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Jeferson Miola

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É preciso investigar eventual conexão da Lava Jato com plano da cúpula militar

"A trajetória de atuação da Lava Jato, além de não dissentir dos interesses da cúpula das Forças Armadas, sempre correspondeu ao que hoje se constata ser o programa executado pelo governo militar", escreve o colunista Jeferson Miola

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Por Jeferson Miola

Para o êxito do plano secreto da cúpula militar, a prisão do Lula e o impedimento da candidatura presidencial dele em 2018 era fundamental. Lula atrapalharia o plano deles regressarem ao poder “pela via democrática” com Bolsonaro [sic].

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O twitter do Alto-comando do Exército [3 de abril de 2018] emparedando o STF para manter a ordem farsesca de prisão do Lula significou, neste sentido, arrojado apoio político da cúpula militar ao então juiz Sérgio Moro e ao bando da Lava Jato.

Aquela sinalização também reforçou a posição dos ministros lavajatistas do STF: Fachin [“Aha, uhu, é nosso!”], Fux [“we trust!”] e Barroso [“vale por 100 PGRs”].

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Registros mostram como o general-conspirador Villas Bôas [e outros generais também] se empenha em expressar, sempre que pode, reverência e reconhecimento do Exército a Moro.

Em 19 de abril de 2017, dia do Exército, Moro foi agraciado em cerimônia no Planalto com a medalha da Ordem do Mérito Militar, “condecoração criada para galardoar militares, civis e instituições, nacionais ou estrangeiros, que tenham prestado serviços relevantes à nação brasileira, especialmente ao Exército Brasileiro”.

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Nem com auxílio de lupa se consegue enxergar quais “serviços relevantes” Moro teria prestado à nação brasileira, embora seja deduzível, hoje, que ele os tenha prestado “especialmente ao Exército”, a partir da perseguição obsessiva a Lula e ao PT.

No discurso de despedida do comando do Exército, em 11/1/2019, Villas Bôas elogiou Moro como uma das três personalidades que “destacaram-se para que o ‘Rio da História’ voltasse ao seu curso normal. O Brasil muito lhes deve” [sic], discursou. Em outras palavras, homenageou o êxito do Moro em tirar Lula do curso do “Rio da História” do Brasil.

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Mesmo com as reportagens da Vaza Jato/Intercept expondo Moro como il capo di tutti capi, e mesmo com a desmoralização do ex-juiz corrupto na imprensa mundial, Villas Bôas não deixou de renovar “respeito e confiança no ministro Sérgio Moro” [11/6/2019].

Villas Bôas lamentou a saída do ex-juiz do ministério [24 de abril de 2020], e o elogiou: “uma pessoa que fez história, com base nos princípios éticos, com quem eu me identificava”.

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A trajetória de atuação da Lava Jato, além de não dissentir dos interesses da cúpula das Forças Armadas, sempre correspondeu ao que hoje se constata ser o programa executado pelo governo militar.

A ofensiva da Lava Jato ao projeto estratégico de submarino de propulsão nuclear é exemplo disso. Os militares não só silenciaram, num sinal de aprovação da destruição deste projeto estratégico, como abandonaram o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, o “pai do programa nuclear brasileiro”, à própria sorte: à prisão ilegal pelo Estado de Exceção.

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Com isso, a Lava Jato e as Forças Armadas entregaram à potência imperial não só a soberania nuclear brasileira, mas também um dos principais cérebros mundiais em engenharia nuclear; aquele que durante décadas esteve no centro do desenvolvimento do projeto revolucionário de enriquecimento de urânio através de ultracentrífugas e da propulsão nuclear para submarinos.

Hoje, em contraste com a indiferença das Forças Armadas em relação ao almirante Othon, os militares centralizam no ministério da Defesa a estratégia de defesa do general-ministro da morte Eduardo Pazuello no inquérito que responde por crime de genocídio. Um absurdo!

A devastação da engenharia nacional, a destruição da cadeia de petróleo e gás, a submissão ao comando dos Departamentos de Estado e de Justiça dos EUA, assim como a promiscuidade com as agências de inteligência e de espionagem estadunidenses são propósitos cultivados tanto pela Lava Jato como pelos militares.

Ainda está por ser conhecida a utilidade, para as atuações conspirativas da Lava Jato e da cúpula militar, da espionagem da presidente Dilma e da PETROBRÁS pela NSA/EUA.

A Lava Jato iniciou formalmente seus trabalhos em março de 2014. As bases operacionais, os métodos e as estratégicas da operação, entretanto, foram constituídas nos anos precedentes.

Hoje se sabe, por exemplo, a respeito da instrumentalização das “jornadas de 2013”. Suspeita-se, ainda, de articulações envolvendo instituições brasileiras e estadunidenses, civis e militares, na gestão política daquele caos programado que erodiu o ambiente político nacional.

A PEC 37, por exemplo, que corretamente delimitava a atuação e clarificava os papéis da PF e do MPF em investigações criminais, foi enterrada no Congresso devido à pressão irresistível daquele processo “espontâneo e anônimo” que, curiosamente, teve como desdobramento a atribuição de hiper-poderes a procuradores nos processos criminais. A consequência desta aberração está exposta no conteúdo mafioso das mensagens entre Moro e procuradores.

A convergência ideológica antipetista entre os militares e da Lava Jato pode ser apenas uma eventual coincidência. Mas é preciso se investigar se não existiu, mais além da mera e eventual coincidência ideológica, também uma conexão orgânica, estratégica e operacional da cúpula das Forças Armadas com a “República de Curitiba”.

Afinal, agravará em muito a já complexa realidade se ficar confirmado que a Lava Jato possa ter sido um tentáculo controlado “em pinça” pelo “Partido Militar”.

Mesmo sem sê-lo diretamente, ou seja, mesmo que por enquanto não se consiga comprovar esta conexão, já está muito claro, hoje, que os efeitos gerados pela Lava Jato foram vitais para a concretização do plano militar.

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