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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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E o povo, como está? Tá com o coturno do estado no pescoço

Quando assistimos a uma mulher preta, de 51 anos de idade, moradora da periferia de São Paulo e identificada como comerciante, tendo o seu pescoço pisado por um agente de segurança pública, cujo soldo é pago com o dinheiro dos impostos pagos pelo povo, inclusive, pela cidadã que ele agrediu, fazemos a única leitura possível de tal situação: O estado é assassino

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Não são apenas casos isolados, como os negacionistas da opressão policial costumam dizer. São casos e mais casos de abuso de poder, que, quando não são flagrados por alguma câmera subversiva, apenas refletem uma rotina diária de arbitrariedades praticadas sob um modus operandi covarde e criminoso, que parece ter se tornado o padrão de uma instituição que deveria proteger a população.

Quando assistimos a uma mulher preta, de 51 anos de idade, moradora da periferia de São Paulo e identificada como comerciante, tendo o seu pescoço pisado por um agente de segurança pública, cujo soldo é pago com o dinheiro dos impostos pagos pelo povo, inclusive, pela cidadã que ele agrediu, fazemos a única leitura possível de tal situação: O estado é assassino.

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O Estado não é o Policial que a agride, mas o Governador de São Paulo que finge que irá tomar providências contra o crime cometido pelo PM, que age segundo as recomendações de seu comando maior. O estado. O mesmo Dória, que ao assumir o governo, disse que a Polícia, a partir daquele momento, iria atirar para matar. “Ou se rendem ou vão para o chão”, foi uma das frases usadas pelo Governador, para pontuar o seu discurso radical fascista chique. 

Dória é uma espécie de Bolsonaro de banho tomado. Tão fascista quanto, tanto abjeto como. Mas veste Ralph Lauren, varre o sambódromo com tênis de couro de pirarucu e samba com pulôver jogado nos ombros. Os mesmos ombros onde ele carrega a morte de muitos inocentes, vítimas da violência da Polícia que ele comanda. Talvez, Dória ainda seja mais perigoso do que Bolsonaro, pelo fato de omitir seu desprezo pela população, por trás de regras de etiqueta que ele sabe utilizar como poucos na política.

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Porém, Dória faz parte de um esquema muito maior.  Ele é apenas mais um guardião da estrutura social que o estado mantêm desde a colonização. Estrutura essa que deixa bem claro em sua composição, como devem ser tratadas as pessoas das classes mais pobres e menos favorecidas. O pé do policial no pescoço da mulher preta e pobre, que desmaiou por quatro vezes durante a agressão, é a materialização da política opressora que, por essência, deu origem a tal estrutura.

O estado usa a sua polícia, para defender a sua política de sufocamento e estrangulamento social, que provoca sucessivos desmaios existenciais nos mais pobres, nos menos brancos e nas minorias representativas. O policial não está isento de culpa por sua ação, mesmo estando a serviço do estado. Fatores como índole e caráter, se estes forem bons, educação libertadora, consciência de classe e senso de humanidade, podem fazer a diferença.

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Ocorre que o sonho de muitos oprimidos, é se descolar do ambiente que sempre lhes foi desfavorável, para serem vistos como diferentes pela sociedade. A partir daí, tornar-se um opressor pode até nunca ter sido o desejo de alguns, mas acaba sendo uma alternativa de muitos para se libertar do rótulo que o seu meio de origem naturalmente lhe impôs. O sistema consegue fazer um pobre odiar o outro, um preto ter preconceito com outro preto e um oprimido ser opressor de si mesmo.

A farda conquistada acaba se tornando liberdade e cárcere ao mesmo tempo. Com um excludente de ilicitude debaixo do braço e uma falsa sensação de poder que o estado lhes permite desfrutar a seu serviço, esses agentes, a grande maioria de origem pobre, preta e periférica, reproduzem o comportamento dos capitães do mato do tempo do Império. Aceitam agir de forma violenta, porque sempre foram violentados socialmente e não se educaram o suficiente para se libertarem.

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Esquecem-se de suas origens e pisam o pescoço dos mais pobres, porque não têm consciência de classe para perceberem-se igualmente pobres e massa de manobra do sistema. Passam a odiar o que eram até pouco tempo, porque lhes faltam índole e caráter bons, para enxergarem o outro com humanidade e respeito. Ainda que o estado os instrua a enxergar de forma menos digna. Com isso, ele pisa não apenas para cumprir uma ordem. Ele pisa também para se afirmar como alguém que não está mais sob aquele julgo social inferior, pois foi aceito como soldado do estado.

A solução para esse problema, pode ser a desmilitarização da Policia Militar e a perda do status de autoridade constituída. Um Policial não deve ter autoridade ilimitada sobre a população. Ele deve estar sob um estatuto e obedecer regras de conduta que o permita impor a sua autoridade pontual e circunstancialmente. Visto e comprovado, que usam a sua autoridade seletivamente, acuando os mais pobres e se omitindo diante dos mais ricos. O caso do empresário de Alphaville, que chamou um policial de “bosta”, ‘Filho da puta” e “Lixo”, deixa isso bem evidente.

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Imaginem se fosse um preto, pobre e favelado a se dirigir ao policial nesses termos? Não estaria mais aqui para pedir perdão, como o cidadão de bem de Alphaville o fez, e ainda haveria quem justificasse a sua execução, dizendo que se ele tivesse obedecido ao policial, nada teria acontecido. Obedecer é a palavra chave para se manter vivo, quando se é pobre e preto. Obedeçam! Aceitem o flagrante forjado, o gás de pimenta lançado e o joelho dobrado a te sufocar. Aceitem o pisão no pescoço, o cassetete no dorso e a suspeição injusta que sobre você pairar.

Aceitem e obedeçam, sem questionar ou lutar por uma mudança. Assim, tudo continua sob o controle do fascismo “democrático” vigente e a estrutura seguirá usando a polícia para nos manter no chão. Oprimidos, pisados, estrangulados, sufocados, massacrados e dizimados. O Chão sempre será o limite, enquanto permitirmos que a violência se naturalize e a opressão se perpetue.  

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