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Jilmar Tatto

Jilmar Tatto é ex-secretário de Mobilidade e Transportes das gestões de Fernando Haddad e Marta Suplicy, foi deputado federal e é secretário Nacional de Comunicação do PT

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Enchentes: por onde surfam Doria e Bruno?

Alagamento em São Paulo (Foto: Agência Brasil)
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“A sensação é de medo e abandono. Ficamos ilhados por cinco horas, sem ter para onde ir. Perdemos carro e o que mais havia em casa”. O depoimento é de uma moradora da Barra Funda, zona oeste da capital, mas remete ao drama sofrido por milhares nas enchentes que atingiram a capital nesta segunda-feira (10). Foram 149 pontos de alagamento e 182 desabamentos ocorridos. Mais do que vítimas da mudança climática que castiga o mundo ou de qualquer possível imprevisibilidade meteorológica, milhares de paulistanos sofrem as consequências da política predatória, neoliberal e privatista do PSDB.

Enquanto os paulistanos amanheciam debaixo d’água, o governador João Doria despertava tranquilamente num hotel cinco estrelas em Dubai, nos Emirados Árabes. Sobrou para o secretário estadual de Meio Ambiente, Marcos Penido, admitir que São Paulo não possui um sistema de drenagem que aguente esses períodos de chuva. Por outro lado, o prefeito Bruno Covas se limitou a colocar a culpa na gestão anterior e no clima.

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Senhor prefeito, o PT saiu da prefeitura em 2016. Além disso, o PSDB – seu partido e de Doria – governam o estado de São Paulo há 25 anos! Estamos falando de um quarto de século.

Do ponto de vista orçamentário, por exemplo, a dupla Doria/Covas promoveu um corte de R$ 156 milhões para drenagem e prevenção de enchentes. Em 2017, por exemplo, o orçamento era de R$ 978 milhões; em 2019, baixou para R$ 807 milhões.

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Aliás, em 2017, Doria já havia remanejado R$ 30 milhões de verba contra enchentes para privatizações. Mais uma prova da marca privatista que mencionei acima.

Na gestão de Fernando Haddad (PT), da qual fiz parte como secretário de Mobilidade e Transportes, os orçamentos para a área de drenagem e combate às enchentes foram de R$ 1,4 bilhão, em 2014; R$ 1,2 bilhão, em 2015; e R$ 1,4 bilhão, em 2016. Se comparados os três primeiros anos da gestão Haddad com os de Covas, a administração tucana reduziu em 54% esse orçamento.

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Também na nossa gestão, foi implantada uma iniciativa inovadora, coordenada pela então vice-prefeita Nádia Campeão, quando foi criado o Comitê Integrado de Prevenção às Chuvas, que era instituído cinco meses antes do período crítico de chuvas. Faziam parte a Defesa Civil, as secretarias de Assistência Social, Mobilidade, Serviços e Obras e subprefeituras que iniciavam ações de prevenção, como a limpeza de piscinões, bocas de lobo, galerias, pequenas obras nos pontos de alagamento registrados no período anterior. Também atuávamos com um gabinete de crise na proteção aos atingidos e com monitoramento contínuo. Ao final dos quatro anos da gestão Haddad, apresentamos aos governos um relatório com grandes obras que deveriam ser feitas para minimizar os problemas das chuvas.

Na administração de Marta Suplicy (2001 – 2005), foi sancionado um projeto de lei do PT que exigia que grandes construções – como o Shopping Center Norte, por exemplo - possuíssem um reservatório para reter a água das chuvas. Isso impedia que tamanho volume de água caísse nas vias e marginais, além de permitir que a água estocada pudesse ser usada posteriormente.

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O governo de Luiza Erundina (1989 – 1993) criou o primeiro piscinão, que, por muito tempo, foi essencial para a drenagem e para redução dos problemas causados pela impermeabilização do solo.

Agora, o paulistano assiste ao desmonte completo de iniciativas essenciais para a redução de danos, como a zeladoria – completamente abandonada - e a coleta seletiva. São duas coisas que impediriam aquele bueiro que insiste em inundar a rua, jorrando água a cada chuva. São serviços básicos que poderiam ajudar a desafogar as bocas de lobo, por exemplo.

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São Paulo é a cidade mais populosa do país e deve ser planejada do ponto de vista da inovação. Já está na hora de serem discutidas medidas que coloquem a capital na direção das chamadas “cidades permeáveis” ou “cidades-esponja”.  

Uma saída é a implantação dos chamados jardins de chuva. Substituir as rotatórias, que são feitas todas de cimento, por grama seria uma das ações, por exemplo. Com isso, parte da água da avenida escoa, alimenta o lençol freático e torna o local permeável. Outra solução passa por medidas de retenção em grandes construções. Mas, claro, estamos falando de estratégias em larga escala que devem ser associadas a um plano macro de drenagem.

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São Paulo não é uma cidade isolada, ela está inserida em uma região metropolitana, dividindo bacias, capacidade de escoamento e, obviamente, os seus grandes problemas.  Assim, as soluções também precisam ser pensadas em uma perspectiva metropolitana, e a prefeitura de São Paulo tem todas as condições de encampar uma iniciativa nesse sentido.  

Precisamos ir além de vontade de política e orçamento. Em tempos de pós-verdade, políticos surfam no descrédito das instituições públicas, dos fatos e da comunidade científica. Nessa leva, aliados de Bolsonaro, Doria e Covas renegam o poder das mudanças climáticas e colocam o país em rota de colisão com o que precisa ser feito. É com Doria e Covas que a população quer discutir saídas para as enchentes? Acredito que não. São Paulo merece mais.

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