Enfim o entulho está sendo retirado do Alvorada

Enfim, parece que Jair Bolsonaro aceitou, embora com revolta, rancor e melancolia, sua derrota nas eleições presidenciais

Caminhão de mudança chega ao Palácio da Alvorada
Caminhão de mudança chega ao Palácio da Alvorada (Foto: ABr | Reprodução)


Nos últimos dias os jornais têm noticiado as várias idas e vindas de caminhões de mudanças no Palácio da Alvorada.

Enfim, parece que Jair Bolsonaro aceitou, embora com revolta, rancor e melancolia, sua derrota nas eleições presidenciais.

Mas o que impressiona não é a quantidade de presentes que ele recebeu ao longo de 4 anos de mandato, muito pequena se compararmos aos mimos oferecidos ao presidente Lula quando governava. É a qualidade que chama a atenção.

Enquanto Lula possui sob sua guarda uma infinidade de lembranças de importantes mandatários de outros países, dada sua importância no cenário mundial, os presentes que o capitão recebeu se restringem praticamente a obras doadas por admiradores brasileiros que visam reforçar a figura do mito, tão cultivada por ele.

Enquanto o presidente eleito coleciona várias obras de arte de todos os tipos, os mimos de Bolsonaro nada têm a ver com arte. São de um mal gosto extremo.

Não há como não se lembrar de pinguins sobre a geladeira.

Há quadros horrorosos mostrando a família, uma pintura ridícula do artista radicado em Miami, Rogério Brito, uma moto de madeira com rodas tortas e até uma estátua, também de madeira que retrata, pasmem, o presidente.

Não há nada mais vaidoso e feio que esse acervo.

É muito simbólico que esses presentes possuam esse caráter de mal gosto que satisfaz a Bolsonaro e sua família.

Para entender, é preciso analisar o perfil dos doadores.

Os bolsonaristas que consideram o capitão um mito são pessoas que negam obras de arte, livros e toda análise e informação mais séria e aprofundada sobre ele.

São aqueles que perceberam com a eleição do capitão em 2018 a oportunidade da revanche contra a intelectualidade, vista por eles como gente que nada produz de útil em suas salas refrigeradas e ganham muito dinheiro enquanto eles ralam pela sobrevivência.

Os artistas são aqueles que se beneficiam da mamata da Lei Rouanet, escrevem, pintam e compõem coisas incompreensíveis.

Essa visão vai ao encontro do propósito inicial de Bolsonaro, conforme ele próprio revelou, de destruir. A ideia sempre foi a de acabar com tudo que pudesse significar civilização para que, num segundo mandato, ele pudesse edificar sobre os escombros sua maneira autocrática, preconceituosa e cruel de ver o mundo. Por isso, seus ministros se empenharam tanto em fazer exatamente o contrário das políticas públicas próprias de cada ministério.

Enfim o entulho está saindo do palácio e logo mais uma boa faxina deverá ser feita, não faltando sequer os incensos para afugentar de vez toda a maldade que se instalou por lá há 4 anos.

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

O conhecimento liberta. Quero ser membro. Siga-nos no Telegram.

A você que chegou até aqui, agradecemos muito por valorizar nosso conteúdo. Ao contrário da mídia corporativa, o Brasil 247 e a TV 247 se financiam por meio da sua própria comunidade de leitores e telespectadores. Você pode apoiar a TV 247 e o site Brasil 247 de diversas formas. Veja como em brasil247.com/apoio

Apoie o 247

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

Ao vivo na TV 247

Cortes 247