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      Daniel Samam

      Daniel Samam é Músico, Educador e Editor do Blog de Canhota. Está Coordenador do Núcleo Celso Furtado (PT-RJ), está membro do Instituto Casa Grande (ICG) e está membro do Coletivo Nacional de Cultura do Partido dos Trabalhadores (PT).

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      Entre a captura institucional e o fascismo reconfigurado

      Vivemos um tempo em que a aparência democrática esconde uma profunda distorção da soberania popular

      Palácio do Planalto e Congresso Nacional, em Brasília - 18/04/2013 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

      Vivemos um tempo em que a aparência democrática esconde uma profunda distorção da soberania popular. O governo legitimamente eleito se vê cercado por um Parlamento que opera não como caixa de ressonância dos anseios coletivos, mas como gestor paralelo do orçamento da União, movido por interesses corporativos e clientelistas. Em nome de uma governabilidade artificial, o Executivo cede espaço vital — e, com ele, sua capacidade de transformação.

      A isso se soma o ressurgimento de uma lógica autoritária profundamente enraizada na história brasileira. Trata-se de um fascismo à brasileira, que não marcha em botas, mas se veste de moralismo religioso, se disfarça de empreendedorismo e manipula o ressentimento social em nome da “ordem”. Não é uma repetição do passado, mas sua atualização insidiosa: a escravidão reciclada em desigualdade naturalizada; o autoritarismo reencarnado em tecnocracia legislativa; o ódio aos pobres travestido de meritocracia.

      Não se trata apenas de uma crise institucional — é uma crise civilizatória. Quando o Estado se torna presa de bancadas conservadoras e setores que rejeitam qualquer avanço popular, o resultado não é só o engessamento administrativo, mas a construção deliberada de uma alternativa fascista ao sistema político vigente. E essa alternativa se fortalece justamente pela paralisia e pela frustração do povo com a política.

      A história nos ensina que quando se limita o poder do Executivo popular - como fizeram com Jango em 1961 - o passo seguinte costuma ser ainda mais autoritário. E é isso que está em curso. A captura institucional por dentro e o avanço de uma alternativa reacionária por fora.

      Por isso, a tarefa que se coloca aos democratas, progressistas e militantes populares é urgente: é hora de sair da defensiva. Mobilizar consciências. Fortalecer espaços de base. Fazer da esperança um ato organizado. A democracia, hoje, não se defende apenas com discursos: defende-se com ação popular, coragem e projeto nacional.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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