Em novo depoimento, Delgatti diz que Bolsonaro pediu para ele invadir o sistema do CNJ e desmoralizar a Justiça

Em novo depoimento, o hacker Walter Delgatti Neto disse que foi Bolsonaro quem solicitou que ele invadisse o sistema de justiça, para desmoralizá-lo.

O presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Distrital, Chico Vigilante, perguntou se Bolsonaro sabia que Carla Zambelli havia lhe pedido para inserir um mandado de prisão falso no sistema do CNJ contra Alexandre de Moraes, assinado pelo próprio ministro do STF.

"O ex-presidente da República sabia desse plano de desmoralizar a Justiça brasileira por meio da inclusão desse documento falso no sistema do Conselho Nacional de Justiça?", questionou Vigilante.

"Tanto sabia quanto solicitou que fosse feito", respondeu Delgatti.

"Ele sabia, né?", Vigilante pediu para Delgatti confirmar.

"Tanto sabia quanto solicitou", repetiu o hacker.

"Ele sabia e solicitou. É isso que o senhor está afirmando?", perguntou Vigilante.

Delgatti confirmou mais uma vez balançando a cabeça.

O hacker disse que Bolsonaro pediu também que ele invadisse as urnas eletrônicas e afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid estava presente nessa reunião.

"Tenho informação de que ele (Mauro Cid) confirmará em depoimento à Polícia Federal", afirmou Delgatti.

O depoimento de Delgatti é transmitido pela TV 247.

O depoimento começou com a denúncia de abuso. Preso no Presídio de Araraquara, Delgatti foi colocado diante da câmera de transmissão algemado, embora ao lado estivesse o advogado, Ariovaldo Moreira, que protestou.

Delgatti mostrou as mãos presas pelas algemas. Não havia nenhuma necessidade de seu uso.

Chico Vigilante pediu ao presídio que tirasse as algemas de Delgatti, e foi atendido.

Ao responder a uma pergunta, Delgatti contou que pode provar que Carla Zambelli participou da trama para invadir o sistema do CNJ. Ele disse ter uma conversa com a deputada federal em que a parlamentar confessa que foi ela a responsável pelo texto falso de prisão do ministro Alexandre de Moraes.

“Existe uma conversa minha com a Carla, que ainda não saiu na mídia, em que ela confessa que realmente foi ela”, afirmou.

O relator da CPI, João Hermeto de Oliveira Neto, perguntou se a conversa poderia ser entregue à CPI, e o hacker informou que conversaria com o advogado e responderia depois.