Em nome do pai
"Para domingo, nas principais avenidas das capitais país afora, Bolsonaro espera contar com aquela parcela de 30% de fanáticos e seguidores, que certamente estarão lá, pagando o pato, com suas camisas verde e amarelas. Além desses, na linha de frente, puxando o cordão, vão estar os generais e demais oficiais de pijama, do Clube Militar", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia
Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia - O PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, que conclamou os adeptos para um culto à sua personalidade no domingo, dia 26, não apoia a iniciativa. A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que não participará da manifestação. Ao longo da semana Joice já tinha se pronunciado contra o ato, alegando:
"As manifestações podem afastar aqueles que defendem a aprovação das propostas de Bolsonaro".
Hoje, a sua toada mudou. Preferiu parecer bem-mandada, e disse que o seu não comparecimento se deve a uma orientação do presidente, para os representantes do governo. Segundo ela, Bolsonaro pediu para os ligados ao governo não participarem "justamente porque representam o governo". E se estendeu na justificativa: "Eu sou a boca do presidente dentro do Congresso Nacional, por isso, eu vou seguir a orientação que ele deu aos ministros e representantes do governo", concluiu.
Mais um recuo do presidente. Na semana passada, após ver as ruas de mais de 250 cidades inundadas por dois milhões de estudantes e professores esbravejou, chamou-os de "idiotas úteis" e "imbecis", e convocou, ele próprio, a ida às ruas. Depois de tomar muito cacete da mídia, entendeu que não pegaria bem sair à frente de uma manifestação em nome de si mesmo.
Também a deputada estadual do PSL (SP) Janaína Paschoal ameaçou deixar o partido, caso não parassem as convocações. Para ela, "é um erro os políticos do PSL se envolverem na organização das manifestações pró-governo pouco mais de uma semana após os atos que ocorreram em mais de 250 cidades contra os cortes feitos na Educação".
Chegou mesmo a exibir o seu conhecido estilo dramático, ao tuitar: "Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!".
Para domingo, nas principais avenidas das capitais país afora, Bolsonaro espera contar com aquela parcela de 30% de fanáticos e seguidores, que certamente estarão lá, pagando o pato, com suas camisas verde e amarelas. São eles, e apenas eles, que ainda seguram as pesquisas de aceitação ao seu governo, embora elas só despenquem. Na última, o coeficiente de "ruim" ou "péssimo" (na casa dos 36,2%), já tinha ultrapassado o de "ótimo" ou "bom" (28%).
Além desses, na linha de frente, puxando o cordão, vão estar os generais e demais oficiais de pijama, do Clube Militar. Para esses, a "revolução" (argh) e os "ideais de 1964" são "uma referência onipresente", conforme escreveu Maud Chirio, em seu livro "A Política nos Quartéis – Revoltas e protestos de oficiais na ditadura militar brasileira". E, dando o tom das palavras de ordem, os filhos diletos: 01;02 e 03, que certamente irão lá gritar, em nome do pai. Onde vai reverberar, isto só saberemos na segunda-feira.
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