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Cássio Vilela Prado

Escritor

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Entre o caos e a ordem: as oscilações da história

Pensávamos que coisas do arco da velha como o trabalho escravo, o ódio ao diferente, a misoginia, o racismo e os demais atentados aos direitos humanos estariam paulatinamente sendo pulverizados do modus vivendi e operandi da nossa sociedade, embora eles nunca deixaram de existir, entretanto eram mais velados, dissimulados

Manifestação na Paulista em apoio à Lava Jato, 26/03/2017 (Foto: Cássio Vilela Prado)
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Jamais se imaginou que grande parcela da população brasileira tivesse o talento de auto se foder nos aspectos morais, cognitivos, materiais e psicológicos, por escolha própria, como se viu de pouco tempo pra cá. E o que é bem pior, levar consigo toda a nação.

Não é menos verdadeiro que a maioria dos eleitores deste país, o povo mais esclarecido, venceu a dura eleição presidencial em 2014, através do voto democrático, avalizando um programa social mais distributivo, incluindo cidadania, cultura, comida, saúde, educação...

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É inegável que havia corrupção nos governos do PT assim como houve corrupção no governo anterior do PSDB, dos militares, dos romanos, dos gregos e troianos. A diferença, contudo, durante o governo petista, é que havia maior acesso do povo mais simples e da própria classe média ao trabalho, à renda e aos bens e serviços públicos de melhor qualidade. Até parecia que estávamos tornando uma pátria séria e respeitada.

Pensávamos que coisas do arco da velha como o trabalho escravo, o ódio ao diferente, a misoginia, o racismo e os demais atentados aos direitos humanos estariam paulatinamente sendo pulverizados do modus vivendi e operandi da nossa sociedade, embora eles nunca deixaram de existir, entretanto eram mais velados, dissimulados, apesar da classe média manter as suas narinas tapadas e os olhos semifechados nos shoppings, aeroportos, praias, cinemas, teatros… Nunca o povo brasileiro comprou tantos carros, imóveis, eletrodomésticos…

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É incontestável que o PT (Partido dos Trabalhadores) errou muito em diversas direções, desvinculando-se de suas bases de origem, sobretudo em sua aliança com segmentos da elite desse país, eminentemente com a parasitária escória financista, vendedora de dinheiro ao preço exorbitante através do setor bancário e detentora dos títulos da dívida pública.

Durante a campanha presidencial de 2014, a classe média brasileira, capitaneada subjetivamente pela elite brasileira (capitalistas de grosso calibre) desde a fundação do Brasil, não suportava mais conviver com a sua já visível (e risível) ‘spaltung’ (cisão mental). O ‘reprimido’ não só se exalou pelas suas grossas narinas e pelos seus olhos arregalados mas também pela boca, pelo rabo e pelo seu fétido suor escorrido em praça pública, disfarçados nas cores verde-amarelas de brasileiros autênticos, detentores da moral civilizada e proprietários exclusivos e naturais da Ilha de Vera Cruz.

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Curioso também é lembrar daqueles estranhos movimentos de rua em meados do ano de 2013 nos quais não havia uma demanda clara, mas multifacetada. Havia uma explosão de desejos inconscientes travestidos de um anarquismo depredatório, vago, niilista.

Todavia, brilhantemente, esse movimento foi explorado, utilizado e muito bem canalizado pela direita brasileira, direcionando-o emocionalmente contra o PT e o Estado Democrático de Direito, em forma de ódio injustificado como foi visto na campanha presidencial de 2014 e que vem recrudescendo-se com as lenhas imorais da ultradireita brasileira sob o iminente ‘epitáfio’ (se Deus quiser) de Bolsonaro, Kim Kataguiri, Alexandre Frota e outras figuras obscenas e imundas do cenário sociopolítico, coisas que também imaginávamos que estariam banidas de nossa pátria.

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Embora estejamos no mais completo caos ético, em que o império da barbárie insiste em permanecer, nada que a História da Humanidade não mostre em seus vastos registros temporais e atemporais. É importante lembrar que sempre fomos regidos pela dubiedade de Eros x Thanatos. Pulsão de morte x pulsão de vida, entendendo a pulsão de morte (a destruição) também como reconfiguradora da vida, muito bem trabalhada na metáfora do filósofo húngaro, Peter Pál Pelbart (1956), abaixo:

Desde a antiguidade grega o caos tem para nós uma função dupla. Ora significa ameaça de uma desordem devastadora, com fundo ou sem fundo, na qual corremos o risco de soçobrar. Ora justamente o contrário: é uma potência de reconfiguração do mundo. Aliás, uma das mais belas versões sobre a feitura do mundo é justamente essa, mencionada por Platão. É uma versão que faz do caos um componente do mundo. A versão é simplíssima. Quando o Demiurgo resolveu fazer o mundo, usou dois ingredientes que já existiam e os misturou. E quais são eles? O Mesmo e o Outro. Depois quem quiser pode tentar essa fórmula em casa. Um pouco de Mesmo, um pouco de Outro. Mas ocorreu um acidente. Quando o mundo parecia ter adquirido alguma estabilidade, o Outro escapuliu. Porque é da natureza do Outro tornar tudo aquilo que é de um certo jeito de outro jeito. Ele é um capeta indomável, é um pequeno demônio. E o Demiurgo sentiu muita dificuldade para conter o Outro, para acuar o Outro, a fim de conseguir que o mundo tivesse um mínimo de ordenação. Alguns dizem que ele, Demiurgo, sim, conseguiu acuar o Outro e por isso o mundo é essa mesmice que conhecemos. Outros acham que aquela vitória foi provisória, porque o Outro acabou tomando a revanche e o mundo virou esse caos que todos nós conhecemos”. (Peter Pál Pelbart, Esquizoanalista - Conferência - Caderno Saúde Mental - ESPMG BH/2007).

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Atualmente estamos ameaçados pelo mais completo caos através de políticos, juízes, bandidos e saqueadores da pior espécie, mas Demiurgo já está com as mangas arregaçadas.

Não percamos a esperança nem a potência vital, é hora de engrossar a fileira ao lado de Demiurgo e lutar mais uma vez contra o efêmero e histórico caos destruidor que assolou o nosso Brasil.

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