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Mateus Mendes de Souza

Bacharel em Geografia pela UFF e mestrando em Ciência Política – Política Mundial pela UniRio, professor da rede municipal de Duque de Caxias e diretor do Sepe-Duque de Caxias

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Entre semelhanças e variações

Esse conjunto de táticas de desestabilização, mobilização e mudança de regime já foi experimentado com sucesso em mais de uma dezena Estados, entre eles, o Brasil

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A atitude impopular das autoridades municipais revoltou a população, que, aos milhares, passou a ocupar as ruas em protesto. Estimuladas pela mídia, que há muito se portava como partido de oposição, as manifestações espontâneas foram num crescente até que eram quase que permanentes e contavam com centenas de milhares. Inicialmente, a pauta dos protestos era circunscrita a demandas municipais, mas logo tomaram corpo e foram nacionalizadas. Em pouco tempo, um regime de quase trinta anos seria interrompido.

Enquanto a mídia estimulava a desestabilização do governo, as crises política e econômica se misturavam e se alimentavam, num círculo vicioso de contaminação. Vislumbrando a possibilidade de que a candidatura governista não conseguiria ganhar a eleição, as oligarquias começaram a abandonar o governo do qual vinham sendo sócias bem remuneradas.

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A dificuldade de perceber que um golpe estava em curso se devia basicamente a duas razões. A demanda era real, estava amplificada, mas era real. Há que se observar também que a pauta dos manifestantes foi ficando tão ampla e genérica que transformava os que se opunham às manifestações em seres humanos de segunda categoria ou defensores cegos do governo. Isso lhe dava aderência em um amplo espectro dos setores organizados da sociedade. Por outro, as instituições preservavam uma aparência de normalidade, apesar do fato de que algumas estavam excedendo seu escopo original e outras estavam se omitindo ou se esquivando de suas funções constitucionais.

E chegam as eleições. O governo está fragilizado. Sua base social está rachada. Antigos aliados agora estão na oposição e sobre outros paira uma enorme dúvida quanto à fidelidade. Ambiente propício a traições e mudanças repentinas de lado.

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O governo sai vitorioso. As oposições não acreditam. Pior, não aceitam. Questionam a legitimidade do pleito. Depois partem para a sabotagem: o Legislativo se fecha e se recusa a cooperar com o Executivo para a superação da crise.

A campanha midiática não para. Pelo contrário, cada vez mais os veículos de informação, especialmente a emissora de televisão campeã de audiência, adotam o discurso de que o governo não tem condições de se manter.

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Instituições são instadas a debelar a crise. Mas as pessoas que lá estão se recusam a cumprir seu dever.

Nas ruas, cada vez mais pessoas pedem pela interrupção do governo, que acaba caindo.

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Aos poucos, vai ficando evidente que a crise foi estimulada e aprofundada por uma articulação entre setores nacionais e estrangeiros, estes situados nos Estados Unidos e Europa Ocidental. ONGs e think tanks especializadas em estimular manifestações pacíficas com o objetivo de derrubar governos, que por alguma razão não contavam com o apoio das potências centrais do capitalismo, deixaram um rastro de atuação que não pôde ser encoberto. Esse trabalho se dava desde a formação de quadros, militantes profissionais, até o financiamento desses militantes e seus grupos, passando pela propagação sistemática de ideias que minaram a estabilidade do governo, além do patrocínio de veículos de comunicação que fazem propaganda disfarçada de jornalismo.

Como retorno do investimento, os grupos estrangeiros ganham de presente um governo submisso. A inflexão nas políticas interna e externa funciona como um mimo para os seus beneméritos.

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Embora os eventos listados possam contar de modo grosseiro o mais recente golpe de Estado vivido no Brasil, esses fatos não ocorreram (só) no Brasil. São recortes da história recente de vários países bem distantes. Não se trata de compor uma colcha de retalhos para explicar os acontecimentos brasileiros. Tampouco uma tentativa de arrumar algo para preencher o vazio existencial decorrente da necessidade humana por uma explicação (qualquer explicação!) para a pergunta que mais perturba todos aqueles que viram um projeto nacional, construído lentamente e com muita luta, ser desmoronado para ver em seu lugar retrocedermos décadas em poucos meses: o que aconteceu?

Afinal, foi tudo tão rápido, tão espontâneo, tão violento embora não se tenha usado a força em nenhum momento. Foi tão inexplicável. Afinal, o ataque veio de tantos lugares diferentes, convenceu tanta gente. Quando tudo começou, parecia que chegaríamos a um Brasil ainda melhor do que aquele que vinha sendo construído nos últimos anos e que aquela pressão era necessária para dar o salto de qualidade sem o qual não veríamos o país de nossos sonhos se materializar.

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Sim, foi rápido. Sim, foi violento. Sim, foi um ataque em várias frentes. Mas não, não foi espontâneo nem inexplicável. Embora houvesse quem tenha avisado que era um golpe, muitos não pensaram assim e acreditavam que no final teríamos um país melhor. Muita gente de esquerda e qualificada acreditava, quando tudo começou, em junho de 2013, que o final seria feliz.

Rapidez, multidimensionalidade, aparente espontaneidade, não uso de violência física, respeito à legalidade e promessa de uma virada para melhor seguida de uma piora generalizada. Essas são as características de um dos fenômenos mais importantes da política internacional atual. Qual o nome desse fenômeno? Revoluções coloridas. Esse conjunto de táticas de desestabilização, mobilização e mudança de regime já foi experimentado com sucesso em mais de uma dezena Estados, entre eles, o Brasil.

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