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Washington Luiz de Araújo

Jornalista

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Encruzilhadas na ditadura militar

Fui soldado do Exército em plena ditadura militar em São Paulo. Em 1977, passei 11 meses e 16 dias de minha vida na PE – Polícia do Exército, na rua Abílio Soares, Ibirapuera

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Fui soldado do Exército em plena ditadura militar em São Paulo.

Em 1977, passei 11 meses e 16 dias de minha vida na PE – Polícia do Exército, na rua Abílio Soares, Ibirapuera.

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Por meras questões de falta de coordenação motora, fui levado para um grupo de elite no quartel, o PIC – Pelotão de Investigações Criminais.

Vejam só:  Marchava mal, não fazia exercícios direito e fui premiado , indo para um pelotão onde os soldados não “puxavam” guarda, ou seja não faziam sentinelas nas frias madrugadas paulistanas, não utilizavam farda costumeiramente e não tinham o cabelo completamente raspado.

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Era datilógrafo e saía em serviço com uma equipe, principalmente para prender soldados de outros quartéis que estivessem infligindo normas da caserna.

Neste grupo de 20 soldados do PIC, poucos eram de classe média baixa. A maioria era dos chamados “filhinhos de papai”.

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Eu estava entre os menos privilegiados de renda. Eu e mais uns três soldados.

Pois bem, dentre estes um soldado, Paulo Roberto Bassetto Paes,  foi chamado um dia para prestar esclarecimentos no comando.

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Ficamos todos curiosos. O que será que fulano de tal foi fazer junto ao comandante do quartel?

Pois bem, em seguida soubemos: o soldado tinha uma irmã, Márcia Bassetto Paes, estudante da USP que participava de movimento de combate à ditadura. E o meu amigo foi punido quando ela foi presa no final de abril ao distribuir panfletos em fábricas do ABC sobre o Primeiro de Maio.

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Isso mesmo,  por ter uma irmã que se rebelava contra os desmandos da ditadura, meu companheiro de PIC foi saído do pelotão, indo para uma companhia de guardas e passou a fazer sentinela nas frias madrugadas paulistanas, a usar farda todos os dias e a ter o cabelo raspado.  Dignamente.

Recentemente, por estas coisas do destino “faceboquiano”, fiz contato e me tornei amigo de Márcia, irmã daquele soldado que não vejo há 37 anos. Contei a história para ela pelo inbox.  E, surpreso, soube que Paulo nunca contou sobre a punição que recebeu em razão das atividades políticas da irmã que foi presa e barbaramente torturada nos porões da ditadura.

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Márcia teve seu depoimento na CNV – Comissão Nacional da Verdade publicado aqui no Bem Blogado:
http://bemblogado.com.br/site/aporque-nao-queremos-volta-dos-militares/

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