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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Em homenagem à Rádio Nacional da Amazônia, críticas ao desmonte da EBC

(Foto: Tereza Cruvinel)
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A Câmara realizou na manhã desta quarta-feira sessão de homenagem aos 40 anos da Rádio Nacional da Amazônia, uma das emissoras de rádio da EBC, que saiu do ar em março, ao ter equipamentos danificados por um raio. Como a ordem do governo Temer é liquidar com o sistema de comunicação pública gerido pela EBC, os reparos não foram realizados (fizeram agora um “gato” precário), prejudicando os milhões de amazônidas que têm na emissora um importante meio de informação e comunicação interpessoal. A sessão, naturalmente, abriu espaço para críticas ao continuado processo de conversão dos canais públicos em instrumentos de propaganda do governo, com a quebra da sustentabilidade financeira e a deformação de seu marco legal. A iniciativa foi do deputado Jean Willys e demais integrantes da Frentecom,  Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular.

Só quem vive ou conhece bem a Amazônia sabe avaliar o peso do isolamento e da solidão para as pessoas que vivem naquela imensidão, separadas por quilômetros de florestas e rios. Quem desfruta da grande oferta de meios de comunicação proporcionada por diferentes tecnologias urbanas – do celular à internet, passando pelas redes sociais – não pode avaliar a importância que têm para eles um aviso, um recado ou  um pedido de socorro que chegam pelas ondas do radio. 

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O grande vazio de sinal magnético e de comunicação que havia na Amazônia começou a ser quebrado em primeiro de setembro de 1977, com o início das transmissões, em ondas curtas, da Radio Nacional da Amazônia.  Nesta época,  os sinais de rádio que chegavam à região eram apenas os de emissoras estrangeiras, inclusive dos Estados Unidos e da União Soviética.  

A Rádio Nacional da Amazônia alcança, com seu sinal, metade do território nacional e cerca de 60 milhões de pessoas. Antes da paralisação de suas atividades, em março passado, quando os transmissores foram afetados pela queda de um raio, ela alcançava toda a região norte, além de Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e outros estados.

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No governo do presidente Lula, quando eu presidia a EBC, foram feitos investimentos na renovação dos equipamentos de todos os canais operados pela EBC, inclusive no sistema de transmissão da RNA.  Depois do golpe parlamentar, houve a intervenção na EBC, a deformação de seu marco legal, com o fim do Conselho Curador e do mandato do diretor-presidente, o macarthismo contra os oriundos da antiga gestão,  e veio o garroteamento financeiro da empresa.  Com a queda do raio, em março, a RNA saiu do ar.  Como eu disse em minha fala, a emissora, apesar de sua importância, foi mais uma vítima do austericídio, este assassinado de conquistas que vem acontecendo em nome da austeridade.  

Através da Radio Nacional da Amazônia as comunidades da região não apenas recebem informação e um mínimo de entretenimento, mas também divulgam seus valores e sua rica diversidade cultural. Mais que isso, encontram também na Radio Nacional da Amazônia um canal encurtador das grandes distâncias, enviando recados e mensagens que são cruciais para seu cotidiano.

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O programa Ponto de Encontro, por exemplo, ao longo dos anos dedicou-se a ler cartas e mensagens dos habitantes desejosos ou necessitados de avisar um parente que estará chegando, que deve ser buscado no ponto tal, ou pedindo socorro para um doente na margem de um rio, onde precisa ser apanhado por um barco.  Ou então, apenas para mandar lembranças aos parentes e amigos que vivem em outra área da região. Transmitindo das cinco horas da manhã à meia noite, durante 40 anos a emissora  integrou a população e preservou o sentido de cidadania e de pertencimento à nação brasileira, mantendo também a unidade através de nossa língua.

O Jornal da Amazônia, outro programa histórico da emissora, sempre foi ao ar em duas edições diárias,  tratando dos assuntos nacionais e também daqueles que são de interesse específico da região. As ondas da RNA também levavam música e informações sobre saúde, educação e demais serviços de utilidade pública.

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A denúncia do desmonte da EBC, como era inevitável, pontuou todas as falas do evento,  como as dos deputados Jean Willys e Edmilson Rodrigues, a da senadora Vanessa Grazziotin e a de Bia Barbosa, coordenadora do FNDC e do Coletivo Intervozes.

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