CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Denise Assis avatar

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

699 artigos

blog

E o palhaço o que é? É ladrão de empregos, PIB e dignidade

"O que Bolsonaro fez naquele momento foi passar a faixa presidencial a um cidadão comum. Colocou o mandato no plano da galhofa", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. "Tudo isto para não assumir o fiasco que é dele e de Paulo Guedes, seu ministro 'mais importante'. Pelo menos do ponto de vista da mídia e do mercado"

(Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia 

Hoje, em a sua já habitual saída para o trabalho, Jair Bolsonaro apareceu acompanhado do humorista Márvio Lucio, contratado para uma performance destinada ao Programa Espetacular, da TV- Record, uma das emissoras “amigas” do presidente da República, Jair Bolsonaro. Cabe a pergunta: quem ali era o palhaço? O humorista contratado, ou o próprio presidente, que atingido pela notícia de um PIB irrisório, na casa de 1,1%, em 2019, abriu mão do seu show diário de ataques à imprensa e cedeu a prerrogativa do cargo para um “figurante”?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Simbolicamente, o que Bolsonaro fez naquele momento foi passar a faixa presidencial a um cidadão comum. Colocou o mandato no plano da galhofa. Abdicou do posto. Abriu mão de sua autoridade, em nome de “carnavalizar” a função, a liturgia do cargo. Tudo isto para não assumir o fiasco que é dele e de Paulo Guedes, seu ministro “mais importante”. Pelo menos do ponto de vista da mídia e do mercado.

Tal como uma criança que aumenta o impacto das suas artes e testa a paciência dos pais, Jair Bolsonaro vai avançando sobre todos nós e sobre as instituições, para saber até onde pode ir. E ele está indo longe demais. Não nos termos do risco de “golpe”, como tem sido rugido pelo seu ministro militar, Augusto Heleno, mas na audácia do que pode destruir, do que pode “avacalhar” e desmoralizar. Alguém precisa avisá-lo de que os palácios de Brasília, colocados à disposição dos presidentes da ocasião, não são “playgrounds”, onde ele sobe, desce, escorrega e chama os “amiguinhos” para brincar.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Há um país a ser governado. Há uma economia afundando num pântano de incompetência, há 12 milhões de desempregados, há vítimas das tragédias do descaso de anos na infraestrutura, (que dois governos petistas não dariam conta de sanar). Enquanto isto, no lugar de distribuir vagas nas escolas, ele distribui “bananas”. Em vez de distribuir oportunidade para os trabalhadores, distribui o seu descaso pelo posto. E o faz para a própria claque disposta a tirar selfies, aplaudi-lo e bancar o seu auditório, relembrando a época áurea do rádio (politicamente incorreta), em que as tietes dos ídolos em questão eram rotuladas de “macacas-de-auditório”.

Fizeram muito bem, desta vez, os repórteres, que à espera de notícias, serviram involuntariamente de plateia para um presidente desrespeitoso, “irreverente” muito além do que seria tolerável. Sem o que foram buscar, as explicações para um desempenho tão pífio, os jornalistas desta vez, finalmente, viraram as costas e deixaram a falar sozinho um presidente que renuncia da sua autoridade, para ser ácido, grotesco, agressivo e ignorante. E o termo aqui, é usado no sentido de que ele ignora a envergadura de suas funções, das tarefas que precisa cumprir, e do zelo que deveria ter pela faixa presidencial. (Como desfilar, sem a sua faixa, na presença de outro que tem uma, inclusive com o brasão da República, bordado na altura do peito?).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Vamos verificar, senhores juristas, se não é o caso de invocar a Lei 5.700, que trata dos símbolos da República Federativa do Brasil. O texto é claro: “a Lei 5.700 não restringe o uso do Brasão por particulares, desde que de forma respeitosa”. E tudo o que não se viu na cena de Bolsonaro “passando a tropa em revista”, ao lado do humorista, foi o brasão bordado na faixa fake, ser usado de forma respeitosa. Com a palavra, os senhores juristas.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO