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Wilson Ramos Filho

Jurista, professor e escritor

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Empadas

Não é atacando e destruindo o Ministro Alexandre de Moraes, sem provas, com base em anônimas fontes, que se conseguirá passar a limpo o judiciário brasileiro

Alexandre de Moraes e Viviane Moraes (Foto: Ricardo Stuckert)

Estamos todos indignados com as notícias da existência de um contrato de prestação de serviços jurídicos entre um banco quebrado e o escritório da esposa do Ministro Alexandre de Moraes. Todavia, não sabemos se os valores são efetivamente aqueles noticiados, nem o escopo declarado dessa contratação que parece mesmo ser escandalosa. Ninguém viu esse contrato e quem o descreve não tem credibilidade.

A Lava Jato não teria existido sem jornalistas com pouco apreço pelos fatos e nenhuma vergonha na cara, pois o lavajatismo foi o combustível da lawfare que criou as condições para o Golpe de 2016, para a prisão injusta e sem provas do candidato que esta melhor colocado nas pesquisas em 2018 e para a eleição de Bolsonaro. Nada disso teria acontecido sem o protagonismo da mesma imprensa canalha que agora ataca ministros do STF.

Quando um pastor deputado de extrema direita foi pilhado com quase meio milhão em seu guarda roupa, quando foi encontrada a fita de vídeo usada por Moro para chantagear autoridades, quando foi apreendido o celular do banqueiro escroque com conversas certamente comprometedoras, soou a flauta do lavajatismo na imprensa e dezenas de ratos começaram a sair dos esgotos. E com eles, milhares de baratas até então confinadas nos fétidos desvãos da obscuridade fofoqueira saíram à luz. 

Com essa mais recente infestação do lavajatismo na vida nacional, conduzida pelos mesmos jornalistas que mentiram e manipularam a opinião pública durante o Golpe de 2016, assistimos agora um ataque da mídia corporativa ao STF e ao Ministro Alexandre de Moraes, novamente sem provas. O método é o mesmo. 

Infelizmente parte da esquerda está se permitindo ser tangida por este lavajatismo redivivo, acometida de um moralismo ingênuo que coloca azeitonas na empada dos inimigos da democracia. 

Obviamente se faz absolutamente necessária a criação de um código de ética no judiciário que acabe com a farra dos Congressos, nacionais e internacionais, organizados por parte de seus integrantes ou por associações de magistrados, com a festa das caronas a juízes em jatinhos de réus e de seus advogados, com a advocacia de parentes de Ministros no STF, com a presunção de inexistência de impedimentos e suspeições, com a imoralidade dos orçamentos ilimitados nos tribunais, com o pagamento de penduricalhos, com as safadezas pagas como verbas indenizatórias, com aposentadoria remunerada dos magistrados pegos com baton na cueca e em práticas ilícitas, com a vitalicidade, com as férias de 60 dias no ano, entre tantos absurdos. A imoderação, a volúpia e o apetite desenfreado caracterizam a insaciável magistratura brasileira. 

Acabar com a farra com o dinheiro público no Judiciário é absolutamente necessário. Mas a questão é mais ampla e mais complexa. Talvez seja oportuna a criação de um código de conduta que imponha limites éticos à magistratura em geral, começando pelo Supremo Tribunal Federal. 

A meu ver, não é atacando e destruindo o Ministro Alexandre de Moraes, sem provas, com base em anônimas fontes, que se conseguirá passar a limpo o judiciário brasileiro. Esse é o jogo da extrema direita e dos inimigos da democracia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.