadoras, com a terceirização de serviços, desproteção social e salários menores, especialmente o das mulheres e da população negra.  

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Nada disso acontece ao acaso. Destruição é a marca registrada do governo Bolsonaro, e se engana quem acha mera coincidência a aprovação de pautas impopulares no Congresso combinada com o caos político permanente semeado pelo presidente. A crise é o negócio mais lucrativo do momento, seja pela corrupção generalizada nas medidas adotadas em plena pandemia, seja pelos ataques antidemocráticos em meio ao avanço da agenda neoliberal. Lembremos ainda que Bolsonaro permanentemente sucateia a ciência, a pesquisa e a tecnologia, as políticas de educação, moradia, agricultura familiar, dentre outras.  

O golpe de 2016, a condenação, prisão e impedimento do ex-presidente Lula para não disputar as eleições de 2018, e as ameaças constantes para fazer avançar o projeto autoritário são formas de impor ao país todos esses retrocessos. O desmonte da legislação trabalhista, por exemplo, foi aprovado mediante a mentira de que aumentaria a oferta de emprego, mas o objetivo das mudanças sempre foi privilegiar os interesses do mercado financeiro e favorecer os empresários. A retirada de direitos dos trabalhadores não é nova. Sempre que o capitalismo entra em crise, a burguesia joga a conta nas costas dos trabalhadores, com eliminação de direitos e cortes de investimentos nas áreas sociais.   

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Batemos o primeiro trimestre com uma taxa de 14,7% de desemprego, o que equivale a 14,8 milhões de pessoas desempregadas. São números elevadíssimos, os maiores desde o início da série histórica, iniciada em 2012 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O subemprego também é o maior da série histórica: o país tem hoje 33,2 milhões de pessoas na informalidade, sem nenhuma garantia de proteção social e com ganhos ainda mais baixos. E não há luz no fim do túnel com este governo que massacra os pobres e privilegia os ricos e poderosos. Uma eventual melhoria na economia aventada para o final de 2021 e para 2022 não irá beneficiar o povão, os trabalhadores com baixa renda e os desempregados.  

Com isso, aumenta o drama de milhões de pessoas que não conseguem nem mesmo se alimentar e pagar aluguel. É notório o aumento de pessoas despejadas e obrigadas a morar nas ruas com suas famílias, justamente em um momento em que o país já conta com mais de 560 mil mortos por Covid-19 e que manter o distanciamento é uma das medidas para evitar a transmissão do coronavírus. Como pode famílias inteiras morando nas ruas terem condições de manter distanciamento e higiene? Dados de 2020 do IPEA (Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada) apontam que a população em situação de rua já atinge a marca de 221 mil pessoas.  

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A pandemia escancarou e aumentou as desigualdades sociais: os mais pobres ficaram muito mais pobres e os mais ricos ainda mais ricos. A Covid-19 deixou ainda mais evidente que, quando a doença chega, seu impacto não é igual para todos. Segundo pesquisa da Organização Não-Governamental Oxfan, divulgada no ano passado, o patrimônio dos bilionários brasileiros aumentou em US$ 34 bilhões, ou seja, cerca de R$ 177 bilhões. Esses são dados de 2020. Os lucros se elevam enquanto o coronavírus continua se alastrando entre a população mais empobrecida. Na contramão dos ganhos dos bilionários, mais um triste dado: 19,3 milhões de pessoas vivendo em pobreza extrema e passando fome. Com o alto desemprego, falta de renda e a disparada de alimentos básicos como arroz, feijão, carne, óleo de soja, entre outros itens, milhões de pessoas entraram novamente no mapa da fome no Brasil, apesar do crescimento do agronegócio.  

Nada mais evidente para caracterizar o resultado do governo dos militares, milicianos, capangas do agronegócio, banqueiros, pastores que exploram a fé do povo, fascistas e mercadores de vacinas, do que a cenas de famintos na fila de açougue à espera por doação de ossos para comer com água, sal e farinha, justamente em Cuiabá, capital do agronegócio, uns dos principais segmentos que compõem a base de sustentação de Bolsonaro. A política de armar fazendeiros e jagunços e de liberalização do setor para aumentar os preços dos produtos coloca à margem o pequeno agricultor, sem política de incentivo para a produção de alimentos saudáveis que abastecem o campo e a cidade.  

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O triste quadro de mortes e infectados no país não abalou o lucro do setor financeiro, que não para de crescer. No primeiro trimestre deste ano, o lucro consolidado de bancos como Bradesco, Itaú-Unibanco, Santander e Banco do Brasil somou R$ 18,6 bilhões, 34,2% acima de igual período de 2020. Isso tudo é fruto de uma política econômica que beneficia os banqueiros e uma minoria que vive do rentismo, em detrimento da produção. É o lucro acima da vida.  

É diante desse quadro de elevado desemprego, fome e mortes no país, que realizamos quatro grandes jornadas de manifestações contra o governo Bolsonaro. Os milhares de atos mobilizaram o Brasil e muitas cidades do exterior entre os meses de maio e julho deste ano. Foram gigantescas manifestações pelo Fora Bolsonaro, vacina já e auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia. Além dos motes gerais, os protestos denunciaram e repudiaram a política econômica, as privatizações e a destruição de direitos. E, obviamente, exigiram o necessário impeachment do presidente da República.

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Bolsonaro não tem condições políticas de permanecer na Presidência da República. Além de todos os crimes elencados em diversos pedidos de impeachment protocolados na Câmara, especialmente os 23 tipos penais arrolados no superpedido apresentado em 30 de junho, agora a CPI da Covi-19 revela que foi montado um grande esquema de corrução na compra das vacinas.  

A Campanha Nacional Fora Bolsonaro, da qual a Central de Movimentos Populares (CMP) faz parte, foi criada em junho de 2020 e tem ganhado cada vez mais capilaridade pelo aumento das cidades e do número de atos. Isso demonstra a crescente indignação de amplos setores da sociedade contra o governo Bolsonaro. E a próxima grande mobilização já está marcada: será no dia 7 de setembro, precedida de um calendário de ações durante o mês de agosto.   

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Em queda livre em termos de popularidades e aumento de rejeição em cada pesquisa, Bolsonaro aposta suas últimas fichas no confronto e no caos, para justificar uma ruptura com a democracia, atacando opositores e tentando colocar em dúvida a lisura do voto em urna eletrônica, fazendo diariamente ameaças que condicionam a realização do pleito de 2022 à realização de suas vontades pessoais. Bolsonaro na Presidência age como as milícias nos bairros: ataca as instituições que não se curvarem aos seus desejos de poder.   

Precisamos dar um basta nisso, transformando os milhares de manifestantes nas ruas em milhões de pessoas em favor da democracia e da vida. O Brasil não aguenta mais tanto desemprego, fome, pobreza, doença e mortes. Estamos à beira de uma convulsão social e, por isso, precisamos agir imediatamente. Notas de repúdio não bastam para conter o ímpeto de Bolsonaro e de seu bando de militares e milicianos no desejo de impor um regime ditatorial e neofascista em nosso país. É preciso dar um basta a tudo que o governo Bolsonaro representa. E é agora, não afastá-lo em 2021 e trabalhar apenas com a possibilidade de vencê-lo nas eleições de 2022 pode ser uma aposta de alto risco, pela tentativa de golpe já anunciada.   

 É preciso aumentar a pressão popular! Neste 7 de setembro, dia do Grito dos/as Excluídos/as, é tarefa de todas as pessoas comprometidas com um projeto de país soberano e popular sair às ruas pelo fim do governo Bolsonaro! Devemos criar as condições para uma forte insurreição popular para forçar o presidente da Câmara a instalar o processo de impeachment do presidente. Não dá mais para esperar. A hora é já. A cada dia que Bolsonaro permanece na Presidência é mais autoritarismo, mais desemprego, mais fome, mais doença, mais mortes, mais destruição do meio ambiente, da cultura, de todas as políticas e dos direitos sociais. É por isso que não podemos dar trégua. A luta pelo fim do governo Bolsonaro tem que ser constante e diária. Não vamos sair das ruas, não vamos sair das redes sociais enquanto não derrubarmos o governo Bolsonaro e abrir caminhos para derrotar o bolsonarismo e colocar em marcha um projeto popular, com um programa que enfrente os privilégios da burguesia, a concentração de riquezas, taxe as grandes fortunas, as grandes heranças e os dividendos, combata a desigualdade social, o racismo e a violência de gênero. Fora Bolsonaro!  

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