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Carlos Odas

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É hora de falar ao povo que nos confiou mais um mandato

A direita protofacista faz seus simulacros de agitação social, emulando o ambiente pré-golpe de 1964. Eu não tenho dúvidas, no entanto, de que nossa capacidade de mobilização é muito maior

A direita protofacista faz seus simulacros de agitação social, emulando o ambiente pré-golpe de 1964. Eu não tenho dúvidas, no entanto, de que nossa capacidade de mobilização é muito maior (Foto: Carlos Odas)
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Aécio perdeu; ao ver que perdia, recorreu às trevas e permitiu perfilarem-se às suas hostes uma legião de demônios (o fascismo latente, o racismo patente, a defesa do exclusivismo social disfarçada de combate à corrupção). E, com eles, perdeu. Bolsonaro ganhou. Viu-se, na campanha de Aécio, que parte significativa dos eleitores deste gostaria mesmo de poder votar naquele. Uma defesa mais escancarada de ideias da mesma matriz; esse eleitor não queria ganhar eleições, como se viu pelas reações posteriores; queria acabar com o PT e os petistas e fazer terra arrasada de tudo o que significou esses doze anos de governos do PT. E nós perdemos, porque o ódio ao PT foi capaz de galvanizar um sentimento de mudança em parcelas significativas da população que sempre tenderam ao centro do espectro político. Pode-se dizer que hoje o fascismo é uma força política no Brasil, um fenômeno como o Partido Nacionalista da França, em busca de um Le Pen. Aécio perdeu mais uma vez, porque a direita já tem um Le Pen intragável (Bolsonaro) e um palatável (Alckimin).

A diferença de Aécio para nós é que ganhamos dele nas urnas e isso nos dá a prerrogativa de trabalhar para mudar esse resultado; mudar esse resultado, por sua vez, significa reconstruir a capacidade de disputar a mudança no campo simbólico, a ponto de o eleitor não desejar mudar. Ou iniciamos uma disputa por hegemonia cultural e social, ou enfrentaremos outra batalha campal como a dessas eleições em 2018. Ganhar ou perder é do jogo, como bem disse a Presidenta reeleita. O problema, no entanto, é a sensação de que a cada uma dessas batalhas um pouco de nossa humanidade volta para casa esfarrapada, ferida, rota, em petição de miséria. E, aí, perdemos todos.

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Eis a hora, no entanto, da disputa real e verdadeira: a condução da agenda pública do país. Falar em reforma política após a eleição desse Congresso Nacional que assumirá em 2015 é uma temeridade; falar em Constituinte Exclusiva nessa conjuntura e com essa correlação de forças como está posta hoje em nossa sociedade é - desculpem, companheiros - uma loucura. O que eu sugiro? Promover ações nas quais somos exímios: fazer comícios. Eu queria ver o Lula em praça pública, correndo o país, ladeado por uma trupe de intelectuais e líderes latinos, africanos e europeus, falando ao povo maravilhas utópicas às quais saboreamos nos sonhos que nos animaram para a luta no passado. Falando, sobretudo, aos jovens, nas nossas universidades, mas também - e principalmente - nas nossas periferias, não para defender as realizações de seus governos ou dos governos de Dilma, mas para fazê-los sonhar também com um outro patamar civilizatório. Eu queria reedições, mensais se possível, do Fórum Social Mundial em todas as regiões do país e nos nossos vizinhos da América Latina. Eu queria um estado permanente de mobilização social em favor de mudanças profundas em nossas vidas. Eu queria que não nos mandassem pra casa após cada eleição ganha.

Além disso, por que a CUT e centrais sindicais de esquerda, a UNE, o MST, o Movimento do Passe Livre, o MTST não convocam, conjuntamente, uma Conferência Nacional e Popular Pela Reforma Política e, nessa conferência, discutam com suas bases sociais mais que isso e, sim, quais agendas são prioritárias para que alcancemos a correlação de forças para uma reforma que represente, mais seguramente, avanço e não retrocesso?

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Seremos acusados de dividir, de agitar, de querer influenciar o povo; mas, eu pergunto: se não o fazemos, seremos acusados de tudo isso e mais o quê? De todas as acusações injustas a que somos todos os dias expostos, eu me orgulharia se esses que nos acusam, passassem a nos atribuir, indignados, a pecha de infames militantes da subversão, os que querem mudar a ordem "natural" das coisas. Pior: comunistas! Sei que isso já o fazem, mas não quero me valer da ignorância deles. Quero é que seja verdade.

A direita protofacista faz seus simulacros de agitação social, emulando o ambiente pré-golpe de 1964. Eu não tenho dúvidas, no entanto, de que nossa capacidade de mobilização é muito maior, assim como acredito que nossa democracia já tem força o suficiente para suportar as tensões legítimas do enfrentamento de ideias em praça pública.

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Se é reformar a política o que queremos, precisamos mergulhar nela e trazer o povo para dentro dela, com todas as contradições que nós mesmos ainda não fomos capazes de traduzir em sínteses. Eu não confio em ninguém que detenha mandatos para fazer a Reforma Política. Eu confio no povo, que já nos deu quatro mandatos seguidos. E, pra falar com ele, eu acredito em comícios.

Carlos Odas
foi Secretário Nacional de Juventude do PT e membro da Executiva nacional do partido

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