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Ikaro Chaves

Diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras - AESEL

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EletroGolpe: Áudio vazado revela que Grupo 3G Radar de Lemann manda e desmanda na Eletrobrás

É preciso urgentemente envolver os órgãos de fiscalização e controle para apurar quem de fato manda na companhia de energia

Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles (Foto: Divulgação | Reuters)
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A Reportagem de Alexa Salomão, publicada na Folha de São Paulo de 12/06/2023, com base em gravação de uma reunião interna da empresa, revela que essa estória de que a Eletrobrás é uma Corporation, sem controlador é uma grande mentira.

O modelo de privatização da Eletrobrás se deu em uma operação de aumento de capital que teve como contrapartida a renovação da concessão de 22 hidrelétricas por mais 30 anos pelo regime de Produtor Independente de Energia, a chamada descotização. Ou seja, a Eletrobrás se capitalizaria, emitindo novas ações, para pagar um bônus de outorga de R$ 26,5 bilhões pelo direito de vender a energia de usinas antigas, já amortizadas, como se fosse energia nova, encarecendo a conta de luz do consumidor.

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Nessa complexa operação a União foi proibida de participar e teria capital acionário diluído para menos de 50% das ações ordinárias, com direito a voto. De fato, a participação da União passou de 72% para 43% das ações e por conta disso, a Eletrobrás passou a ser uma empresa privada. A Empresa, portanto, não foi vendida, o que houve foi o aumento do poder dos acionistas minoritários, com a saída do estado da condição de acionista controlador

Porém, havia um problema para os planos dos acionistas minoritários. Com 43% das ações ordinárias, mesmo sem ter o controle formal da companhia, um eventual governo nacionalista poderia exercer influência preponderantemente na empresa. Por isso a lei da privatização já previa que qualquer acionista poderia ter no máximo 10% do poder de voto, independente de quantas ações tivesse. Assim, em manobra escusa e inédita no mundo empresarial, o governo estaria neutralizado.

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Mas por que essa modelagem foi escolhida? Por que simplesmente não foi feito um leilão, com a venda da empresa, como as privatizações clássicas dos anos 90?

Havia dois motivos principais para isso. O primeiro era o preço. Se fosse para comprar uma Eletrobrás toda, com energia descotizada, o valor passaria facilmente dos R$ 100 bilhões. O outro foi que assim, com a pulverização das ações, seria mais fácil para um determinado grupo, ainda que irrelevante do ponto de vista acionário, mas muito bem situado na direção da empresa e com vínculos especiais com o governo Bolsonaro, tomasse de fato, o controle da maior e mais importante empresa do setor elétrico do Brasil.

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O que a matéria da Folha revela é que o grupo 3G Capital, através de sua subsidiária 3G Radar, em conluio com os governos Temer e Bolsonaro, operou todo o processo de privatização, inclusive por dentro da companhia, ocupando posições estratégicas, desde antes da privatização e como resultado do processo, obteve o controle de fato da Eletrobrás, mesmo tendo apenas 0,05% das ações com direito a voto. Não custa lembrar que o grupo 3G e seus sócios estão diretamente envolvidos na quebra das Lojas Americanas e da Light.  

Os oligarcas do grupo 3G, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, apoiaram, ativamente o golpe contra a presidente Dilma e em troca ganharam a Eletrobrás. Indicaram executivos, elaboraram a modelagem que mais lhes favorecia e consumada a privatização passaram a ocupar as principais posições decisórias como a maioria do conselho de administração, incluindo o presidente, o CEO Wilson Pinto e a diretoria financeira.

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A revelação da reportagem da Folha é gravíssima e deita por terra o argumento do mercado contra o pleito do governo Lula de recuperar os direitos políticos da União na gestão da Eletrobrás. O mercado afirma que a Eletrobrás é uma Corporation, sem controlador e que isso foi feito para que nenhum grupo assumisse posição preponderante na gestão da companhia. Porém, a matéria comprova que um determinado grupo econômico, utilizando de suas relações políticas com os governos Temer e Bolsonaro, assumiu, de fato, o controle da Eletrobrás, mesmo tendo uma participação acionária ínfima.

Diante dos fatos, é urgente uma apuração minuciosa do que ocorre nos bastidores da caixa de pandora que é o Conselho de Administração da Eletrobrás. É preciso urgentemente envolver os órgãos de fiscalização e controle para apurar quem de fato manda na companhia. Além disso, para credibilidade das investigações é primordial que todos aqueles citados na referida matéria da Folha de São Paulo sejam imediatamente afastados dos seus cargos.

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