Em nome de deus
Todo o discurso que vejo do pessoal da direita, seja homem, mulher, velho ou jovem, político ou esposa de político, o nome de deus vem junto
Não gosto de falar de religião quando escrevo. Já declarei que sou ateu e com isso fica tudo esclarecido. Mas, diante de tanto abuso, de tanto “uso do seu santo nome em vão”, venho a público falar mais uma vez do que eu acho que seja um abuso de religião.
Todo o discurso que vejo do pessoal da direita, seja homem, mulher, velho ou jovem, político ou esposa de político, o nome de deus vem junto. Acabei de ver um dos inúmeros vídeos de Michelle Bolsonaro. Onde ela fala em nome de deus e que a revanche virá. Não sei se deus tem tanto esse espírito vingativo, essa agressividade em defender os próprios princípios. Sempre ouvi falar que deus pregava o amor ao próximo. Essa turma prega o ódio ao próximo. Nenhum discurso fala em paz, em amor, em solidariedade, em empatia. Aliás, a empatia já foi considerada do mal em outro desses discursos. Além disso fica fácil falar em nome de deus. Todos os seus crimes ficam perdoados. Afinal, eu e deus somos chegados.
Em nome de deus Bolsonaro e sua turma pegaram em armas, pregaram a violência, o discurso de ódio. Tentaram um golpe de estado, quebraram as instalações do poder em Brasília e acamparam na porta dos quartéis. Não foi na porta das igrejas ou dos templos. Foi, com a anuência dos militares, na porta dos quartéis onde ficam as armas, os tanques e o espírito bélico tão rejeitado e condenado por Cristo.
Mas é assim que eles vão construindo o eleitorado. Um discurso de ódio feito por quem deveria pregar o amor. Onde está a espírito cristão do bispo Malafaia? Escondido debaixo do banco de seus veículos milionários, ou no bagageiro dos seus aviões que fazem a ponte aérea Rio- Miami carregando o ouro com a malacheia. Onde anda o espírito cristão e amoroso da direita e seus líderes quando com sangue nos olhos anunciam o fim dos tempos, a destruição da família e o juízo final? Aliás, quem estará ali atrás da bancada dos julgadores neste dia tão anunciado. Tenho medo dessa profecia mesmo não acreditando nela.
Queria de fato que este espírito religioso se transformasse em solidariedade, em construção concreta de um Brasil melhor para todos. O amor pode alimentar a energia tão necessária para essa missão. Mas é uma missão feita para os bons e essa turma não é boa. Prestem atenção, quem ainda não prestou, como só o ódio existe nas entrelinhas desses discursos. Não sou cristão, mas meu discurso e minha crença no homem é sempre cheia de amor. E que assim seja.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

