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Luciana Oliveira

Jornalista de Porto Velho, Rondônia, e membro da Comissão Nacional de Blogueiros

258 artigos

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É para presídios como o Compaj que querem mandar menores

Como foi possível que a população carcerária no Amazonas saltasse de 3.600 detentos para 12 mil nos últimos quatro anos, sem que ninguém se importasse?. No Brasil o aumento da população carcerária foi de 575% em duas décadas e meia, segundo dados do Ministério da Justiça

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Toda vez que ocorre um confronto sangrento em presídios o país reage com assombro, como se do último ao mais recente alguma política preventiva tivesse sido adotada.

A guerra entre facções que resultou em 56 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, seguiu o roteiro de outras: houve alerta por meio de relatório e absoluta omissão por parte do Estado.

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Exatamente como noticiei dias antes da matança que resultou em 27 mortes no Presídio Urso Branco em 2002, em Porto Velho, Rondônia.
Como editora do Jornal Diário da Amazônia interrompi a licença maternidade para ouvir e divulgar o alerta da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto Velho.

O relatório apontava “a superlotação, relatos de torturas, assassinatos de presos por outros internos, ações violentas pela Polícia Militar em tentativa de controlar o presídio” e a iminência de confronto por conta de uma redistribuição de presos nas celas da unidade.

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A matéria foi manchete, mas o governo do estado não fez nada para impedir a chacina e nem a sociedade se preocupou com o aviso de que presos iriam decepar cabeças.

De lá pra cá, seguiram relatos de tortura, superlotação, motins, rebeliões com feridos e mortos no mesmo presídio.

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Quem cai no sistema prisional em Rondônia sai pior do que entrou, porque não há nada que estimule à ressocialização, exatamente como ocorre em todo o país.

Apesar disso, a bancada de Rondônia na Câmara votou maciçamente pela aprovação da redução da maioridade de 18 para 16 anos.

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É para esse ambiente que institucionaliza a barbárie que querem mandar menores que praticam crimes.

Quando a PEC da redução foi aprovada após uma manobra de Eduardo Cunha, chorei de raiva e tristeza.

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Foram 323 votos a favor e 155 contra no primeiro turno e 320 a 152 no segundo.

A mim estava mais do que claro que os parlamentares aprovaram uma mentira, a da ilusão do encarceramento como forma de combate à violência.

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A mim e a mais de 200 entidades governamentais e não governamentais – campanhas, grupos, redes, pastorais, conselhos – ligadas, sobretudo aos direitos da criança, do adolescente e da juventude.

Se simplesmente prender resolvesse o problema da violência, o Brasil que tem a quarta maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia, seria um dos países mais seguros pra se viver.

Mas, se nosso sistema prisional é a prova da incompetência do Estado por absoluta ineficiência, a sociedade brasileira de um modo geral o avaliza.

Eu sei, você sabe, mas prevalece a banalização do mal.

Como foi possível que a população carcerária no Amazonas saltasse de 3.600 detentos para 12 mil nos últimos quatro anos, sem que ninguém se importasse?

No Brasil o aumento da população carcerária foi de 575% em duas décadas e meia, segundo dados do Ministério da Justiça.

Quando soube do banho de sangue em Manaus, escrevi numa rede social: quer ver como logo vai aparecer alguém dizendo que achou foi pouco?

E, em segundos, alguém respondeu: “bandido bom é bandido morto por bandido”.

Por ação, omissão ou estímulo à barbárie, quem escapa de ser tachado como bandido?

“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar “, disse Martin Luther King na Carta da Prisão de Birmingham”

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