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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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É melhor renunciar já do que ser derrubado logo mais

"Se a primeira delação está provocando esse reboliço todo, a tendência é piorar com as próximas. Odebrecht derrubou Dilma e agora está derrubando Temer. Cada vez mais isolado, mais impopular do que nunca, não tem mais apoio na direita das ruas, nem na imprensa da direita nas ruas e seus aliados do centrão ameaçam boicote", escreve Alex Solnik; "É melhor ele renunciar já do que ser derrubado logo mais", defende o jornalista

"Se a primeira delação está provocando esse reboliço todo, a tendência é piorar com as próximas. Odebrecht derrubou Dilma e agora está derrubando Temer. Cada vez mais isolado, mais impopular do que nunca, não tem mais apoio na direita das ruas, nem na imprensa da direita nas ruas e seus aliados do centrão ameaçam boicote", escreve Alex Solnik; "É melhor ele renunciar já do que ser derrubado logo mais", defende o jornalista (Foto: Alex Solnik)

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O colegial de 13 anos espera na saída da escola aquele que o tinha desafiado em classe na base do "vamos resolver lá fora". Forma-se uma rodinha em torno deles. Ele apanha, apanha, apanha até não poder mais. Rosto desfigurado, exangue tenta esconder a derrota bradando em direção ao outro: "Bate mais se for homem"!

Foi mais ou menos essa a reação de Temer:

"Quero a delação na íntegra"!

É uma bravata, é claro, porque a íntegra da delação vai expor ainda mais os bastidores fétidos do PMDB comandado por ele desde a morte de Orestes Quércia, que, por sinal, deixou uma herança incalculável para seus descendentes depois de começar pobre na carreira política.

Não é possível que alguma das 76 delações que ainda virão à luz desminta a primeira.

Os 77 funcionários da Odebrecht escalados para delatar eram lobistas profissionais cuja missão era comprar políticos influentes. Ponto final. Não tinha blábláblá nem nhe-nhe-nhem. Era toma-lá-dá-cá puro e simples.

Tal era a importância que a Odebrecht dava a essa tarefa, fundamental para alavancar seus negócios.

O número é assustador: a maior empreiteira do país e uma das maiores do mundo tinha 77 funcionários incumbidos de corromper expoentes da política nacional para colocá-los a serviço de seus interesses.

Todos os políticos que se relacionaram com algum deles foram atraídos ou ofereceram seus préstimos sabiam do que se tratava. Não tem almoço grátis em Brasília.

Eles se filiaram, querendo ou não, ao Partido da Odebrecht, o partido que derrubou Dilma, porque, com exceção de alguns membros da bancada, estão lá os que conceberam, comandaram e votaram pelo impeachment, na Câmara e no Senado.

Os interesses também coincidiam, tanto a maioria deles quanto a Odebrecht queriam estancar a sangria desatada das delações. E acreditavam que Temer ajudaria nisso. Foi a ideia que Temer lhes vendeu. Disse-lhes que poderia controlar o Ministério Público e a Polícia Federal.

Quando a Odebrecht percebeu que poderia até ir à falência se esperasse a ajuda de Temer a ordem foi delatar.

Se a primeira delação está provocando esse reboliço todo, a tendência é piorar com as próximas.

Odebrecht derrubou Dilma e agora está derrubando Temer.

Cada vez mais isolado, mais impopular do que nunca, não tem mais apoio na direita das ruas, nem na imprensa da direita nas ruas e seus aliados do centrão ameaçam boicote.

Talvez os 208 milhões de brasileiros tenham de ficar de joelhos para Temer se convencer de uma coisa.

É melhor ele renunciar já do que ser derrubado logo mais.

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