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Igor Fuser

Professor de relações internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC)

22 artigos

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Em tempo de 'fake news', o bom jornalismo se faz mais necessário do que nunca

Nós, jornalistas engajados no projeto Jornalistas pela Democracia, estamos dispostos a assumir nossa parte no desafio da busca da verdade, ocupando com energia nosso lugar na luta de ideias por um país melhor; para isso, pedimos o seu apoio

Em tempo de 'fake news', o bom jornalismo se faz mais necessário do que nunca
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Igor Fuser, para o Jornalistas pela Democracia  - Quantas vezes a gente já ouviu o discurso de que o jornalismo está morrendo, substituído pelos blogueiros e pelas redes sociais?

De acordo com certa visão, muito difundida nos meios acadêmicos e também entre os profissionais da mídia, as plataformas jornalísticas que conhecemos até hoje – jornais, revistas, espaços de informações no rádio, na TV e, inclusive, na própria internet -- se tornaram supérfluas e irrelevantes diante da universalização da internet e das novas possibilidades de difusão de informações em tempo real, por meios eletrônicos de amplo alcance.

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A própria existência de um profissional especializado em apurar informações do interesse público – ou seja, o repórter – estaria em acelerado processo de extinção. Qualquer um pode ocupar o lugar do jornalista, bastando para isso um celular, que também cumpre as funções de filmadora, gravador e máquina fotográfica.

Todo um conjunto de tarefas especializadas que fazem parte do ofício jornalístico – tais como verificar a veracidade das versões apresentadas como fatos, difundir as notícias de forma coerente e compreensível, organizar a apresentação dos fatos a partir de algum critério sobre sua importância e, é claro, interpretar o seu significado – tudo isso se tornou aparentemente ultrapassado, coisa do tempo dos dinossauros.

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No mundo inteiro, os donos das empresas de comunicação fizeram a sua parte para tornar realidade as profecias mais pessimistas sobre o futuro do jornalismo. Movidos pela lógica egoísta do lucro e destituídos de qualquer compromisso social, esses empresários promoveram verdadeiros massacres entre os profissionais da comunicação, com o fechamento de publicações em uma escala epidêmica, demissões em massa, precarização do trabalho nas redações, substituição maciça de jornalistas experientes por estudantes (os "escraviários", mistura de escravos com estagiários).

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O trabalho minucioso de apuração dos fatos, com a verificação realizada de preferência "in loco", deu lugar à simples pesquisa na internet, à cópia mecânica de "press releases" das assessorias de imprensa e, no máximo, a rápidas entrevistas por telefone e por instrumentos digitais como o e-mail e o WhatsApp.

A mídia brasileira agregou a esse processo destrutivo um agravante especialmente nefasto, com o total abandono das regras básicas do bom jornalismo, previstas em seus próprios manuais de redação, em favor de uma conduta partidária de baixíssimo nível, orientada pelo engajamento na campanha política direitista que levou à deposição da presidenta legítima Dilma Rousseff.

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Dessa forma, geraram-se as condições para a vitória eleitoral de um candidato com nítidos traços fascistas e para um brutal retrocesso em todas as esferas da vida brasileira, inclusive as da cultura e a da comunicação.

Foram mais de 15 anos de manchetes produzidas à revelia dos princípios mais elementares da ética, de denúncias veiculadas como se fossem fatos, de calúnias e difamações impunes contra políticos e autoridades de esquerda, contra partidos e movimentos sociais.

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A prática cotidiana, nos jornais, nas revistas e nas redes de rádio estabeleceu como rotina a negação das normas básicas do respeito ao contraditório (o famoso "ouvir os dois lados"), da correção dos erros, do direito de resposta, do pluralismo político mínimo indispensável ao convívio democrático.

A mídia empresarial brasileira mergulhou de cabeça na mais ampla e sistemática manipulação informativa com o objetivo de influir na cena política em proveito das elites privilegiadas, das classes dominantes das quais fazem parte, afinal, os próprios donos dos meios de comunicação.

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Nesse cenário, o jornalismo brasileiro chegou moribundo às eleições presidenciais de 2018. Depauperado, esvaziado, sem ao menos uma sombra do seu prestígio de outrora, incapaz de cumprir sua função primordial – estabelecer a linha de demarcação entre a verdade e a mentira.

Com os grandes meios de comunicação rebaixados a panfletos, ou quase isso, o eleitorado foi às urnas praticamente sem poder contar com a ajuda do jornalismo para refletir sobre a realidade e decidir seu voto com um mínimo de discernimento.

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Restou, é preciso ressaltar, a conduta corajosa dos meios alternativos, entre os quais o Brasil247, e de algumas raras e honrosas exceções no campo midiático empresarial. Muito pouco para enfrentar com sucesso o tsunami da desinformação, da fraude, da mentira mais crua e deslavada que intoxicou o ambiente eleitoral e transformou o exercício democrático do voto em qualquer coisa, menos uma escolha consciente sobre o futuro do país.

As fake news, difundidas em massa pelo WhatsApp e outros instrumentos eletrônicos de comunicação, se mostraram decisivas para os resultados eleitorais, em uma escala que ainda está por ser conhecida na sua totalidade, mas que sem dúvida foi determinante.

Espalhar notícia falsa é crime e os culpados, incluindo aí seus financiadores, patrocinadores e beneficiários, devem ser identificados e punidos, tanto pelo Código Penal quanto pelos mecanismos da Justiça Eleitoral.

Mas isso não basta. Mesmo na hipótese – utópica quando se considera o pesadelo em que se transformou a política brasileira – de que o Poder Judiciário estivesse realmente disposto a combater e a punir os delinquentes da informação, essas medidas ainda seriam insuficientes.

Para enfrentar a mentira, a melhor arma é, sempre, a verdade.

E para que a sociedade tenha acesso à verdade – ou à maior aproximação possível às informações verdadeiras – até agora não se inventou método melhor do que o velho e tão desprestigiado... jornalismo.

O projeto Jornalistas pela Democracia, que reúne um grupo de experientes profissionais da mídia brasileiro (e do qual tenho a honra de fazer parte), está sendo lançado com esse propósito: contribuir para o resgate das boas práticas do jornalismo, a serviço da verdade, da liberdade de expressão e da democracia.

Nessa empreitada, contamos com a sua contribuição, no que estiver ao seu alcance.

Não podemos cultivar a expectativa de que os empresários da comunicação mudem sua conduta e, num lance de mágica, passem a praticar o jornalismo que o povo brasileiro demanda neste momento dramático (algo, aliás, que esses magnatas jamais fizeram). Menos ainda se pode esperar dos anunciantes corporativos, muitos deles envolvidos diretamente na escalada do autoritarismo e da destruição dos direitos dos trabalhadores.

O jornalismo, hoje mais necessário do que nunca, é um instrumento precioso demais para ficar somente nas mãos do grande capital.

Nós, jornalistas engajados no projeto Jornalistas pela Democracia, estamos dispostos a assumir nossa parte no desafio da busca da verdade, ocupando com energia nosso lugar na luta de ideias por um país melhor. Para isso, pedimos o seu apoio.

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