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Antonio Nogueira

Poeta e mestre em história social. Autor do livro "O oráculo me seduz ao vácuo" (2020); interessado em marginalidades e discursos afins.

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Efeito Potosí: o nacionalismo que defende banco, não a pátria

“Efeito Potosí” condiz com a tutela do capitalismo central sobre o capitalismo dependente. Hoje, sua aceitação corresponde a colonos subservientes a política-econômica imperialista

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Por Antonio Nogueira

Nas montanhosas regiões bolivianas há um ditado sobre o assalto de suas riquezas promovido pelos europeus que diz respeito a uma espécie de “maldição” oriunda da exploração sobre a prata e consequentemente seu alto custo aos ancestrais da Pátria grande que por lá morreram fruto da mão de obra escrava imposta pela formação dos Estados nacionais do velho mundo desde o século XVI: “vale um Potosí”.

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“Efeito Potosí” condiz com a tutela do capitalismo central sobre o capitalismo dependente. Hoje, sua aceitação corresponde a colonos subservientes a política-econômica imperialista. O “fim” do colonialismo não significa o termino da cultura colonial, que permanece em oligarquias locais para atenderem prontamente a mais valia de seus senhores, formando um “subimperialismo” no capitalismo dependente, que se passa para o mundo distorcidamente como soberano. 

A contemporaneidade do “efeito Potosí” é explicada pelo entreguismo que conserva o colonialismo vivo nas lutas de classes no capitalismo dependente da América latina. Na prática, pode-se evidenciar a direção do capitalismo estrangeiro nos programas distintos dos ex-presidentes bolivianos: Evo Morales e Gonzalo Sánchez de Lozada; o primeiro apresenta um projeto nacionalista e estatizante, enquanto o segundo a imposição da agenda do FMI e Banco mundial, defendida pelas forças armadas a serviço das oligarquias locais (capitalismo dependente) e dos bancos citados (capitalismo central), evidentemente na “guerra do gás” (2003). 

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Lozada ordenou aos entreguistas que fizessem disparos contra manifestantes nacionalistas contrários ao controle do gás e petróleo pelo “Deus mercado”, defendido pelos militares que não hesitaram em atirar. O então presidente, seu vice Carlos Mesa, e as forças armadas em subserviência ao FMI e Banco mundial, foram responsáveis pela morte de pelo menos 70 manifestantes e deixando 400 deles feridos no massacre, o lado nacionalista, vale registrar, estava desarmado. A covardia do então presidente, se completa com renuncia e abandono do país (ou mercado, para Lozada).

Ao ganhar as eleições subsequentes (2005-2019), os tribunais do grande capital (Washington, FMI, Banco mundial) tratam os acertos de Evo como perigosos, a propósito, não mais servia ao Deus mercado e sim ao povo. Estatizar o gás, o petróleo foi tarefa difícil (2006), mas a nacionalização do minério (2012) tornou-se crime de guerra aos bancos. A maior quantidade de índio do planeta (elemento processado a partir de zinco concentrado) encontra-se na Bolívia. A luta de classe deu-se por sua produção: Lozada antes de Evo (2003) entregou a exploração do metal à South American Silver; que teve contrato contestado pelo governo nacionalista. Em 2019, o efeito Potosí se manifestava como golpe para atender o capitalismo central.  A Bolívia de Evo (2006 a 2019) foi um surto desenvolvimentista raro e caro ao capital estrangeiro (fora da Pátria grande); acrescido de um agravante anticapitalista: o nacionalismo. Novos e velhos quadros da direita derrubaram Morales; não por “aliança” entre (Camacho) fascismo e neoliberalismo (Mesa), posto que sejam sistemas siameses que as vezes mudam de veste mas não de essência, a exemplo, as ações da South American Silver, que voltaram a subir no pós-golpe, contando com espancamento e humilhação pública da prefeita Patrícia Arce, de tacarem fogo em colégios eleitorais e atacarem residências de governistas do MAS, além do exílio forçado de Evo.

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Assim como Aécio (2014), o derrotado Mesa exigiu o terceiro turno na marra; por lá, milícias locais atenderam prontamente seu pedido. A agenda ultraconservadora fundamentalista religiosa juntou-se aos interesses de mercado. Aqui o casamento entre Aécio e Globo pariu Bolsonarismo e Lava jato. 

Logo, enquanto houver prata haverá exploração, eis o “efeito Potosí” no capitalismo dependente, não mais mita ou encomienda, distorcer a realidade é mais produtivo ao capital central, a ponto das forças armadas defenderem bancos em detrimento do povo. O imperialismo aguarda acenos golpistas do subimperialismo sem se importar a vestimenta do baile, contando que não seja vermelha. Faço das palavras de Genuíno as minhas: “não nos iludamos com farda ou toga, não teremos um novo Marechal Teixeira Lott”. A propósito, Castelo Branco tomou a faixa presidencial de terno.

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